6º dia: UBAÍRA ao PROJETO SEMENTE – 19 quilômetros

6º dia: UBAÍRA ao PROJETO SEMENTE – 19 quilômetros

Uma vez que as guerras nascem no espírito dos homens, é no espírito dos homens que se devem erguer as defesas da paz”. (Archibald McLeish)

Projeto Semente – 495 metros de altitude. Final do Caminho da Paz.

Contato: Zé Filho, Jonas ou Nalva.

De Ubaíra ao Projeto Semente são 19 quilômetros. Saindo do Hotel de Dona Lúcia, você atravessa quase toda a cidade em direção ao Riacho de Areia.

Aproximadamente no quilômetro 9, você deixa a estrada principal, e entra à sua direita.

Ponto de apoio no quilômetro 10, casa de Dona Judite. A partir desse ponto, muita atenção nas setas. Trecho com dificuldades na marcação.

Chegando ao Projeto Semente, reserve um bom tempo para meditar. Momento de avaliar sua jornada.

(Transcrito do folheto informativo que o peregrino recebe na Pousada do Bosque, em Amargosa, início do Caminho)

A jornada não seria longa e, em termos de aclividade, um taxista com quem conversei, disse que a etapa teria poucas alterações.

Nós pretendíamos retornar a tempo de almoçar em Ubaíra, assim, pedimos para tomar o café às 5 h 30 min, no que fomos prontamente atendidos.

Animados e praticamente sem peso para carregar, pois levamos apenas uma mochila de ataque, contendo água e lanche, iniciamos nossa aventura, quando o sino da igreja matriz badalava 6 horas.

Seguimos em direção ao centro da cidade e ali, num poste, localizamos a primeira flecha do dia.

Trecho urbano, em direção ao Riacho de Areia.

Prosseguimos cortando bairros periféricos, tendo como referencial o Riacho de Areia.

Início da estrada de terra.

Depois de aproximadamente uns 2 quilômetros, o calçamento se findou e adentramos em larga estrada de terra.

No entorno, uma grande nebulosidade deixava a paisagem opaca e sem vida.

Estrada plana, com muita neblina no entorno.

O caminho sempre plano nos levou a transitar entre um haras e diversas fazendas de gado leiteiro.

Graciosa cachoeirinha.

Em determinado ponto, paramos para fotografar uma graciosa cachoeirinha, que descaia num ribeirão e corria do lado da estrada.

Lentamente, com o sol raiando, pudemos visualizar cenários espetaculares, por onde iríamos transitar.

Muita névoa no horizonte. Caminho belíssimo!

Em alguns locais, inúmeros pés de coqueiros davam vida ao ambiente, pois neles havia intensa movimentação de maritacas.

Paisagem belíssima, à minha retaguarda.

O entorno prosseguia maravilhoso, com florestas cobrindo os morros que nos ladeavam.

Tudo é muito verde nesse trecho.

À nossa frente, pastagens intermináveis abrigavam rebanhos de gado leiteiro.

Fazenda Boa Vista, como o próprio nome diz...

Levamos um bom tempo ladeando a belíssima Fazenda Bela Vista, que possui um grande lago diante de sua sede.

Sede da belíssima Fazenda Boa Vista.

Finalmente, nove quilômetros percorridos, encontramos uma bifurcação e, seguindo a sinalização, deixamos a estrada principal para adentrar, à direita, em forte ascenso, num trilho rústico, em meio a imensas pastagens.

Nesse local, seguimos à direita, em forte ascenso.

A paisagem que se descortinava pelo nosso lado direito se mostrava soberba, mostrando o local por onde viéramos caminhando.

Em ascensão, observando meu lado direito, foi fácil identificar a estrada por onde viéramos caminhando, bem como o lago da Fazenda Bela Vista.

O caminho prosseguiu retilíneo e deserto, mas sempre em forte aclividade.

Caminho retilíneo e em ascenso.

Finalmente, quando atingimos o topo do morro, flechas pintadas em árvores, nos indicavam que deveríamos seguir à esquerda.

As flechas, no tronco da árvore, sinalizam que devemos seguir em frente.

Então, iniciou-se forte descenso, por um caminho liso e, em determinados locais, com excrementos bovinos.

Dali detínhamos uma visão de todo o horizonte, pleno de verde e matas, em toda a sua extensão.

O caminho segue abaixo, em direção à casinha branca.

Também era possível localizar uma casinha branca, local onde reside Dona Judite, o derradeiro ponto de apoio nessa jornada.

A partir desse marco não encontraríamos mais moradores nos locais por onde iríamos transitar.

O caminho segue em direção à casa de Dona Judite, derradeiro ponto de apoio nessa etapa.

Quando ali chegamos, a Marlene bateu palmas insistentemente, na expectativa de conseguirmos água, quiçá, uma xícara de café.

Todavia, ninguém apareceu para nos atender, sinal de que as pessoas estavam na cidade ou trabalhando no campo.

A previsão meteorológica indicava sol para esse dia, mas, inopinadamente, fomos surpreendidos por forte pancada de chuva.

Trecho sequente, com muito barro e por pastagens.

Sem titubear, vestimos nossas capas protetoras e prosseguimos em frente.

Um entorno silencioso e magnífico.

A sequência foi por caminhos desertos, quase sempre localizados em meio à infindáveis pastagens, onde o verde era a tônica.

Apesar da dificuldade em sinalizar esse roteiro, por conta de existirem poucos pontos de referências, praticamente não tivemos dúvida em nosso percurso.

Em determinado trecho, a trilha se tornou matosa e não conseguíamos visualizar com precisão onde estávamos colocando nossos pés.

Nesse trecho matoso e perigoso, a Marlene segue à frente.

Isso me preocupou muito, pois um buraco escondido ou uma cobra dormitando poderiam infringir sérios danos a nossa saúde.

A Marlene seguia uns 100 metros a minha frente e na borda de uma mata estacou assustada.

Esse rebanho veio nos dar boas vindas.

Quando ali cheguei, pude ver o motivo de sua indecisão em seguir adiante: uma manada de reses vinha em nossa direção, certamente pensando que trazíamos comida para alimentá-los.

Fizeram uma grande volta e foram em direção aos cochos onde são colocados sal grosso.

Caminho situado entre a cerca e a mata nativa.

Aproveitamos esse momento para prosseguir rapidamente e logo deixávamos o pasto por onde viéramos caminhando.

Adentramos outra estrada de terra que seguia em meio à cerca e uma bela mata nativa.

Depois retornamos aos pastos.

Mais acima, voltamos a transitar em campo aberto e, observando à frente, nada víamos além do verde sem fim, representado pelas pastagens e pequenos bosques, de onde sobressaiam árvores de grande porte.

Vista infinita, plena de verde em todas as direções.

Já descendo por úmida trilha, podíamos ver, no morro em frente, a estrada desenhada na borda da montanha, local por onde iríamos transitar na sequência.

Caminho em descenso, prossegue pelo outro lado da montanha.

Nesse trecho o caminho se mostrou terrivelmente lameado e seguimos com dificuldade para manter o equilíbrio, mormente minha parceira, que calçava um par de tênis.

Um trecho difícil, muito barro no caminho.

O barro tolhia nossos movimentos e meus pés pareciam pesar toneladas.

Amassar barro também faz parte da rotina do peregrino. (Créditos: Marlene Araújo Arruda)

Apesar desses óbices, prosseguimos bravamente em frente, e após várias voltas e o encontro com outro rebanho leiteiro, finalmente alcançamos a estrada municipal, que segue em direção à Ubaíra.

Estrada municipal, em direção ao Projeto Semente.

Prosseguimos, ainda, por uns dois quilômetros aproximadamente, até atingir, finalmente, a entrada da Pousada Ecológica e Projeto Semente, nossa meta para aquele dia.

Chegando ao Projeto Semente, final do sexto dia. Última seta do Caminho da Paz.

Um cartaz pregado no muro fronteiriço, contendo uma seta amarela, dizia ser aquela a derradeira flecha do Caminho da Paz.

No interior da Pousada e Projeto Semente, primeiramente, uma homenagem aos meus pés, pois foram eles que me trouxeram até aqui.

Ali, fomos muito bem recebidos pelo Zé Filho, o responsável pelo atendimento aos peregrinos, na ausência do Dr. Presidio.

Interior da Pousada e Projeto Semente, tudo muito bem arrumado e edificado, 

Calmamente, ele nos mostrou todas as instalações ali existentes, desde os apartamentos destinados aos hóspedes, até a horta comunitária, o lago e um belo templo, onde existe um espaço destinado à meditação.

Tocando o sino, final da jornada!

Felizes, a Marlene e eu, posamos para uma foto, como forma de comemorar nosso aporte, sem maiores intercorrências, àquele esplêndido local.

Interior da Pousada e Projeto Semente, entorno belíssimo!

Foi-nos servido graciosamente refrescante suco de laranja e lanche.

Lago e pedalinhos.

Em seguida, o Zé carimbou nossas credenciais e nos presenteou com o Certificado de Conclusão do Caminho da Paz.

Nós havíamos contratado, por R$60,00, o táxi do Sr. Emílio (Milinho) para nosso retorno à cidade, e ele chegou no horário combinado.

Com o Zé Filho, nos despedindo do local. (Créditos: Marlene Araújo Arruda)

Assim, após fraternas despedidas, embarcamos em seu veículo e, 40 minutos depois, já estávamos de volta ao Hotel de Dona Lúcia.

Após o necessário banho e lavagem das roupas, que estavam todas sujas de barro, fomos almoçar novamente no Restaurante Dona Angélica.

PROJETO SEMENTE

Interior da Pousada e Projeto Semente: ponte sobre o riozinho.

O Projeto Semente oferece, além de muita área verde para contemplação e relaxamento, também um espaço físico com acomodações simples e confortáveis.

São elas: 1 chalé, 4 apartamentos para casal, 7 apartamentos para até 4 pessoas, 1 apartamento para até 6 pessoas, piscina, sauna, parquinho, salão de jogos, campinho de futebol e vôlei, sala de leitura, templo para meditação, lagos, jardins e muitas redes para deitar.

Acesso ao mirante.

Turismo Ecológico é um dos pontos fortes do Projeto Semente.

O Projeto Semente está aberto durante todo o ano e atende qualquer público: escolas, empresas, turistas, grupos terapêuticos, peregrinos, etc...

A consciência ecológica através do contato bem próximo com a natureza, estimula o hóspede a refletir sobre suas responsabilidades. Em sua chegada, além da chave do quarto, uma árvore passa a ser “adotada” por ele, durante sua estadia.

Local para descanso e reflexão.

Levar sementes e mudas para uma área de reflorestamento faz parte da programação oferecida aos hóspedes.

Assim como conhecer a nascente de um rio. Trilhas. Um banho de Cachoeira. Entrar na mata. Mexer na terra...

O Sr. Zé Filho, alimentando os tucunarés.

O Projeto Semente convive com uma comunidade rural, exercendo dentro de suas possibilidades, seu papel de responsabilidade social. Aproximadamente 150 pessoas sofrem influência direta ou indireta da nossa presença.

Empregamos algumas delas e estimulamos em muitas outras o respeito, a motivação e a autoestima.

Fonte: http://www.projetosemente.com.br/

IDEALIZADOR: ANTONIO PRESIDIO

Dr. Antonio Presídio. (Créditos: http://www.projetosemente.com.br/)

Nascido na cidade de Ubaíra, interior da Bahia. Filho de baianos ubairenses. Pai de Rodrigo, Daniel e Joana. Casado com Maria (Kinha), como é chamada.

Formado em Medicina pela Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública em 1982. Exerceu a Pediatra durante 10 anos, trabalhando em vários hospitais e em consultório particular. Fundou a Clínica HARA (Centro da Vida), implantando um sistema preventivo de atendimento. Em 1993 dedicou-se exclusivamente à Psicoterapia clínica.

Por praticar sempre atividade física, passou a desenvolver estudos na área da Psicologia do Esporte e começou a aplicar seus ensinamentos com atletas em 1997.

Fez formação em Análise Transacional e Bioenergética. Atende em consultório particular e coordena grupos de vivências como facilitador.

Portão de acesso ao Projeto Semente.

No Projeto Semente, também atende pacientes em consultas individuais, coordenação de grupos e desenvolve um trabalho junto à comunidade local.

Ao lado de Maria de Lourdes Nascimento, idealizou e fundou o Caminho da Paz, em novembro de 2003. 

Caminho de 126 quilômetros de extensão, cortando todo o Vale do Jiquiriçá. Proporcionando ao peregrino a oportunidade de uma grande reflexão.

É atleta maratonista e autor do livro Travessia.

Fonte: http://www.projetosemente.com.br/

Casa onde está instalada a A.A.P.I, em Ubaíra.

No final da tarde, fomos visitar a A.A.P.I – Associação Assistencial Professora Isaura, dirigida por dona Raimunda, cuja sede fica numa casa situada ao lado da igreja matriz.

Por sinal, foi nessa residência que nasceu o fundador do Caminho da Paz, o Dr. Antonio Presidio.

Dona Raimunda e seu altar sagrado.

Nela fomos recebidos com muita festa, e pudemos conhecer, provar e adquirir bebidas e licores, além de toalhas e outros artesanatos, que são confeccionados por um grupo de voluntárias que ali aprende e trabalha diariamente.

O montante auferido com a venda das peças e dos doces é destinado a compra de bens e comida, doados a pessoas menos favorecidas.

Em Ubaíra, na Associação Professora Isaura, abraçando Dona Raimunda e suas irmãs e colaboradoras.

Um ato, sem dúvida, digno do mais alto elogio e valor.

No dia seguinte, de manhãzinha, após fraternas despedidas de Dona Lúcia, embarcamos num ônibus da Viação Cidade Sol que, após 6 horas de viagem, nos deixou no Terminal Rodoviário de Salvador/BA.

Em Ubaíra, despedindo-me de Dona Lúcia, proprietária do hotel onde ficamos hospedados.

Em seguida,  no Aeroporto Luiz Eduardo Magalhães, em Salvador, BA, tomamos nosso voo e retornamos para a casa.

IMPRESSÃO PESSOALUma jornada de pequena extensão e de rara beleza. Pena que as chuvas torrenciais que haviam desabado nos dias anteriores, tenham deixado as trilhas finais em péssimo estado: escorregadia e com muita lama. No global, uma etapa belíssima e extremamente deserta e silenciosa em seu trecho final, mormente quando transcorre em meio a pastagens e vales sem fim.

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