5 – REDENÇÃO DA SERRA a TAUBATÉ – 33 quilômetros

5 – REDENÇÃO DA SERRA a TAUBATÉ – 33 quilômetros

"A nossa recompensa está no esforço, não no resultado. Um esforço total é uma vitória completa." (Mahatma Gandhi)

Teríamos pela frente, novamente, outra jornada de grande extensão, agravada, em seu final, pelo adensamento populacional que os grandes centros urbanos proporcionam, visto que Taubaté possui mais de 300 mil habitantes.

Assim, face ao sucesso dos percursos anteriores, combinamos sair novamente às 5 horas.

Contudo, após deixar meu quarto e encontrar a Sônia, fomos abordados por Dona Marlene, a simpática dona da Pousada onde ficamos hospedados.

Ela nos convidou a entrar na cozinha do estabelecimento para tomar café, algo que não agendáramos na noite anterior.

Fazia um frio terrível, algo em torno de 12 graus, e havia muita cerração no entorno.

Afinal, estávamos à beira da represa e a condensação aquosa, por conta do frio reinante, era inevitável.

Passamos ali, se tanto, dez minutos em amistosa conversa e pude avaliar a hospitalidade e o carinho que essa nobre anfitrioa nutre pelos peregrinos.

Na ocasião, estavam presentes três policiais militares que fazem a ronda na cidade, e que também aceitaram o convite para aquele saboroso e matutino café da manhã

Na placa, a distância até Taubaté, por rodovia.

Após despedidas fraternas, seguimos Sônia e eu, novamente pela rodovia SP-121, em ascendência, a mesma por onde adentráramos à cidade no dia anterior.

Retornamos 2 quilômetros, até a entrada de Redenção Velha, depois prosseguimos por mais 500 metros, até um bairro periférico.

Até aquele ponto, utilizamos a iluminação urbana para seguir adiante, mas ali, ao adentrar à esquerda, encontramos forte escuridão e intensa neblina.

Prontamente, liguei minha lanterna de mão e seguimos sem maiores tropeços, pois a estrada, em piso socado, se mostrou larga em dimensão e farta em termos de sinalização.

Mais algumas centenas de metros caminhados e a estrada se bifurcou, mas observando a sinalização, prosseguimos à direita.

Sabíamos que nesse dia enfrentaríamos 3 fortes ascensos e o maior deles teve início logo em seguida.

Sem titubear, fomos vencendo-o, paulatinamente, pois o clima fresco e nossa pronta disposição naquele início de jornada, fizeram a diferença.

Já no topo do morro, com o dia já claro, pudemos avaliar o entorno com mais acuidade e eu prontamente desliguei minha lanterna.

Já em descenso, com muita névoa no entorno.

Então, se iniciou desabalado descenso e face o piso escorregadio, a Sônia ficou para trás, posto que calçava tênis.

Mais seguro, segui adiante sozinho e pude curtir o maravilhoso entorno que me rodeava.

Caminho ermo e silencioso.

O clima se mostrava fresco e hidratado, eu estava animado, então, pude comungar com o ambiente e a belíssima natureza circundante.

Depois, bem abaixo, prossegui à direita numa bifurcação e nesse trecho, não vi ninguém, apenas me encontrei com dois senhores que vinham montados em suas respectivas motocicletas.

Entorno belíssimo e hidratado!

Duas horas caminhando, dez quilômetros vencidos com tranquilidade, fiz uma pausa para fotografar e acariciar um cavalo que ao me avistar, correu para a beira da cerca, certamente, na esperança de ganhar comida ou um agrado.

"Conversando" com um atencioso amigo..

A Sônia logo me alcançou e pode fazer uma foto desse encontro memorável.

Caminhamos mais um pouco no plano e logo teve início outro grande ascenso, o segundo do dia.

Ao longe, um mar de névoas.. paisagem belíssima!

Enquanto ascendíamos, eu avistava à minha esquerda muitos morros dos quais sobressaia apenas o cimo, pois estavam encobertos por um mar ascendente de nuvens neblinosas.

Ao atingir o cume da colina que escalávamos, estávamos a 927 metros de altura, o ponto de maior altimetria nessa jornada e de toda a Rota da Luz.

Descenso forte, sempre entre propriedades leiteiras.

O descenso sequente foi precioso, pois o sol já brilhava e com seu calor fizera a neblina evaporar, deixando tudo belo e nítido.

Nesse trecho, passamos diante de algumas fazendas de criação de gado, e pude observar que a ordenha diária estava em pleno vapor.

Transitando por locais de expressiva beleza.

Pouco mais abaixo, seguimos por um trecho matoso e hidratado, um dos mais belos de todo o roteiro.

Caminhando por um dos locais mais belos desse roteiro.

Um riacho corria barulhento pelo nosso lado esquerdo, enquanto um paredão matoso nos escoltava pelo lado direito.

Silêncio e muito verde no entono.

O ar puro e fresco que evolava das árvores, penetrava em nossos pulmões com toda sua intensidade e pureza.

A mata nativa dá o tom nesse trecho.

Foi, sem dúvida, um dos intervalos mais sublimes, hidratado e silenciosos desse percurso.

O caminho prossegue plano e fresco.

Mais três quilômetros vencidos, com a Sônia à minha retaguarda, fotografei a placa que anunciava a distância de 120 quilômetros caminhados.

Placa alusiva aos 120 quilômetros já percorridos.

E logo transitei pelo bairro Rio das Antas, que pertence à cidade de Taubaté, onde pude fotografar uma singela capelinha, erigida em homenagem à santa Inês.

Ali há um pequeno adensamento de casas, algumas ainda em construção.

Trânsito pelo bairro Rio das Antas.

Além delas, há inúmeras chácaras e sítios, onde notei intensa obra de terraplanagem, possivelmente, para a abertura de novas vias de acesso ao local.

Caminhei um pouco num planalto, mas logo o roteiro voltou a ascender pela derradeira vez na jornada.

Serras, e muito verde, a perder de vista.. 

O ascenso era leve mas contínuo e um despenhadeiro passou a me ladear pelo lado direito.

Assim, quanto mais eu subia, melhor visão eu detinha do entorno, onde sobressaiam um mar de morros, todos com verdejante vegetação.

Caminhando pelo topo da serra, por um caminho belo mas sem sombras.

Foram momentos idílicos, contudo, na maior parte desse trecho não há sombras e o sol já dardejava com força.

Entorno verdejante e montanhoso.

Eu estava a praticamente 900 m de altitude e detinha amplas vistas do entorno.

Porém, logo a estrada se nivelou e, na sequência, principiou a descender.

Início de forte descenso.

Primeiramente, sob a guarida de farta e fresca vegetação lateral.

Em alguns trechos o piso estava úmido, o que me obrigou a observar atentamente onde punha meus pés.

Ainda em descenso, pelo interior de verdejante bosque.

Mais abaixo, emergi definitivamente da mata nativa e passei a descender com força morro abaixo.

A paisagem que se abriu a minha dianteira, plena de uma infinidade de colinas, era de tirar o fôlego.

Ainda em descenso, por locais sem sombras; paisagem estupenda!

O entorno estava integralmente verde e um céu azul de fundo, propiciavam um contraste revigorante e milagroso.

A declividade perdurou por bastante tempo, porém, após aproximadamente 20 quilômetros percorridos, finalmente, a estrada se nivelou.

A derradeira declividade, depois acabaria o encanto da Rota.

Como que do nada, eu que viera caminhando por locais desertos e silenciosos, fui surpreendido por um expressivo tráfego de veículos, alguns em alta velocidade.

Estávamos num sábado, 11 h da manhã e, com certeza, a grande maioria dos automóveis e caminhões que encontrei se dirigiam a alguma propriedade rural onde o motorista era o dono.

Assim, a tranquilidade que eu vivenciava, como por encanto se desvaneceu e face ao perigo desse trecho, aguardei pacientemente pela chegada da Sônia, minha parceira nesse roteiro, para seguirmos juntos até o final da jornada, como forma de proteção mútua.

Prosseguimos, primeiramente, sobre terra, com muita poeira.

Quatro quilômetros adiante, passamos a caminhar sobre asfalto, por uma rodovia tortuosa, com muito lixo em suas laterias, onde não havia acostamento.

Um perigo para o caminhante, pois éramos o elo mais fraco da cadeia que se movimentava pela rodovia.

Nesse derradeiro trecho, encontramos muitos ciclistas, alguns solitários, outros em grupos, pedalando no sentido inverso àquele que fazíamos.

E todos, sem exceção, nos saudaram com o respeito que é peculiar entre peregrinos e aqueles que praticam o cicloturismo.

Foi um percurso tenso e desprovido de qualquer brilho, que perdurou até a chegada à rodovia BR-383, que liga Taubaté a Ubatuba.

No local, giramos à esquerda e caminhamos ainda mais 3 quilômetros até aportar ao Hotel Estrela do Vale, onde pernoitamos.

Ali paguei R$70,00 por um razoável quarto individual.

Para almoçar, nos dirigimos ao bar do Osmar, situado próximo do Hipermercado Extra, onde ingeri o melhor almoço de toda a jornada.

E nele paguei um preço surpreendente, pois o quilo da refeição, servida no sistema Self-Service, custa R$22,00, bem abaixo dos demais praticados na Rota.

Dessa forma, recomendo esse estabelecimento, com efusão, pela qualidade de seus serviços.

Numa rotatória de Taubaté, estátua que homenageia aos bandeirantes.

Fundada em 1645, localizada a 120 quilômetros de São Paulo, Taubaté foi o primeiro núcleo de povoamento oficial formado no vale do rio Paraíba do Sul, antes habitada somente por índios.

O nome Taubaté corresponde a uma variação do vocábulo “taba-ibaté”, que na língua tupi significa “aldeia que fica no alto”, em referência à aldeia Guaianá que, na época da fundação do povoado, localizava-se no alto da colina do atual Cristo Redentor.

Durante o século XVIII, Taubaté tornou-se importante centro de abastecimento da região mineradora, produzindo gêneros alimentícios de primeira necessidade como feijão, farinha de mandioca e de milho, rapadura, entre outros.

Em meados do século XIX, o município se destacou como centro produtor de café e, em consequência da grande produção e comércio do grão, a cidade enriqueceu e se desenvolveu rapidamente.

Homenagem a Mazzaropi.

O Santo Padroeiro da cidade é São Francisco de Chagas, sempre homenageado no dia 4 de outubro.

Durante a semana de aniversário do padroeiro, ocorre uma procissão pelas principais ruas da cidade.

As paróquias do município organizam novenas e missas, e a Praça Dom Epaminondas, que abriga a Igreja São Francisco de Chagas, recebe shows musicais, apresentação de grupos folclóricos e barracas de comidas e bebida.

População atual: 306 mil habitantes.

Suas principais atrações são: Catedral de São Francisco das Chagas, Mercado Municipal, Museu Mazzaropi, Museu de Arte Sacra Dom Epaminondas, Parque Municipal Monteiro Lobato. Santuário e Praça de Santa Terezinha, Teatro Metrópole e o Viveiro Florestal Estadual.

Homenagem a um filho ilustre: Monteiro Lobato.

Bem, a Rota da Luz passa longe do centro da cidade de Taubaté, aliás, nesse trecho ela nem chega a ultrapassar a via Dutra.

E estávamos hospedados bem distante da igreja matriz, a Catedral de São Francisco das Chagas, que eu pretendia conhecer.

A belíssima igreja de Santa Terezinha, em Taubaté/SP.

Assim, face ao cansaço acumulado na jornada, optamos por fazer breve visita à magnífica igreja de Santa Terezinha, localizada muito próximo do local de pernoite.

E ali, na enorme praça que circunda o belíssimo templo, aproveitando a ocasião, contratei um taxista para levar nossas mochilas ao hotel seguinte, vez que a partir de Taubaté enfrentaríamos, praticamente, somente trechos urbanizados, em quase toda a extensão que resta para aportar em Aparecida.

E não queríamos correr riscos com nossos pertences.

RESUMO DO DIA:

Tempo gasto, computado desde a Pousada Paraíso, localizada em Redenção da Serra, até o Hotel Estrela do Vale, em Taubaté/SP: 6 h 52 min

Clima: frio e neblinoso de manhã, ensolarado, após as 8 horas, com temperatura variando entre 12 e 24 graus.

Pernoite no Hotel Estrela do Vale – Apartamento individual razoável, com banheiro minúsculo – Preço: R$70,00 - (Casal: R$140,00)

Almoço no Restaurante/Bar do Osmar – Excelente! Nota Dez! – Preço: R$22,00 o Kg, no sistema Self-Service.

IMPRESSÃO PESSOAL: Outra jornada de grande extensão e dificuldades, motivado pelos três ascensos a serem superados na serra do Mar, em sequência. Nessa etapa também ultrapassamos pelo ponto de maior altimetria da Rota. De se ressaltar que o trecho compreendido entre a rodovia SP-121, que sai de Redenção da Serra, até a rodovia do Boraceia, é de incomum beleza. Porém, o trecho final, que segue em direção à cidade de Taubaté, é estressante pelo piso asfáltico e o intenso tráfego de veículos, numa rodovia onde não há acostamento. Porém, a paisagem circundante, a ermosidade e o silêncio vivenciados no intermeio dessa etapa, valeram a pena, com sobras.