6º dia -  SAPUCAÍ-MIRIM/MG a CAMPOS DO JORDÃO/SP - 31 quilômetros

6º dia - SAPUCAÍ-MIRIM/MG a CAMPOS DO JORDÃO/SP - 31 quilômetros

A jornada seria de razoável extensão e quase toda em ascenso, assim, como de praxe, levantamos às 4 horas.

O café da manhã já estava na mesa às 4 h 30 min e foi saboreado por todos, em meio a espessa cerração e muito frio, pois a temperatura exterior estava em torno de 7 graus.

Nesse dia, quem capitaneou as orações do grupo foi o Ademir, que teceu palavras oportunas à ocasião, depois comandou a reza que também foi partilhada pelo Sr. Cido, o proprietário da pousada.

Partimos todos às 5 horas, animados e confiantes, para cumprir mais uma etapa de nossa peregrinação.

Nós estávamos a 885 metros de altitude e os primeiros 2 quilômetros, caminhados sob a iluminação de nossas lanternas, nos levou a percorrer um trecho plano e tranquilo.

Depois, principiamos a ascender, sem tréguas, mas de maneira gradual e sem rispidez.

Na verdade, quase não se percebe que se está em contínuo aclive, pois o caminho perfaz inúmeros rodeios pelas faldas da montanha.

Estávamos, na verdade, trilhando a Estrada Municipal José Theotônio Silva.

Cinco quilômetros percorridos, num trevo, adentramos à direita, e seguimos em direção ao bairro Torto.

Com o dia ainda escuro, passei diante de graciosa cachoeira, situado do lado direito do caminho, que descendia de um morro e animava o ambiente com seu estrondear no piso rochoso.

Lentamente, o dia foi clareando e pudemos desligar nossas lanternas.

Com o dia amanhecendo, a Pedra do Baú vai ficando de nosso lado esquerdo.

De um local privilegiado, podia avistar os contornos da Pedra do Baú, que se encontrava à nossa esquerda e por trás da qual, em breve, o sol despontaria.

Também, de outro patamar, podia ver um mar de morros e, no fundo deles, uma forte cerração, mais parecendo um lago incrustado entre as montanhas.

Sempre em ascensão, visões imorredouras...

Tal visão perdurou por quase uma hora, enquanto ascendíamos e aportávamos em diferentes níveis, sempre ascendentes.

O trajeto, como um todo transcorreu, quase sempre, entre matas de plantações de pinheiros e eucaliptos.

Muita mata nativa no entorno.

No entanto, em alguns locais, a mata nativa, exuberante e preservada, esteve presente.

Para auxiliar, encontramos pouco trânsito nesse trecho, o que concorreu para tornar a caminhada agradável e profícua.

Trecho bucólico e silencioso.

Eu tentei sempre permanecer entre o ponteiro do grupo, o Sr. Antônio, e os demais.

Dessa forma, pude refletir sobre o que fazia, bem como fotografar o entorno, sem ônus ou pressão.

A mata nativa se mostra exuberante nesse trecho.

Interessante, cada um seguiu a seu ritmo e em determinado local fui ultrapassado pelos retardatários.

Então, solitário, na retaguarda, pude refazer minhas orações e senti meu íntimo e espiritualmente, muito bem.

Muitas montanhas a nos ladear...

Mas, os quilômetros foram sendo, inexoravelmente, superados e, depois de 13.700 metros percorridos, reencontramos nosso “carro de apoio”.

Nesse local, praticamente, havia se encerrado a aclividade e nosso astral só melhorava.

Quase no final do ascenso, pausa para café e altos papos.

Naquele local, às 8 h 30 min, ingerimos nosso agradável “café na trilha”, acompanhado por pão, queijo fresco e frutas, dentre outros acepipes.

O momento era de comemoração pela vitória sobre a ascendente serra e a alegria era a tônica no ambiente.

Estávamos a 1700 metros de altitude e o clima permanecia fresco e hidratado.

José Palmeiras e Renato, pessoas da maior qualidade.

Tudo era motivo de festa, porquanto a parte mais difícil do dia ficara no pretérito.

As brincadeiras, sempre saudáveis, incluíam todos os participantes da “excursão” e eu também não fui poupado.

Risadas sinceras espoucavam e, diria, com certeza, um dos maiores provocares dessa alacridade coletiva era o José Palmeiras que, com sua simpatia e veia zombeteira, deixava tudo mais leve e risonho.

Foram momentos indeléveis de intensa comemoração, mas o tempo urgia e, uma hora depois, voltamos ao “trabalho”.

Derradeiro trecho em terra, antes de acessar a rodovia.

Assim, caminhamos mais 1 quilômetro e logo chegávamos a uma rodovia asfaltada.

Ali giramos à esquerda e seguimos na direção do Palácio do Governo, instalado na cidade de Campos do Jordão.

Depois, prosseguimos em forte ascenso em direção ao Alto da Boa Vista e quando ali chegamos, estávamos a 1773 metros de altura, o ponto de maior altimetria dessa jornada.

A partir desse patamar, principiamos a descender e, sempre por asfalto e ruas movimentadas, ultrapassamos toda a cidade, caminhando no sentido oeste a leste.

Cavaleiros se preparando para partir rumo a Aparecida.

Foi um percurso tenso e inóspito, porquanto, dividimos as calçadas com turistas, pedintes, varredores de rua, buracos, enfim, uma caminhada feita sob o fragor do trânsito citadino.

Quase 8 quilômetros adiante, acessamos a estrada que segue em direção ao Horto Florestal de Campos de Jordão.

Quando transitara pelo Caminho da Fé anteriormente, em 6 ocasiões, fizera esse percurso de táxi.

Agora o percorria a pé e não me arrependi das jornadas pretéritas, porque a estrada não contém acostamento e o pedestre, a cada curva, corre sério perigo de atropelamento.

Enfim, uma jornada urbana e um tanto perigosa, que não tenho intenção de repetir.

Local de nosso pernoite nesse dia.

Bem, depois de 31 quilômetros percorridos, os derradeiros 16 em polvorosa insegurança, aportamos ao Restaurante e Pousada Rancho Alegre onde seu proprietário, o Sr. Sérgio, fez toda a diferença, por seu bom humor e companheirismo.

Ficamos ali alojados em quartos rústicos e desprovidos de maior conforto, mas o ambiente alegre e sadio me conquistou.

O Sr. Sérgio, proprietário da pousada, eu, Renato e Dejair.

Depois de merecido banho, fomos almoçar, e a suculenta refeição encantou e saciou a todos, pois, feita em fogão a lenha, e acompanhada de linguiça e carne defumadas.

Mais tarde chegou um grande grupo de cavaleiros, procedentes de Osasco/SP, que também ficou alojado no próprio estabelecimento.

O Sr. Sérgio, Marcelo, Renato e Dejair.

Eles iniciariam seu périplo na manhã sequente, porém, pernoitariam na Pousada de Dona Ana, no bairro do Gomeral, cuja sede é Guaratinguetá/SP.

O jantar foi servido às 19 horas e, como o almoço, estava supimpa.

Depois, face ao frio reinante, cada um seguiu para o conforto de sua cama, vez que a jornada sequente também seria de razoável extensão.

Com um peregrino que conheci na Pousada.

Custo individual na Pousada Rancho Alegre, do Sérgio: R$120,00, incluindo pernoite, almoço, jantar e café da manhã.

AVALIAÇÃO PESSOAL: Uma jornada em permanente ascenso nos primeiros 15 quilômetros, porém, por locais frescos e extremamente arborizados. Apesar da interminável aclividade, perpassamos por lugares mágicos e silenciosos, onde a natureza circundante se mostrou exuberante. Contudo, após o acesso ao asfalto e a difícil passagem pelos bairros centrais da cidade de Campos do Jordão, numa época de férias escolares, com trânsito caótico e calçadas esburacadas, tudo ficou tenso e desgastante. E a etapa sequente, trilhada pela rodovia que leva o turista ao Horto Florestal, se mostrou movimentada e perigosa para os pedestres, por falta de acostamento. Enfim, o trajeto urbano foi um percurso dificultoso, pelo excesso de ruído, azáfama e intensa civilização, elevados ao extremo.

7º dia - CAMPOS DO JORDÃO/SP a DISTRITO DE PEDRINHAS/GUARATINGUETÁ/SP - 31 quilômetros