11º dia – OURO BRANCO a CONSELHEIRO LAFAIETE – 23 quilômetros

11º dia – OURO BRANCO a CONSELHEIRO LAFAIETE – 23 quilômetros

Caminhar em direção ao nascer do Sol é experimentar na alma o sabor da Luz...

A jornada também seria de pequena extensão, assim, preferi partir às 5 h 30 min, com o dia clareando, depois de ingerir um copo de café que o porteiro noturno do hotel, gentilmente, me preparou.

Esse trecho do CRER segue o mesmo roteiro da Estrada Real.

Após abandonar a zona urbana, e já caminhando em terra, enfrentei um brusco ascenso, praticamente, o único do dia.

O profundo descenso pelo lado oposto foi por uma estrada vicinal asfaltada.

Depois de 6 quilômetros percorridos, acabei por sair na rodovia MG-129, próximo da Fazenda Carreira, onde se encontra a casa de Tiradentes que faz parte da história da Inconfidência Mineira, porque naquele local ele e os inconfidentes se encontravam.

Na sequência caminhei estressantes 6 quilômetros em piso asfáltico, por uma rodovia que não contém acostamento e apresentava grande fluxo de veículos, um terrível e apreensivo sufoco.

No 11º quilômetro passei diante da Gameleira, árvore histórica, pois foi nela que uma das pernas de Tiradentes ficou exposta, após sua morte e esquartejamento no Rio de Janeiro. No local há também um monumento em sua memória, inaugurado, no Bicentenário de sua execução, em 1992.

Logo depois adentrei à esquerda, numa estrada de terra extremamente empoeirada e depois de engolir e aspirar muita poeira, cheguei à zona urbana, pelo bairro situado próximo do Morro da Mina.

A partir dali, por ruas ascendentes, segui até o centro da progressista cidade.

Algumas fotos do percurso desse dia:

O primeiro e único ascenso do dia.

A histórica Fazenda Carreiras, em Ouro Branco/MG.

Transitando pelo povoado de Carreiras, por um calçadão lateral.

Placa alusiva à histórica Gameleira da Varginha.

Monumento a Tiradentes, edificado próximo da Gameleira de Varginha.

Trecho derradeira, em terra e com muita poeira.

Outro pé de ipê florido para alegrar o dia.

“O caminho de Ouro Branco a Conselheiro Lafaiete é marcado por histórias que envolvem o inconfidente Joaquim José da Silva Xavier, Tiradentes. Neste trecho encontra-se a antiga Fazenda Carreiras, um local de criação, venda ou troca de cavalos, e parada para aqueles que faziam a viagem do Rio de Janeiro à Vila Rica pela Estrada Real. Com o passar do tempo, o local ficou conhecido como Casa de Tiradentes, tanto pelo fato de afirmarem que o alferes pernoitou por lá em 1788, durante sua viagem de São João del-Rei a Ouro Preto, quanto pelo fato de D. Pedro II citar em seu Diário de Viagem que lá se reuniram os inconfidentes. Apesar disso, a documentação existente comprova somente que Tiradentes pernoitou na Estalagem da Varginha, próxima à Fazenda Carreiras. Cerca de 6 km à frente, o viajante passa pelo local onde ficava a Estalagem da Varginha. Neste ponto, ainda resiste ao tempo uma antiga árvore gameleira, onde foi exposta uma das pernas de Tiradentes, após seu enforcamento e esquartejamento no Rio Janeiro. Seus restos mortais foram transportados pelo Caminho Novo da Estrada Real até Vila Rica. Este caminho é plano e mescla trechos em asfalto e em estradas de terra. A cidade de Conselheiro Lafaiete, diferentemente da maioria das demais da Estrada Real, é de médio porte, com cerca de 126 mil habitantes.

Fonte: Instituto Estrada Real”

A famosa Gameleira de Varginha da qual, infelizmente, resta apenas parte de seu tronco principal.

A origem de Conselheiro Lafaiete está diretamente ligada ao início da exploração do ouro em Minas Gerais, em fins do século XVII. Naquela época, o local era habitado por aldeamentos de índios carijós. Já em 1681, antes do ouro ser oficialmente descoberto nas Minas, bandeirantes paulistas relataram haver ali tais aldeamentos. Esses pioneiros eram um dos muitos grupos de paulistas que percorriam o território mineiro em busca de ouro ou pedras preciosas. Os índios carijós eram originários do litoral do Sul e do Sudeste brasileiro; grupos do litoral do Rio de Janeiro haviam migrado para o interior, fugindo dos brancos.

O primeiro estabelecimento fixo de brancos na região aconteceu em 1694, onde hoje é o município vizinho de Itaverava e foi um grupo de bandeirantes liderados por Bartolomeu Bueno de Siqueira. Na mesma época, foi descoberto ouro em Itaverava, assim como em Sabará, Ouro Preto, Mariana e outros locais. Conselheiro Lafaiete tornou-se importante como ponto de apoio para quem ia até Itaverava.

O desenvolvimento de Conselheiro Lafaiete também foi diretamente afetado pela abertura do Caminho Novo. O porto do Rio de Janeiro era a principal porta de saída para a exportação do ouro de Minas e também a principal de entrada para pessoas que queriam chegar até as regiões auríferas. Até 1709, o trajeto entre as minas e o Rio de Janeiro era feito via Parati, com um trajeto costeiro por mar até o Rio. Naquele ano, foi aberto o Caminho Novo, que partia do Rio e terminava na altura de Ouro Branco. A partir dali, o trajeto continuava pelo antigo Caminho Velho. Conselheiro Lafaiete era atravessada de norte a sul pelo Caminho Novo.

A igreja matriz de Conselheiro Lafaiete/MG.

Naquele mesmo ano de 1709, foi instituída a freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre dos Carijós. A agricultura se desenvolveu e em meados do século XVIII a proporção de agricultores em relação a mineradores era bem maior que na maioria das outras localidades da região aurífera de Minas Gerais.

O distrito de Carijós foi criado em 1752. O município, chamado Vila Real de Queluz, foi criado em 19 de setembro de 1790, desmembrado da Vila de São José del Rei, hoje Tiradentes. Pela Lei Provincial nº. 1276, de 1866, foi elevada à categoria de cidade e em 1872 foi criada a Comarca de Queluz.(O nome Conselheiro Lafaiete passou a vigorar a partir de 27 de marco de 1934, pelo Decreto Estadual n.° 11.274, em homenagem ao Conselheiro Lafayette Rodrigues Pereira, quando se comemoravam o centenário de seu nascimento.)

Altar mór da igreja matriz de Conselheiro Lafaiete/MG.

Lafayette Rodrigues Pereira (Queluz, 28 de março de 1834 — Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 1917), mais conhecido como Conselheiro Lafayette, foi um jurista, proprietário rural, advogado, jornalista, diplomata e político brasileiro.

Foi primeiro-ministro do Brasil, de 24 de maio de 1883 a 6 de junho de 1884, e destacou-se por suas obras de direito denominadas Direito de Família e Direito das Coisas.

População atual: 126 mil habitantes - Altitude: 980 m

Fonte: Wikipédia

A praça central de Conselheiro Lafaiete/MG.

À tarde, tive o prazer de assistir à missa celebrada às 16 horas na igreja matriz da cidade. No final da cerimônia, fui cumprimentar o pároco, o simpático padre José Maria, e ele, ao saber de minha peregrinação, fez questão de me benzer e abençoar. Numm gesto eloquente e emocionante, que me levou às lágrimas.

A igreja matriz de Conselheiro Lafaiete/MG, de outro ângulo.

RESUMO DO DIA:

Tempo gasto, computado desde o Hotel Colonial, em Ouro Branco/MG, até o Hotel Villa Real, em Conselheiro Lafaiete/MG: Aproximadamente, 6 h.

Pernoite no Hotel Villa Real - Apartamento e localização excelentes! Atendimento especial, recomendo!

Almoço: Restaurante Deguste Marshmallow – Excelente, mas salgado! - Preço: R$43,90 o kg, servido no sistema self-service.

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma etapa de pequena dimensão, e que não apresenta praticamente nenhuma dificuldade altimétrica. No entanto, o trânsito pela rodovia sem acostamento empanou, decisivamente, a jornada desse dia. Ademais, o trecho final, em terra, se mostrou com muito pó no leito da estrada e acabei por aspirar e ingerir muita poeira. Já, conhecer a cidade de Conselheiro Lafaiete configurou-se uma experiência extremamente gratificante, por sua beleza estética e a simpatia e carinho com que seus filhos recebem os peregrinos.

12º dia – CONSELHEIRO LAFAIETE a CONGONHAS – 34 quilômetros