1ª Etapa: PONTEVEDRA a ARMENTEIRA – 22 quilômetros

Um dia de cada vez - isso é o suficiente. Não olhe para trás e lamente o passado, pois ele se foi; e não se preocupe com o futuro, pois ainda não chegou. Viva no presente e torne-o tão bonito que valerá a pena lembrar.” (Ida Scott Taylor)

Parti às 7 h da “Plaza de la Peregrina”, onde se encontra o “Santuário de la Virgen Peregrina”.

O primeiro trecho é comum ao Caminho Central Português, contudo, após caminhar 4 quilômetros, no cruzamento com Pontecabras, encontrei uma bifurcação, muito bem sinalizada: se prosseguisse adiante, rumaria em direção a Caldas de Rei, situada no itinerário do “clássico” Caminho Português.

Contudo, como minha intenção era conhecer a Variante Espiritual, girei à esquerda e prossegui em leve descenso.

Percorridos mais 3 quilômetros, passei por Poio, comunidade autônoma da Galiza, onde fiz uma pausa para ingerir uma xícara de café e carimbar a minha credencial.

Mais adiante, passei pelo Monastério de San Juan de Poio, que se destaca pelo seu claustro, onde estão representados em mosaicos, todos os monumentos importantes do Caminho Francês, desde Roncesvalles até Santiago de Compostela.

A origem desse Mosteiro não é muito clara, mas, crê-se que ele já existia no século VII.

Atualmente, é dirigido pelo monges da Ordem de La Merced e uma parte de sua construção está destinada a um hotel.

Vale a pena fazer uma pausa e visitar o Mosteiro de Poyo (preço do tíquete: 1,50 Euros).

Percorridos 12 quilômetros sem maiores novidades, cheguei a Combarro, um típico povoado turístico/marinheiro, situado à beira da ria de Pontevedra.

Na parte mais antiga da vila, pude observar inúmeros cruzeiros e hórreos, todos muito bem conservados e que são considerados bens de interesse cultural.

Achei igualmente interessante existir tantos restaurantes e lojas de artesanato numa vila tão pequena.

Observando a estrutura e beleza do local, fiz uma pausa para fotos, hidratação e, num bar, aproveitei para carimbar minha credencial.

Uma vez que até Armenteira eu não encontraria comércio, adquiri uma garrafa de água, embora soubesse que existe uma fonte na saída deste pequeno, belo e acolhedor “pueblo”.

Quando retomei o caminho, prossegui em ascenso contínuo e depois de atingir uma altura considerável, fui premiado com uma vista panorâmica onde pude enxergar a vila por onde eu transitara e de toda a zona envolvente.

Mais adiante, deixei a estrada bem sinalizada por onde eu seguia e, obedecendo à sinalização, prossegui por uma trilha fresca e agradável, situada no topo da serra.

Nesse trecho, encontrei alguns ascensos íngremes, contudo, depois de caminhar 18 quilômetros, principiei, finalmente, a descender.

E percorridos 22 quilômetros em bom e constante ritmo, cheguei a Armenteira, onde as únicas construções existentes são o Monastério, 2 cafés/restaurantes e um albergue de peregrinos, localizado 300 m à frente.

Já em Armenteira, pode-se visitar o Mosteiro (sem marcação prévia: apenas a igreja e o claustro), gratuito, sendo um pouco menos “espetacular” que o de Poio.

Se pretender definir etapas diferentes das apresentadas, há possibilidade de pernoitar em Campañó, Mosteiro de Poio e Combarro.

Algumas fotos do percurso desse dia:

Ponte na saída de Pontevedra, sobre o rio Lérez.

Bifurcação em Pontecabras: A Variante Espiritual segue à esquerda.

Trecho silencioso e deserto.

A igreja e o monastério de Poio.

Caminhando à beira mar. Ao fundo, o povoado de Combarro.

Hórreos em Combarro.

Seguindo em forte ascenso, pausa para admirar a ría e a cidade de Combarro, abaixo.

Quase no topo do morro, finalmente, deixando o asfalto para adentrar à terra.

Caminho fresco e deserto.

Do topo do morro, vista da ría de Pontevedra.

Agora, em descenso..

Chase chegando, descendendo por uma trilha bastante inclina

Chegando ao Monastério de Armenteira.

O local é mágico e transmite só boas energias.

Placa explicativa.

Conhecendo o início da Rota da Pedra e da Água, por onde eu transitaria no dia seguinte.

O Monastério de Armenteira está localizado em uma das encostas do Monte Castrove, no Concello de Meis, Pontevedra.

Após a fundação original, rapidamente, ele se tornou parte da Ordem de Císter, em 1162, chamando-se Santa Maria de Armenteira, e logo depois começaram as principais obras do mosteiro, incluindo a igreja.

No final do século XV, o local adentrou num certo declínio, talvez pela falta de um abade responsável por sua direção.

E o confisco introduzido pelo governo espanhol, forçou os monges a deixar o mosteiro em 1837.

"Portada" da igreja, século XII.

A partir dessa data, os edifícios, com exceção da igreja e da parte visível do claustro, paulatinamente, desmoronaram.

Em 1961, chegou ao local D. Carlos Valle-Inclán - filho do escritor - em busca de resgatar o local que inspirou seu pai a escrever os "Aromas de Leyenda".

Então, ante o que lá encontrou, concebeu um sonho: reconstruir o mosteiro.

Assim, com um grupo de amigos, ele fundou a Associação "Amigos de Armenteira" e, pouco a pouco, realizou grande parte de sua reedificação.

O interior do templo.

Isso permitiu que uma comunidade de freiras do Mosteiro de Alloz, Navarra, que lá chegaram em 1989, reiniciasse a vida monástica.

O templo é um grande edifício, com três naves e cabeça tripartida, uma cúpula no transepto (algo raro nas igrejas galegas) e uma grande fachada monumental, onde há um maior apego às formas românicas, tanto na planta como nas abóbadas do que em outros mosteiros cistercienses posteriores.

O que a edificação também denota é sua magnífica qualidade arquitetônica, pois seus construtores, deliberadamente, adicionaram uma nudez ornamental, já que nessa igreja não há concessões para a "redondeza" românica, pois todas são arestas vivas, independentemente das colunas, pilares, interiores, e da cabeceira da cruz, que foram substituídas por pilastras prismáticas.

Albergue de peregrinos de Armenteira: Excelente!

RESUMO DO DIA: Clima: frio e nebuloso de manhã, depois nublado / ensolarado, variando a temperatura entre 6 e 14 graus.

Pernoite no Monastério de Armenteira - Destinado a peregrinos ou turistas, em apartamentos, porém, é necessário fazer reserva antecipada. No entanto, 300 m à frente, existe um novíssimo albergue de peregrinos, ao custo de 6 euros.

Almoço no bar O Comércio: Excelente! - Preço: 12 Euros o “menu del dia”.

IMPRESSÃO PESSOAL: Trata-se de uma jornada de pequena extensão, mas com um pronunciado ascenso após a passagem pela bela cidade de Combarro. Por sinal, no final da cidade, já no alto do morro, há um local de descanso para os peregrinos, inclusive, com uma fonte de água potável. O trajeto sequente é de grande beleza e o descenso para o final da etapa, feito por uma trilha em declive, situada à beira de um riacho. No global, uma etapa de razoável esforço físico, mas plena de locais históricos e de rara beleza.