5º dia – ARRONE a RIETI - 33 quilômetros 

5º dia – ARRONE a RIETI - 33 quilômetros

É inerente a toda intenção e a todo desejo o mecanismo da sua realização.” (Deepak Chopra) 

O clima seguiu frio, chuvoso, escuro e a forte garoa que caiu à tarde sobre Arrone prosseguiu noite adentro.

Assim, às 5 h da manhã quando me levantei, pude observar que o panorama não se modificara, pois a chuva prosseguia caindo em forma de grossa e intermitente garoa e a previsão meteorológica que consultei diversas vezes, confirmava que isto prosseguiria pelo resto do dia.

Observando o traçado dos locais por onde eu caminharia, pude comprovar que logo na saída eu enfrentaria um ríspido e prolongado ascenso, por uma estrava vicinal asfaltada e sem acostamento.

O trajeto prosseguiria, depois, pelo interior matoso de uma grande reserva de mata natural onde, inferi, eu encontraria trilhas embarreadas e escorregadias.

Novamente, com o coração condoído, resolvi abortar o percurso do dia, em vista dos riscos envolvidos, aliado ao fato de que a jornada seria de grande extensão.

Para me acalmar, lembrei de um Mandamento Peregrino que assim diz: “O peregrino caminha o quanto pode, não o quanto quer. Faça o seu caminho no seu ritmo e sem correr riscos desnecessários.”

Diante disso, mais uma vez, desisti de caminhar nesse dia e, isto decidido, dei conhecimento à Cristina, que também seguiria numa condução já contratada no dia anterior.

Assim, às 10 h embarcamos num táxi que, uma hora mais tarde, nos deixou na periferia da cidade de Rieti, nosso local de pernoite nesse dia.

Derradeira visão do Castelo de Arrone, sob chuva nesse dia.

Próximo de Rieti há um local onde no início da primavera de 1223, Francisco buscaria refúgio numa fenda, no verdejante eremitério de Fonte Colombo.

Foi nesse lugar que ele passou os quarenta dias da Quaresma, buscando inspiração divina para escrever a Regra definitiva da sua ordem.

Ao entrarmos na gruta estreita, sinalizada apenas por uma tosca cruz de madeira, nos sentimos como se estivéssemos pisando em solo sagrado.

Ali não há nada para distrair nossa atenção, nenhum lugar onde possamos ir, nada para olhar exceto o estonteante paredão, que se descortina através de uma abertura na rocha, podendo-se sentir a presença de Francisco, neste extraordinário isolamento.

Estátua que homenageia Francisco, situada defronte à Catedral de Rieti. 

Considerada pelos autores da idade clássica, o centro geográfico da Itália (“Umbilicus Italiae”), Rieti nasceu na fértil “Piana Reatina”, nas encostas do Monte Terminillo, junto às margens do rio Velino, em um rico território aquoso, que fornece à capital uma grande parte da água potável de que ela necessita.

De origens ainda mais antiga que Roma, foi fundada no começo da Idade do Ferro e se tornou uma importante cidade dos sabinos.

Foi conquistada pelos romanos em 290 a.C e, após a queda do império, pelos visigodos, depois, pelos lombardos, foi gastaldato no ducado de Spoleto.

Outrora, parte dos Estados Papais constituiu um território de fronteira com o Reino de Nápoles e no século XIII era frequentemente a sede papal.

Após a anexação em 1860, ao Reino da Itália, foi agregada à província de Perugia, na Úmbria, até que em 1927, a província de Rieti foi restabelecida, passando a pertencer ao Lazio.

É caracterizada por verões quentes e invernos com temperaturas noturnas, muitas vezes abaixo de zero.

A beleza da paisagem e a tranquilidade dos lugares fazem dela um lugar habitável e um destino favorito para muitos turistas, especialmente da vizinha Roma.

O centro da cidade repousa sobre uma pequena colina, comandando uma vasta planície no extremo sul de um antigo lago, que agora tornou-se uma imensa área fertilizada pelo rio Velino, que corta a cidade.

Rieti era originalmente o principal ponto da nação Sabine e após ser conquistada pelo romano Marco Curio, no final do século III a.C, tornou-se ponto estratégico na rede rodoviária italiana, dominando a “faixa do sal”, conhecida como a via Salária, que ligava Roma ao mar Adriático, passando pelos Apeninos.

Sua imponente muralha medieval, que ainda permanece intacta, serve de quartel general da polícia local.

Possui, atualmente, cerca de 47 mil habitantes.

A belíssima Catedral de Rieti, do ano 1.100.

Local que assinala o Centro Geográfico da Itália, em Rieti.

A porta Romana, situada na entrada sul da cidade. 

Ruínas de uma ponte romana sobre o rio Velino.

O Vale de Rieti é uma região com belezas naturais e clima agradável.

Em razão da acolhida calorosa que Francisco recebeu neste lugar, não é de estranhar que tenha passado muito mais tempo nesta região do que na de Assis.

Aqui, no que hoje é conhecido como o “Vale Sagrado de Rieti”, Francisco estabeleceria cinco eremitérios, quatro dos quais ainda existem.

Por sinal, Francisco foi cercado pela multidão quando chegou a Rieti, em julho de 1225.

Muitas pessoas, incluindo membros da corte papal, já o tinham como santo e se acotovelavam para chegar perto dele e tocá-lo.

No final da vida Francisco seria constantemente perseguido por devotos em busca de alguma graça.

Brindando nossa chegada a Rieti.

RESUMO DO DIA - Clima: Chuvoso no início, depois, nublado, variando a temperatura entre 7 e 14 graus.

Pernoite: Hotel Europa - Cêntrico – Apartamento individual - Preço: 35 Euros.

Almoço: na Cantina Centro da Itália - Preço: 15 Euros.

AVALIAÇÃO PESSOAL – Seria, se eu tivesse caminhado, outra jornada de grande extensão, agravada pelo clima chuvoso, que, certamente, deixara as trilhas extremamente escorregadias. Uma grande parte do trajeto seria pelo interior de mata nativa, situada dentro de uma grande Reserva Natural, mas na parte final, aproximadamente, 10 quilômetros, eu caminharia por estradas vicinais asfaltadas e sem acostamento. No global, seria uma etapa difícil e, acredito, face ao péssimo clima reinante e aos riscos inerentes, eu fiz muito bem em desistir de caminhar nesse dia também.