MINHA VIAGEM

MINHA VIAGEM

“A Paz não é um estado primitivo paradisíaco, nem uma forma de convivência regulada pelo acordo. A Paz é algo que não conhecemos, que apenas buscamos e imaginamos. A Paz é um ideal”. (Hermann Hesse)

Tudo teve início quando embarquei em um avião numa terça-feira, com destino à Salvador, Bahia.

Após um pouso tranquilo, ainda no aeroporto, me encontrei com a amiga Marlene, que seguira num voo matutino, e seria minha companheira nessa aventura.

Em seguida, tomamos um táxi e logo aportávamos ao Terminal Rodoviário da cidade, onde compramos passagens para o dia seguinte.

Na sequência, nos hospedamos no Hotel Pirâmide, de qualidade duvidosa, porém foi o estabelecimento cuja análise dos quesitos distância/custo/benefício era o que oferecia as melhores condições de hospedagem.

Findas as providências de praxe, atravessamos sobre a Avenida Antônio Carlos Magalhães por uma passarela de pedestres, e fomos ao Salvador Shopping almoçar.

Centro velho de Salvador/BA. Ao fundo, a igreja de São Francisco.

Depois, bem alimentados, tomamos outro táxi que rapidamente nos deixou nas imediações do centro velho de Salvador.

Centro velho de Salvador/BA.  Ao fundo, o Largo do Pelourinho.

Ali, primeiramente, seguimos em direção ao mítico Largo do Pelourinho.

O pelourinho era um instrumento de punição legal, utilizado pelos portugueses em todas as cidades do Brasil. 

Era um poste de madeira ou de pedra, com argolas de ferro, erguido em praça pública, onde os infratores da lei eram amarrados e chicoteados.

O pelourinho de Salvador foi instalado no século XVI, com a fundação da cidade.

Centro velho de Salvador/BA, próximo ao Largo do Pelourinho.

Inicialmente, localizava-se na Praça Municipal (atual Praça Thomé de Sousa).

Foi transferido depois para o Terreiro de Jesus e, com o protesto dos jesuítas, transferido para um local após as Portas de São Bento, como indicado no Prospecto de Caldas.

Em 1807, foi instalado no atual Largo do Pelourinho, até que esse tipo de punição fosse extinta, cerca de 30 anos depois.

O Largo do Pelourinho e suas redondezas abriga um grande número de casarões e igrejas dos séculos XVII e XVIII.

Alguns são hoje instalações de museus, centros culturais e restaurantes.

Centro velho de Salvador/BA. Esta casa azul alberga a Fundação Casa de Jorge Amado.

Em seguida, visitamos a Fundação Casa de Jorge Amado, que é uma organização não-governamental e sem fins lucrativos, cujo objetivo é preservar, pesquisar e divulgar os acervos bibliográficos e artísticos de Jorge Amado, além de incentivar e apoiar estudos e pesquisas sobre a vida do escritor e sobre a arte e literatura baianas.

A Casa de Jorge Amado tem também como missão a criação de um fórum permanente de debates sobre cultura baiana – especialmente sobre a luta pela superação das discriminações raciais e sócio-econômicas.

Centro velho de Salvador/BA. Máquina de escrever, que pertenceu a Jorge Amado.

Para manter viva a memória do escritor – que já teve seus livros publicados em 60 países – desde que foi inaugurada, a Casa de Jorge Amado conta com uma exposição permanente de documentos, fotografias, livros, suas apropriações populares, adaptações e objetos relacionados.

Também estão expostos prêmios recebidos por Jorge e fotos tomadas por Zélia Gattai, documentando o dia a dia do autor.

Atualmente, a Fundação Casa de Jorge Amado já é considerada um ponto de referência na geografia cultural de Salvador.

Centro velho de Salvador/BA. Interior da igreja de São Francisco.

Depois, envidamos demorada visita à Igreja e Convento de São Francisco.

Localizadas no coração da cidade, as estruturas foram erguidas entre os séculos XVII e XVIII e são consideradas uma das mais singulares e ricas expressões do Barroco brasileiro, apresentando, em especial a igreja, uma faustosa decoração interior.

Foram tombadas pelo Iphan, classificadas como uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo, e fazem parte do Centro Histórico de Salvador, que hoje é Patrimônio da Humanidade.

Centro velho de Salvador/BA. Convento de São Francisco.

Na sequência, acessamos o Elevador Lacerda, o primeiro elevador urbano do mundo e, por ele, descemos ao nível do mar.

Em 8 de dezembro de 1873, quando foi inaugurado, era o mais alto em termos mundiais, com cerca de 63 metros de altura.

Localizado na cidade de Salvador, na Bahia, cumpre a função de transporte público entre a Praça Cairu, na Cidade Baixa, e a Praça Thomé de Souza, na Cidade Alta.

Hoje é um dos principais pontos turísticos e cartão-postal da cidade.

Centro velho de Salvador/BA. Entrada do Elevador Lacerda, na parte alta da cidade.

Do alto de suas torres, descortina-se a vista da Baía de Todos-os-Santos, do Mercado Modelo e, ao fundo, o Forte de São Marcelo.

As obras foram iniciadas em 17 de outubro de 1869, e a oportunidade de realizar esse projeto surgiu quando a firma Antônio de Lacerda & Cia, cujo principal sócio era seu pai, comprou os direitos de construção de linhas de transporte na encosta e a firma se transformou na Companhia de Transportes Urbanos.

A inauguração do equipamento se deu quatro anos depois e o elevador ficou conhecido popularmente como "Parafuso".

Em 1896, o nome oficial foi alterado para "Elevador Lacerda" em homenagem ao idealizador e construtor Antônio de Lacerda.

Centro velho de Salvador/BA. Mercado Modelo, situado na parte baixa da cidade.

Então, para encerrar o profícuo passeio, nos internamos no Mercado Modelo, um dos locais mais marcantes da cidade.

Situado no bairro do Comércio, uma das zonas comerciais mais antigas e tradicionais de Salvador, constitui-se em importante atração turística.

Diante da Baía de Todos os Santos, é vizinho do Elevador Lacerda e do Centro Histórico/Pelourinho.

Centro velho de Salvador/BA. Vista do Elevador Lacerda, desde o Mercado Modelo.

Abriga duzentas e sessenta e três lojas que oferecem a maior variedade de artesanato, presentes e lembranças da Bahia, contando com dois dos mais tradicionais restaurantes de culinária baiana: o Maria de São Pedro, com oitenta anos de existência, e o Camafeu de Oxossi.

Inaugurado em 1912, o Mercado Modelo surgiu pela necessidade de um centro de abastecimento na Cidade Baixa de Salvador.

Entre a Alfândega e o largo da Conceição, constituía-se em um centro comercial, onde era possível adquirir itens tão variados como: hortifrutigranjeiros, cereais, animais, charutos, cachaças e artigos para o Candomblé.

Era servido pela rampa que leva o seu nome, antigo porto dos saveiros que atravessavam a baía de Todos os Santos.

Fachada da Pousada do Bosque, local de nosso pernoite em Amargosa/BA.

No dia seguinte, tomamos o ônibus da Viação Jauá que partiu, pontualmente, às 9 h e, depois de 5 horas de viagem, vencidos 240 quilômetros, com paradas intermediárias nas cidades de Cruz das Almas e Santo Antônio de Jesus, nos deixou na rodoviária de Amargosa, início do Caminho da Paz.

Rapidamente, face ao adiantado da hora, tomamos informações com transeuntes e logo aportávamos à Pousada do Bosque, local onde ficamos hospedados nesse dia.

Ali, por R$75,00, desfrutei de um quarto impecável, equipado com todos os requintes que a modernidade recomenda.

Restaurante Bom Gosto, local de nosso almoço em Amargosa/BA.

Famintos, vencidas as providências de praxe, nos apressamos e ainda conseguimos almoçar no Restaurante Bom Gosto, onde pudemos ingerir uma saborosa refeição, no sistema "self-service", por preço razoável.

Depois de um rápido descanso, fomos conhecer a praça central da cidade.

Ainda, pudemos fotografar e visitar o interior da nova igreja matriz de Amargosa, cuja construção foi concluída por volta de 1936, tendo como padroeira Nossa Senhora do Bom Conselho.

Um patrimônio arquitetônico em estilo neogótico.

Monumento ao Cristo Redentor, em Amargosa/BA.

No entanto, demarcando o local da primitiva Igrejinha que foi demolida, a Prefeitura erigiu um monumento ao Cristo Redentor, constituído de uma estátua de concreto armado (uma réplica do Cristo, erguido no Rio de Janeiro), na antiga Praça Cônego Francolino.

A obra foi executada pelo escultor Antônio Pedro Ferreira, responsável pelas decorações internas da Igreja Matriz da cidade, e foi inaugurada em missa campal em 1º de março de 1939.

Posteriormente, seguimos as flechas amarelas por algum tempo, de forma a facilitar nosso trânsito pela cidade na manhã seguinte.

Igreja matriz de Amargosa/BA.

A cidade de Amargosa foi fundada em 19 de junho de 1891, quando aconteceu o ato de criação que elevou a Vila de Nossa Senhora do Bom Conselho de Amargosa à categoria de cidade, passando a se chamar apenas Amargosa.

Seu nome teve origem na caça das pombas de carne amarga que faziam parte da fauna local, e que atraía caçadores da região, através do convite: “vamos às amargosas”?

A região onde ela se situa era de domínio dos índios Karirís de língua Karamuru e Sapuyá, que perdurou até meados do século XIX, quando os remanescentes foram massacrados pelos colonizadores.

Por volta de 1840 começou a formar o próspero povoado, iniciado com as famílias de Gonçalo Correia Caldas e Francisco José da Costa Moreira, em volta de uma Capelinha por eles construída.

Com o crescimento do povoado, devido ao prospero plantio de fumo e café, em 1878, foi instalada a Vila de Nossa Senhora do Bom Conselho das Amargosas, sendo que no dia 2 de julho de 1891, aconteceu a sessão solene de elevação de Vila à categoria de cidade de Amargosa, executando o ato de criação de 19 de junho de 1891, do Dr. José Gonçalves da Silva, governador do Estado da Bahia.

A importância da imigração e colonização europeia no final do século XIX, está presente na cultura de Amargosa e nas construções ainda existentes, seja ela italiana, portuguesa ou espanhola que se estabeleceram na cidade.

A maioria entrou no comércio com os armazéns de secos e molhados, empórios, na exportação e importação e na área rural com plantio de café e fumo.

Praça central e igreja matriz de Amargosa/BA.

Também é necessário ressaltar a importância dos afrodescendentes que aqui chegaram na condição de escravos para executarem o trabalho na cultura do café.

As marcas desse povo estão em toda parte, seja na religiosidade, ritmos musicais, folclore, a forma de produção das culturas de subsistência, principalmente na cultura da mandioca.

A cidade se destaca pela beleza de suas inúmeras praças e jardins, tendo como um de seus mais ilustres personagens o Sr. Pedro Calmon, que foi muito importante para o desenvolvimento da povoação na época em que sua família ali residia.

Situada no Vale do Jiquiriçá, em uma das mais belas paisagens do interior da Bahia, que incluem rios, cachoeiras, matas e trilhas, possui um dos quatro melhores índices de saúde da Bahia.

A pecuária extensiva é a marca do médio e grande produtor, sendo que a pecuária de leite intensiva, inserida no contexto nos anos 70, tinha se mostrado como alternativa, mas tem passado por grandes dificuldades devido ao custo dos insumos.

Interior da igreja matriz de Amargosa/BA.

Atualmente, a maioria da população ativa em Amargosa está inserida no setor primário, produzindo na agricultura as culturas de subsistência tendo a mandioca como a mais importante, com ênfase para banana, milho, feijão, fumo e amendoim, que são o sustentáculo da pequena produção. No cacau, café e a cana encontram-se a alternativa da pequena e da média produção.

As indústrias, em sua maioria, são de pequeno porte, com a produção consumida no município e em outros circunvizinhos. São quatro as micro usinas de leite em funcionamento e duas torrefações de café. As casas de farinha e olarias são de caráter artesanal, existindo mais de trinta no município.

Vale mencionar as serrarias e fábricas de móveis, que, apesar de artesanais, criam produtos de qualidade.

Também se destaca a implantação de uma unidade do pólo calçadista: a Daiby produz sapatos femininos, inclusive para exportação, emprega aproximadamente 400 pessoas; e o Frigorífico Frigamar, onde trabalham cerca de 200 pessoas.

Sua população estimada em 2014 é de 37.557 habitantes.

Fontes: http://www.amargosa.ba.gov.br/ / Wikipédia

Praça central de Amargosa/BA.

Por problemas de logística e comunicação com os administradores do Projeto Semente, o Sr. Daílson, proprietário da Pousada do Bosque, me comunicou que não tinha mais credencial em estoque para nos fornecer.

Mais tarde, o Sr. Presidio, idealizador desse Caminho, via telefone, entrou em contato comigo e prometeu que receberíamos nossos passaportes peregrinos no Hotel Portal do Vale, em Mutuípe, quando lá aportássemos.

O que de fato aconteceu.

À noite, optei por ingerir um frugal lanche, a um custo de R$10,00, que foi preparado na cozinha da própria Pousada.

E logo me recolhi, pois o percurso do dia seguinte seria de razoável intensidade.

Antes de dormir, no entanto, como sempre faço, busquei na oração o alívio para as minhas preocupações.

A primeira flecha do Caminho da Paz, pintada na calçada defronte à Pousada do Bosque, em Amargosa/BA.

Então, rezei assim:

Grandioso Deus, Pai de amor e bondade.

Venho a Tua presença pedir proteção.

Que Teu anjo acampe-se ao meu redor, livrando-me de todo perigo.

Que eu não tema as trevas, que eu não tema o homem, que eu não tema o mal.

Ao seguir o meu caminho, que eu possa sentir a Tua presença, Tua forte mão amparando-me,

sustentando-me, protegendo-me.

Que Tu sejas o meu escudo, meu refúgio contra as tempestades, o guardião da minha vida.

Estejas na minha frente, que sejas a minha retaguarda, que estejas sobre mim e a Tua mão me esconda nos dias ruins.

Guarda meu lar e meus entes queridos.

Desde já, agradeço a Tua proteção.

Amém”.

(Salmo 34:7)