8º dia: SÃO LOURENÇO à POUSADA 13 LAGOS (VIRGÍNIA) – 29 quilômetros

8º dia: SÃO LOURENÇO à POUSADA 13 LAGOS (VIRGÍNIA) – 29 quilômetros

Anjo do dia: REIIEL - Significado do nome: Deus, o esperado”

Vivenciávamos um domingo, e o sol novamente prometia se abrasador após, às 11 horas.

Dessa forma, resolvemos novamente sai bem cedo, para fugir do calor.

Assim, deixamos o local de pernoite às 6 horas, seguindo pela rua Barão do Rio Branco, em franca ascensão.

A cidade estava silenciosa, e poucos carros circulavam pelas ruas frias e neblinosas da simpática urbe.

Depois de caminhar pouco mais de um quilômetro, no topo de pequeno morro, acessamos uma via vicinal, à esquerda, e prosseguimos ainda em ríspido aclive.

Ao atingir o cimo da elevação, para nossa grata surpresa, fomos alcançados por um simpático e madrugador casal de ciclistas, o Hugo Mota e a Alessandra, residentes em São Lourenço.

Com o amigo Hugo, cicloculturista de São Lourenço/MG.

Foi um encontro interessante, que rendeu fotos, mesmo sob a iluminação dos faróis das bicicletas, porque o dia ainda não havia raiado.

Com a amiga cicloculturista Alessandra, esposa do Hugo.

Eles seguiam em direção à cidade de Passa Quatro e, para tanto, também utilizavam o roteiro do Caminho dos Anjos.

Depois, soube que nesse dia eles pedalaram 129 quilômetros, chegando até o túnel férreo existente na fronteira dos Estados de Minas Gerais e São Paulo.

Trocamos informações, ficamos amigos, nos confraternizamos, depois eles seguiram em frente, não sem antes proferir a famosa saudação peregrina: Bom Caminho!

Amanhecer no caminho, no trecho entre São Lourenço e Virgínia /MG.

E logo, descortinou-se diante de mim, um incrível alvorecer, com um céu mesclando a cor amarela e vermelha, anunciando para breve a presença do astro-rei.

Amanhecer no caminho, no trecho entre São Lourenço e Virgínia /MG.

Com o dia já amanhecendo, passamos a caminhar entre extensas fazendas de gado, a tônica também desse trecho.

Como de praxe, nas baixadas existia forte e densa neblina, sinal evidente que o sol viria com força total novamente.

Em alguns locais, o trajeto seguiu entre pequenos capões de matos, mas o forte mesmo eram as pastagens.

Num local ermo, passei diante de singela capelinha, com enfeites juninos no portão, me fazendo inferir que teria havido festa ou reza naquele local, na noite anterior.

O trajeto, integralmente plano, apresentava grandes estirões retilíneos, em muitos locais, ainda sob densa cerração.

Depois de duas horas caminhando, o sol finalmente furou o colchão de nuvens e passou a brilhar forte.

Aproveitei, então, para fazer uma pausa para tirar o casaco e me hidratar.

Na sequência, passei a caminhar, tendo do meu lado direito uma grande fazenda, onde existia uma imensa, verdejante e preservada mata.

Doze quilômetros vencidos, passei diante da Fazenda 5F, onde existe uma bela sede.

Além de grande rebanho de gado leiteiro, contei mais de uma centena de cavalos da raça crioulo pastando em diversos espaços delimitados por cercas.

Um quilômetro à frente, a estrada se bifurcou e, atento à sinalização, prossegui à esquerda, e logo fiz uma pausa para ingestão de uma barra de cereais, e aguardar pela chegada da Célia, que ficara bem longe, à retaguarda.

Depois de refeitos, seguimos adiante, agora por um vale pleno de pequenas propriedades rurais.

Nesse trecho também ocorreram grandes estirões, integralmente retilíneos, por onde seguimos animados.

Prosseguindo, mais adiante, passei diante de singela igrejinha, situada em local ermo, mas com pintura recente.

O caminho continuou bucólico, com vários trechos arborizados, que proporcionavam um “refresco” sob o sol ardente.

Nesse trecho, notei uma concentração, de ninhos de “joão-graveto”, um pássaro de pequeno porte e extremamente comum no estado de Minas.

Sua principal característica é a cor levemente amarronzada na testa, contrastando com a cabeça mais escura.

Para se reproduzir, ele constrói ninhos enormes, utilizando gravetos relativamente grandes, se comparados ao seu diminuto tamanho.

Segundo o que foi observado pelos ornitólogos, o casal atua em parceria na construção da casa, a ser utilizada durante todo o ano pelos dois e pela ninhada (mesmo após voar) como local de abrigo.

Ao terminar o primeiro ninho, o casal continua colocando material e construindo outros.

Com isso, o galho de apoio começa a pender e a ficar coberto de material, destacando-se na paisagem e, em casos extremos, a “casa” chega a ter 2 m de comprimento.

Ninhos de “joão-graveto”.

A câmara incubatória de formato esférico é forrada por grossa camada de penas, paina, etc..

O ninho geralmente localiza-se em árvores isoladas, na extremidade de galhos flexíveis, que acabam por vergar com o excesso de peso.

Porém, sua habitação é a preferida para ser ocupada por outro pássaro, o joão-pinto, o qual depende de outros passarinhos para nidificar.

Além dessa espécime, as câmaras abrigam outras aves, pequenos mamíferos, répteis ou marimbondos.

Ninhos de “joão-graveto”.

Em alguns casos, após disputas com os donos originais; em outros, são ocupadas depois de abandonadas.

O roteiro seguiu levemente ascendente e, ao atingir o topo de pequeno outeiro, pude avistar no horizonte um extenso paredão rochoso.

A mesma serra que eu atravessaria no dia seguinte, quando rumasse em direção à cidade de Passa Quatro.

Então principiei a descender, e nesse trecho encontrei muita terra solta no chão.

O trânsito de veículos tornou-se intenso, levantando imensas nuvens de poeira, um tormento para o caminhante.

Nesse derradeiro “tramo”, eu estava mais preocupado em sobreviver, do que observar o belo entorno que se descortinava de ambos os lados.

Afinal, a combinação de pó, calor e sol abrasador, acabou por minar todo meu enlevo peregrino, e o trajeto se tornou um tormento.

Por sorte, eu já avistava carros trafegando numa rodovia, bem próximo do local por onde eu seguia.

Muita terra fofa no piso da estrada.

Assim, cansado e com os olhos vermelhos, finalmente, aportei no bar do José Maria, situado no bairro do Muquém.

A Célia chegou logo depois, e fizemos uma pausa no estabelecimento para nos hidratar e ingerir alguns petiscos que ali são comercializados.

Restavam ainda 5 quilômetros para concluir a jornada, porém eles seriam em asfalto, por uma rodovia movimentada, e que não possui acostamento.

Com o simpático José Maria, dono de bar homônimo situado no bairro Muquém.

Para fugir do perigo, combinei um frete com o simpático José Maria e logo embarcávamos em seu veículo.

E, dez minutos mais tarde, adentrávamos ao Pesqueiro 13 Lagos, onde ficamos hospedados.

Ele está localizado no Circuito Turístico das terras altas da Mantiqueira, a 3 quilômetros da cidade de Virgínia, sul de Minas Gerais.

Interior do Pesqueiro 13 Lagos.

Depois do banho e imprescindível lavagem das roupas, passei um bom tempo conversando com o proprietário do estabelecimento, o simpaticíssimo Sr. Mauro.

Às 13 horas foi servida a refeição e, logo depois, me recolhi para descansar.

Chalés no interior do Pesqueiro 13 Lagos. Eu me hospedei no de cor verde e eles são bastante confortáveis.

Mais tarde, dei um grande giro pelas imediações, e pude observar diversas pessoas se dedicando à pesca.

O local, de expressiva beleza, possui 13 lagos, onde são criados diversos tipos de peixes, como tilápias tailandesas, tilápias vermelhas, pacus, tambacus (um peixe híbrido, resultante do cruzamento entre o tambaqui e o pacu-caranha), piaus, “black bass”, piracanjubas, matrinxãs, e dourados de até 8 quilos.

Há, ainda, nesse grande espaço campestre, para conforto e diversão dos visitantes, 3 piscinas, salão de jogos, um movimentado e bem sortido bar, além de 5 chalés bem equipados.

A vegetação no entorno é luxuriante, e o ar que ali se respira é de queimar os pulmões, tamanha sua pureza e concentração de oxigênio.

Fiz várias fotos do local, conversei com alguns pescadores, enfim, posso afirmar que o lugar é de parasidíaca beleza.

Mais tarde, jantei e logo me recolhi, já prelibando o dia seguinte, quando enfrentaríamos a derradeira jornada.

Com o simpaticíssimo Sr. Mauro, proprietário da Pousada e Pesqueiro 13 Lagos, localizado em Virgínia /MG.

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma jornada de razoável extensão, feita por um trajeto belíssimo, cujo brilho foi empanado pela quantidade de poeira ingerida no trecho final. Tendo em vista que os derradeiros 5 quilômetros devem ser percorridos numa rodovia sem acostamento. Assim, recomendo o táxi do Sr. José Maria para evitar esse percurso. No geral, uma etapa fácil, plana, e de expressiva beleza. Ainda, a cordialidade e a simpatia do Sr. Mauro, no Pesqueiro 13 Lagos, foi um dos pontos altos desse dia.

9º dia: POUSADA 13 LAGOS (VIRGÍNIA) à PASSA QUATRO – 25 quilômetros