2021 – CAMINHO “VIA LUCIS” – JAÚ/SP a TORRINHA/SP - 118 QUILÔMETROS

“O mundo revela-se a quem viaja a pé.” (Werner Herzog)

Recentemente, tomei conhecimento da inauguração desse roteiro e, como peregrino contumaz, assim que a oportunidade de percorrê-lo a pé surgiu, eu não vacilei: tomei um ônibus, desci em Jaú, me hospedei no Hotel Jardim e no dia sequente iniciei minha peregrinação.

Um pouco do que vi e vivenciei em mais essa aventura de fé, conto abaixo:

A HISTÓRIA DESSE CAMINHO

A caridade é mansa e benigna, quem tem essa virtude não se afasta facilmente, não julga mal, nem se perturba por qualquer causa, e é muito capaz de sossegar e compor os ânimos e gênios mais descontrolados.” (São Frei Galvão)

Foi realizada na manhã de hoje, 22/10/2020, a bênção inaugural do “Caminho de Peregrinação Via Lucis”. A cerimônia ocorreu às margens do Rio Tietê, no marco onde teria ocorrido um milagre de Frei Galvão. O Caminho de Peregrinação passa pelos municípios de Jaú, Mineiros do Tietê, Dois Córregos, Brotas e termina em Torrinha, no Mosteiro Paraiso.

O primeiro grupo que faz a peregrinação é formado por 30 cavaleiros. Serão ao todo quatro dias de cavalgada para percorrer, aproximadamente, 118 quilômetros, por estradas boiadeiras, que passarão por propriedades rurais, matas, riachos, cachoeiras, inúmeras capelas e igrejas, além de diversas plantações agrícolas. Uma riqueza natural e cultural sem fim!

Para realizar a caminhada é necessário a aquisição de voucher que tem custo de 35 reais. A iniciativa é da Associação dos Peregrinos Via Lucis, liderada pelo padre Nilton Antônio Marques, do Mosteiro Paraiso. Todo trajeto foi sinalizado e custeado pelos municípios envolvidos.

Fonte: www.jidc.com.br

O MILAGRE DE POTUNDUVA: “BILOCAÇÃO”

Saibam que, ao observar a virtude da obediência, ninguém erra em obedecer, pois ainda que os superiores e confessores errem no que ordenam, o súdito sempre acerta em obedecer.” (São Frei Galvão)

Pelo que consta, o fato ocorreu por volta de 1810, às margens do rio Tietê, no distrito de Potunduva (Airosa Galvão), município de Jaú. Manuel Portes, capataz de uma expedição que vinha de Cuiabá, homem de temperamento instável, castigou severamente o peão Apolinário por indisciplina. Ao notar o capataz distraído, o caboclo, por vingança, o atacou pelas costas com um enorme facão, e fugiu.

Sentindo que a vida lhe abandonava o corpo, Manuel Portes, no auge de desespero pôs-se a gritar: “Meu Deus, eu morro sem confissão! Senhor Santo Antônio, pedi por mim! Dai-me confessor! Vinde, Frei Galvão, assistir-me! Eis que então alguém gritou, avisando que um frade se aproximava, e todos identificaram Frei Galvão.

Assim contaram as testemunhas: “aproximou-se o querido sacerdote, afastou com um gesto dos espectadores da trágica cena, abaixou-se, sentou-se, pôs a cabeça de Portes sobre o colo e falou-lhe em voz baixa, encostando-lhe depois o ouvido aos lábios.

Ficou assim alguns instantes, findo os quais abençoou o expirante. Levantou-se, então, fez um gesto de adeus e afastou-se de modo tão misterioso quanto aparecera”.

Afirma-se que naquele instante Frei Galvão encontrava-se em São Paulo, pregando. Interrompeu-se, pediu uma ave-maria por um moribundo e, acabada a oração, prosseguiu a homilia.

Fonte: www.cancaonova.com

1º dia: BAIRRO POTUNDUVA (JAÚ/SP) a JAÚ/SP – 25 QUILÔMETROS

"O destino não é questão de oportunidade. É uma questão de escolha. Não é algo a ser esperado, é algo a ser alcançado." (William J. Brya)

Para iniciar minha peregrinação, eu deixei o local de pernoite, localizado no centro da cidade de Jaú, e embarquei num táxi que, 25 minutos mais tarde, me deixou diante do “Marco Zero” desse roteiro, localizado junto ao rio Tietê onde, historicamente, ocorreu o milagre da “bilocação” de Frei Galvão.

Ali está fincada uma cruz, bem como uma placa alusiva ao evento inaugural, recentemente ocorrido, lugar onde fiz algumas fotos e pedi proteção para a minha jornada, depois, animado e expectante, iniciei a etapa desse dia sob um clima fresco e hidratado, tudo concorrendo para uma ótima caminhada.

Segui beirando o rio e, percorridos 1.000 m, diante de um belo condomínio, dobrei à esquerda e passei a transitar sobre uma larga estrada de terra, situada entre imensas plantações de cana-de-açúcar, a tônica desse tramo inicial.

A caminho se mostrou deserto e silencioso, então, aproveitei a ocasião para fazer orações, enquanto o sol surgia à minha frente.

Sem grandes dificuldades, pois o trajeto é todo plano, depois de percorrer 10 quilômetros, fiz uma pausa no bairro dos Grizzo, para fotografar uma igrejinha dedicada a Nossa Senhora Aparecida, atualmente, em reformas.

Depois de transitar diante de algumas casas esparsas, eu ultrapassei uma rodovia vicinal que segue em direção ao bairro Potunduva e, logo à frente, fiz outra pausa para fotografar uma igreja solitária, localizada em lugar ermo, cuja padroeira é Santa Luzia.

Depois de caminhar por um local arejado, eu girei à direita, passei por algumas chácaras, situadas em bairros periféricos, agora em leve ascenso e, percorridos 21 quilômetros, eu ultrapassei a rodovia SP-255 por um pontilhão e logo adentrei em zona urbana.

Depois, segui caminhando por largas e movimentadas avenidas até o Hotel Jardim, local de meu pernoite, também, nesse dia.

Algumas fotos do percurso desse dia:

Partindo! A primeira flecha desse roteiro.

No primeiro trecho, caminha-se ao lado do rio Tietê.

Entre imensos canaviais, a tônica nessa primeira etapa.

Capelinha de Nossa Senhora Aparecida, no bairro dos Grizzo.

Uma enorme árvore solitária sobressai esse local deserto.

Os bandeirantes que seguiam pelo rio Tietê, pescavam um peixe chamado jaú, na foz de um ribeirão. O local, desde então, ficou conhecido como Barra do Juruí. Motivados pela excelente qualidade da terra roxa, abundante na região, os primeiros habitantes oriundos de Itu, Porto Feliz, Capivari e do do sul de Minas Gerais, aí se fixaram com suas famílias.

A fundação data de 15 de agosto de 1853 e por proposta de Bento Manoel de Moraes Navarro, o povoado nasceu sob a égide de Nossa Senhora do Patrocínio, tendo ele, inclusive, mandado entalhar em Itu a imagem da referida santa, ofertando-a a sociedade local.

O Município é banhado pelo rio Tietê e beneficia-se da Hidrovia Tietê-Paraná através do transporte intermodal hidro-ferro-rodoviário. Jahu foi uma das cidades pioneiras no transporte de cana de açúcar, em chatas.

Com um solo excelente para atividades agrícolas, a terra predominante no município é de latosol roxo, com textura argilosa e muito profunda. O clima tropical e precipitação pluviométrica anual entre 1.200 mm e 1.500 mm favorecem a exploração das culturas de cana-de-açúcar, café, frutas e algodão. A canavicultura ocupa posição de destaque, alçando a região entre as grandes produtoras de açúcar e álcool do Estado de São Paulo.

O município é um importante polo de desenvolvimento industrial e agrícola, destacando-se pela quantidade de fábricas de sapatos femininos, sendo conhecida como a capital do calçado feminino.

Segundo a Revista Exame, ocupou, em 2001, a 59ª posição entre as 100 melhores cidades brasileiras para se fazer negócios. População: Aproximadamente, 150 mil habitantes.

RESUMO DO DIA:  

Pernoite no Hotel Jardim: Apartamento individual razoável – Preço: R$110,00

Almoço no Restaurante Carecão: Excelente!

IMPRESSÃO PESSOAL – Uma jornada de média extensão e, praticamente, toda plana, onde a tônica na zona rural foram as imensas culturas de cana de açúcar. E, por conta disso, não há sombras no percurso, então, para fugir do sol escaldante, a recomendação é iniciar a caminhada o mais cedo possível. No global, uma etapa de transição, muito bem sinalizada e, como de se esperar, a partir de sua metade final, bastante urbanizada.

2º dia: JAÚ/SP a DOIS CÓRREGOS/SP – 26 QUILÔMETROS

"Nunca está só quem sabe estar consigo mesmo." (Marguerite Yourcenar)

Após uma excelente noite de sono, parti às 6 h, transitei por ruas desertas e, logo acima, depois de girar à esquerda, eu transpus o rio Jaú por uma ponte, depois, prossegui à direita e, percorridos 4 quilômetros em zona urbana, adentrei numa larga e pedregosa estrada de terra, por onde segui alegre e confiante, enquanto o dia raiava.

No percurso sequente, enfrentei ascensos e descensos leves, sempre ladeado por imensas culturas de cana-de-açúcar, a tônica na primeira parte dessa etapa, porque depois surgiram cultivos de milho e café.

Também, encontrei alguns veículos se dirigindo à cidade e, por conta disso, aspirei muita poeira nesse trecho inicial, visto que não chovia na região há bastante tempo.

O dia se apresentava esplêndido, com sol ameno e temperatura agradável, ótima e ideal para uma profícua caminhada.

Seguindo em frente, transitei por locais ermos e desertos, ainda ladeado por imensas culturas de cana-de-açúcar, porém, no trecho sequente apareceram eucaliptais e pastagens, onde visualizei rebanhos de gado leiteiro.

Trata-se de um percurso bastante isolado, pois encontrei/cruzei com poucos veículos automotores no trajeto: uma benção para o peregrino.

Percorridos 18 quilômetros teve início um ascenso contínuo, situado entre campos arejados, que venci sem pressa, até que, já em leve descenso, adentrei em zona urbana e, sem grandes dificuldades, pois a cidade é pequena, cheguei ao local de pernoite.

Algumas fotos do percurso desse dia:

Estrada plana e, como de praxe, canaviais...

A cidade de Jaú vai ficando no horizonte, uns 10 quilômetros à minha retaguarda.

Uma curiosa e antiga "roda d'água".

Mais uma vez, em meio a canaviais.

A praça central e a igreja matriz de Dois Córregos/SP.

O núcleo que deu origem à cidade, em meados do século XIX, foi a Pousada dos Dous Córregos, ponto de descanso dos viajantes que se dirigiam para os sertões do noroeste de São Paulo a caminho de Mato Grosso.

José Alves Mira e Mariano Lopes, proprietários da Fazenda do Rio do Peixe no município de Brotas, fizeram, em 1856, uma doação de parte das terras dessa fazenda para a construção de uma igreja sob a invocação do Divino Espírito Santo.

O terreno era limitado, de um lado pelo córrego Fundo e, de outro, pelo Córrego Logrado, e deu início ao desenvolvimento do povoado. O antigo povoado de Espírito Santo de Dois Córregos foi elevado, em 28 de março de 1865, à categoria de freguesia com a denominação de Dois Córregos, do município de Brotas e em 16 de abril de 1874, foi criada a vila.

Noz Macadâmia - As primeiras mudas da nobre noz chegaram em Dois Córregos no ano de 1989, trazidas pelo empresário José Eduardo Mendes Camargo. Em 1990, o empresário organizou um grande viveiro para o plantio em grande escala. Em dezembro de 1996 havia nele cerca de 35 mil mudas destinando-se a noz para consumo próprio e comercialização. Foi montado o complexo de armazenamento, beneficiamento e embalagem do produto, preparando-o para o mercado consumidor interno e externo, já que essa noz tem bastante aceitação nos Estados Unidos e Europa.

Várias promoções foram organizadas para difundir o plantio da macadâmia e muitas delas promovendo Dois Córregos, que ficou conhecida como a “capital da macadâmia”. Essa planta é originária da Austrália, e no Brasil sua cultura é recente, sendo que a produção começa a partir do quarto ou quinto ano do plantio. A noz macadâmia pode ser consumida crua ou torrada e salgada, sendo usada em bolos, biscoitos, sorvetes e outros doces.

População: 27 mil habitantes

RESUMO DO DIA:

Pernoite no Hotel Vanoni: Apartamento individual excelente – Preço: R$80,00

Almoço no Restaurante Tradição: Excelente – Preço: R$18,00, pode-se comer à vontade no Self-Service.

AVALIAÇÃO PESSOAL – Uma etapa de média extensão, quase toda plana, cercada de muito verde e bem sinalizada. No percurso, transitei por locais arborizados, ermos e silenciosos, um bálsamo para os sentidos. Como na jornada anterior, a cultura da cana-de-açúcar imperou em quase todo o itinerário, porém, também encontrei nichos de mata nativa e extensos eucaliptais. No global, um trajeto tranquilo e sem dificuldades altimétricas de relevo.

3º dia: DOIS CÓRREGOS/SP a TORRINHA/SP – 31 QUILÔMETROS

As coisas boas da vida devem ser vividas com o coração. Não precisa de muita filosofia. A sua grandeza é a simplicidade..." (Colette Haddad)

Parti às 5 h 30 min, posto que a jornada seria de grande extensão e, como de praxe, o clima se apresentava fresco, temperatura na casa dos 14°C.

Novamente, segui ladeado por imensos canaviais, e logo apareceram plantações de café e milho.

Enfrentei, como realce nesse trecho, longos percursos retilíneos, de onde eu podia visualizar o horizonte em todas as direções.

Também encontrei tramos integralmente desertos, onde a tônica eram plantações variadas, além de pastagens e criação de gado leiteiro.

Após ultrapassar a metade da jornada, com sol crestando, aspirei bastante poeira, pois havia um massivo trânsito de caminhões transportando terra em direção a alguma propriedade situada à minha dianteira.

No trecho derradeiro, transitei entre plantações de eucaliptos e alguns nichos de mata nativa, que concorreram para amenizar o calor reinante.

Ainda, fui suplantado em algumas oportunidades por ciclistas, visto estar vivenciado um sábado, dia propício para tal atividade física.

Percorridos 22 quilômetros eu ultrapassei o ponto de maior altimetria da jornada, então, o restante do percurso foi sempre em leves, porém desgastantes ascensos e descensos.

E sem maiores novidades, mas já com o sol a pino, adentrei em zona urbana e segui, tranquilamente, caminhando até o local de pernoite.

Algumas fotos do percurso desse dia:

Mais um dia amanhecendo...

Na trilha, como eu gosto...

Caminho reto e plano... com amplas vistas do horizonte...

Trecho sombreado, quase no final dessa etapa.

A igreja matriz de Torrinha/SP.

A ocupação e o povoamento onde hoje localiza-se o município de Torrinha caracterizou-se pelo avanço das fronteiras de colonização do interior do país na busca por riquezas. Com a necessidade de suprimentos de gêneros alimentícios, abastecimento variado e serviços de consertos, surgiram incipientes atividades comerciais e de prestação de serviço, possibilitando a fixação dos primeiros colonizadores da região e a formação de núcleos populacionais.

Historicamente, José Antunes de Oliveira é considerado o fundador de Torrinha, foi ele quem doou ao Bispado de São Paulo uma pequena área onde foi edificada uma capela em homenagem a São José (onde se encontra a atual matriz), considerado o padroeiro da cidade. Calcula-se que esse fato se deu por volta de 1870, ou seja, dezenove anos antes da República.

A cultura cafeeira foi introduzida no município no final do século XIX e seu desenvolvimento está associado à construção da ferrovia pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, inaugurada em 7 de setembro de 1886, com o nome de Estação Ferroviária de Santa Maria e posteriormente Torrinha.

Conhecida como a Pérola da Serra, por estar na Serra do Itaqueri, Torrinha chama a atenção dos turistas pelas diversas oportunidades de passeio. A cidade está localizada bem no centro do Estado de São Paulo, distante 260 km da capital. Seu nome vem de uma única formação rochosa de arenito, que possui 30 metros de altura e chama a atenção de longe. Seu formato de torre acabou dando origem à alcunha da cidade, e essa rocha se tornou o destino ideal para os amantes de esportes de aventura.

E não se engane por ser um município pequeno, com cerca de 10 mil habitantes: a diversão é garantida em vários passeios diferentes. O turismo em Torrinha é ideal para quem curte aventura e natureza, posto que a cidade tem ao menos 52 cachoeiras, com várias delas abertas à visitação, onde é possível nadar e praticar rapel nos imensos paredões.

População: 10 mil habitantes.

RESUMO DO DIA:

Pernoite na Pousada Villa da Serra: Apartamento individual excelente – Preço: R$100,00

Almoço na Choperia e Restaurante Torrinha: Excelente! – Refeição por peso no Self-Service: R$47,00 o quilo.

AVALIAÇÃO PESSOAL - Uma etapa muito agradável, uma das mais belas de todo o roteiro, todavia, um tanto extensa e cansativa no final, porque deixa o peregrino exaurido nos derradeiros quilômetros, face à sucessão de aclives e declives, exatamente quando ele já se encontra desgastado pela longa jornada cumprida. Nela enfrentei imensos trechos retilíneos e bastante poeira, face à estiagem que grassava na região. De se ressaltar que, como nos anteriores, o trajeto também está muito bem sinalizado, embora ele quase não ofereça sombras em seu traçado.

4º dia: TORRINHA/SP ao MOSTEIRO DO PARAÍSO (TORRINHA/SP) – 36 QUILÔMETROS

"Caminha-se também para dar um basta e eliminar-se: acabar com a agitação do mundo, o acúmulo de tarefas, o desgaste. E para esquecer, para não estar mais aqui, nada como a grande chatice das estradas, a monotonia sem limites dos caminhos florestais. Caminhar, desprender-se, partir, largar." (Frédéric Gros)

A jornada prometia ser longa e acidentada, assim, parti às 5 h, sob uma temperatura de 14°C, excelente para caminhar.

No primeiro trecho eu transitei diante de inúmeras e bem-cuidadas chácaras, depois, ultrapassei um ribeirão por uma ponte e, após percorrer 12 quilômetros, por locais bucólicos e extremamente hidratados, acabei por desaguar na rodovia SP-197, que segue em direção à cidade de Brotas.

Eu caminhei uns 500 m pelo acostamento e logo adentrei à esquerda, acessei uma estrada plana e logo passei a transitar por um extenso condomínio de chácaras, ali existentes.

Mais adiante, o panorama se modificou e apareceram os canaviais e cafezais, depois, passei um bom tempo caminhando por um local deserto e sem vegetação, onde o cultivo agrícola fora recentemente coletado.

Percorridos 22 quilômetros, no topo de um morro, onde fora colhida uma extensa plantação de amendoins, as flechas me remeteram à direita, em descenso, por um caminho extremamente arenoso, que fui vencendo passo a passo.

Depois, segui beirando uma plantação de eucaliptos e cheguei a uma porteira, fechada à cadeado, onde não avistei sinalização, porém, o traçado do aplicativo Wikiloc que eu levava salvo em meu aparelho celular indicou-me o rumo a seguir.

Então, na sequência, descendi por uma trilha matosa, caminhei em descenso pelo interior de um extenso bosque de eucaliptos e, mais abaixo, depois de percorrer 26 quilômetros, numa bifurcação, me reencontrei com as benfazejas setas sinalizadoras e prossegui à esquerda.

Na sequência, transitei por locais planos, em meio a cafezais, eucaliptais e nichos de mata nativa, num trajeto agradável e fresco.

Percorridos 32 quilômetros, numa bifurcação, eu tomei à direita e, logo à frente, eu cruzei com a rodovia vicinal São Pedro, num local onde existe um belo cruzeiro pintado de azul.

Então, obedecendo à sinalização, eu prossegui à direita e mais 1.500 m caminhados em agradável descenso, eu aportei ao Mosteiro do Paraíso, ponto final desse magnífico roteiro.

Ali fui muito bem recebido pelo padre Nilton, o administrador do local que, depois de me abraçar com extremo carinho e humildade, me concedeu o Diploma de Conclusão do Caminho “Via Lucis”, galardão que guardarei com muito orgulho.

Então, premido pelo tempo, adentrei num táxi, retornei à cidade de Torrinha, tomei banho, almocei e, mais tarde, embarquei num ônibus de volta à minha residência.

Algumas fotos do percurso desse dia:

Lentamente, o dia amanhece...

Trecho aberto e pleno de areia no piso.

Quase chegando.. faltam 1.500 m até o Mosteiro.

Com o padre Nilton, uma pessoa especialíssima!

O meu Diploma da "Via Lucis".

RESUMO DO DIA:

Almoço: Restaurante Cantinho da Vovó: Excelente!! – Preço: R$15,00 o “Prato Feito”.

AVALIAÇÃO PESSOAL – Uma jornada de grande extensão, mas que não apresenta dificuldades altimétricas significativas. No trajeto eu transitei por inúmeros locais desertos, silenciosos e neles eu avistei culturas agrícolas variadas, como milho, cana-de-açúcar, pastagens, eucaliptais e, principalmente, cafezais. Salvo por um pequeno detalhe no 22º quilômetro, encontrei o roteiro muito bem sinalizado. E o aporte ao Mosteiro do Paraíso é extremamente gratificante pois, além da beleza, graça e bucolismo do local, a acolhida proporcionada pelo padre Nilton foi digna de lágrimas sinceras de agradecimento. No global, há que se ressaltar a plasticidade incomum das paisagens com que fui brindado durante todo o trajeto desse magnífico itinerário.

MOSTEIRO DO PARAÍSO – TORRINHA/SP

O Mosteiro Paraíso – Comunidade Agromonges, Diocese de São Carlos, da Igreja Católica Apostólica Romana, desenvolve várias atividades religiosas, e vem se destacando como uma experiência de sustentabilidade e desenvolvimento rural local, associando intervenções na comunidade, tais como ações educacionais (formação continuada e capacitação técnica), socioecológicas, turismo religioso, de contemplação e meditação, retiros, etc. Além disso, conta com duas festas anuais – Festa de São José e a Missa Cio da Terra –, já tradicionais no calendário religioso do Mosteiro, e que sem dúvidas se caracterizam pela riqueza das tradições do interior paulista e da comunidade local, formada em sua maioria por descendentes de italianos cafeicultores.

Padre Nilton Marques, seu administrador, se destaca pela sua integridade, espírito empreendedor e de liderança local, o que nos motiva como grupo de trabalhos integrados, a empenhar esforços conjuntos para a concretização de ideais que promovam a qualidade de vida e ambiental da comunidade local e regional, sob diferentes perspectivas.

Fonte: https://www.facebook.com/mosteiro.paraiso.torrinha.sp

A igreja de São José, no Mosteiro do Paraíso.

Oração de Frei Galvão

Deus de amor, fonte de todas as luzes, de bênçãos o vosso Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, nós vos adoramos e glorificamos, e vos agradecemos, porque nele fizestes maravilhas. Ele, Senhor, por vossa inspiração, criou para o vosso povo sofrido aquelas Pílulas, sinal de vossa compaixão para com os irmãos enfermos, sinal seguro da mediação da Virgem Maria Imaculada; alcançai-nos, pela intercessão de Vossa Mãe, e do Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, que nós, ao tomarmos com fé e devoção estas Pílulas, consigamos a graça desejada (pedir a graça para ser alcançada aqui), e procuremos conhecer sempre mais o Evangelho que ele viveu, cultivando com amor a vida Eucarística. Ó Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, rogai por nós junto a Maria, para que obtenhamos do Pai Celeste a vida plena no amor da Santíssima Trindade. Amém!

FINAL

A virtude do silêncio tem muito valor, porque pela boca se peca e difícil é falar sem errar. É pela língua que mais se peca e muitas vezes, só com uma palavra se pode cometer culpa grave; facilmente poderá entrar a murmuração e coisas que desagradam a Nosso Senhor. Quanto mais silêncio se guardar, menos perigo de pecar teremos; haverá mais sossego e recolhimento na alma e mais gosto pela oração.” (São Frei Galvão)

Quando você está na trilha a natureza é seu universo.

Você tem consciência de que em algum lugar do horizonte existem cidades, fábricas, rodovias movimentadas, mas ali, naquele lugar em que as árvores e plantações cobrem a paisagem, é o meio ambiente que dá as ordens.

Se você desfruta as belezas do campo, guardando o perfume das flores, o canto dos pássaros, o mugido do gado e o coaxar dos sapos e rãs, por certo, ao concluir a jornada, terá obtido elementos para construir um belo jardim.

E, dessa forma, perfumar os caminhos da vida com a alegria advinda de sua satisfação de viver.

Um Caminho pleno de verde e muitas bênçãos!!

Nesse sentido, diria que o Caminho “Via Lucis” me cativou por sua beleza e ermosidade, além da grata surpresa proporcionada, pois me permitiu conhecer cidades e locais inéditos, por onde eu jamais caminharia, não fosse esse magnífico roteiro.

Ainda, de se ressair a lhaneza e o carinho proporcionado pelos habitantes das localidades por onde eu transitei, que não mediram esforços para que eu me sentisse à vontade, como se estivesse em minha residência.

Por derradeiro, um agradecido especial ao padre Nilton e demais trabalhadores/residentes no Mosteiro do Paraíso, onde fui recebido com extrema hospitalidade e respeito, algo que me marcou profundamente.

Assim, recomendo esse Caminho, com efusão, na certeza de que, havendo oportunidade, nele retornarei com imenso prazer!

Bom Caminho a todos!

Maio/2021