2022 – CAMINHO DE SANTIAGO FRANCÊS - 783 QUILÔMETROS


Peregrino é aquele que viaja. Que vive a andar por muitos e diferentes lugares. Que ama todas as diferenças porque tem uma fé do tipo e do tamanho que afasta preconceitos. Pouco lhe basta pra viver. Sabe como ninguém que o valor dos homens não se mede pelo o quanto possuem, mas pelo o quanto que são. Respeita a todos, e em especial aos que pouco têm e aos que muito acrescentam. Tem paixão pelo saber e pelos caminhos que levam ao conhecimento. Não se envergonha de suas emoções e até as estimula, como amante das artes e admirador das belezas da vida que é.

Eu tinha a intenção de percorrer o Caminho de Santiago Francês em abril de 2021, exatamente, 20 anos após debutar em itinerários de longa distância, nesse mesmo trajeto, objetivando auscultar o que se modificara em meu interior durante esse longo interregno. 

Contudo, face à pandemia que grassava na Europa, meus planos foram postergados, porém, assim que as fronteiras foram liberadas e o uso de máscaras suspenso, eu não hesitei: tomei um avião e dois dias mais tarde estava caminhando no norte da Espanha em direção à cidade de Santiago de Compostela: mais um sonho longamente acalentado que se realizou.

O INÍCIO


Partir é a mais bela e corajosa de todas as ações. Uma alegria egoísta talvez, mas uma alegria para quem sabe valorizar a liberdade. Estar sozinho, sem necessidades, encontrar desconhecidos, estrangeiros e, no entanto, sentir-se em casa em todos os lugares, e começar a conquistar o mundo.” (Isabelle Eberhardt)

Em Roscesvalles, na véspera da partida.

Saí de São Paulo numa segunda-feira à tarde, desembarquei em Madri às 6 h da manhã seguinte e aguardei 5 horas pelo voo de conexão que me levaria até a cidade de Pamplona, na Navarra, onde eu tomaria um táxi até meu destino final.


Nesse cansativo interstício, tive tempo para dirimir algumas dúvidas e tomar decisões, uma delas extremamente importante, concernente ao local de minha partida no Caminho, inicialmente, programado para ser em San-Jean-Pied-Port, na França.


Ocorre que ao consultar sites espanhóis de meteorologia, verifiquei que em razão das intensas nevascas ocorridas nos dias anteriores, a famosa Rota Napoleão que transpõe os Pireneus estava fechada, exatamente, aquela que me interessava percorrer, qual seja, todos deveriam seguir o ramal de Valcarlos, que contempla muito piso asfáltico.


Ademais, eu já partira dessa espetacular cidadezinha francesa em 3 oportunidades, assim, sabia por experiência que essa primeira jornada é a mais cansativa de todas, pelo fato de o caminhante ainda não estar afeito à dura liça física que enfrentará diariamente, então, o risco de uma lesão é iminente em todo o trajeto.


Dessa forma, visando salvaguardar minha higidez, ainda que muito a contragosto, optei por partir do Monastério de Roncesvalles, onde cheguei às 16 h, extremamente cansado, porém, ainda a tempo de assistir à noite a tradicional “Missa dos Peregrinos” e, no final da celebração, tive a felicidade de ser abençoado pelo pároco que presidiu a cerimônia.


Então, na manhã seguinte, uma fria e nublada quarta-feira, às 7 h e sob uma temperatura de 6°C, dei início à minha peregrinação em direção à Catedral Compostelana, uma caminhada com 783 quilômetros de extensão, que venci em 26 jornadas.



O MEU CAMINHO


"Na minha terra todo mundo sabe quem eu sou, conhecem minha família, minha profissão, meu cargo e meu poder aquisitivo. Mas quando parto em peregrinação eu deixo para trás tudo que me é familiar, fico sem nome e sem expressão; e logo me vejo nu diante de mim mesmo, com uma mochila nas costas e um cajado na mão. E eu me pergunto o que resta de alguém que não se reflete aos olhos dos outros. Chega a assustar. E a gente se vê forçado a uma revisão completa da vida. Refletimos no que fizemos e o que pode ser mudado. Quando peregrinamos estamos, ao mesmo tempo, viajando pela vida." (Notker Wolf)


O primeiro passo é sempre o mais difícil de dar e quem decide iniciar o Caminho de Santiago não demora a vê-lo.


São dezenas de peregrinos de todo o mundo, ansiosos por embarcar neste roteiro com raízes na Idade Média, que descobrem trajetos extenuantes.


A tela sobre a qual se desenrolará esta aventura foi desenhada há mais de mil anos e em todo esse tempo o roteiro quase não mudou: etapas que alternam bosques viçosos dão lugar a autênticos sertões onde o verde dos campos de cereais os envolve com seu brilho ofuscante, mesmas catedrais como humildes eremitérios, vales embalados pelo silêncio, assim, como também, cidades agitadas.


Descobre-se nos albergues e cantinas que, embora sejamos donos de nossos passos, eles seguem uma partitura onde não há espaço para pressa, guiados por constelações de estrelas e uma força telúrica sempre orientada para o oeste.

Passagem pelo "Alto del Perdón", a caminho de Puente La Reina..

Estamos em pleno ANO SANTO e os rigores da pandemia têm contido há meses aquela corrente que agora se derrama, irreprimível, com afluentes de toda Europa e além.


Dessa forma, partindo de Roscesvalles fui assolado por gloriosas reminiscências e, também, por uma série de dúvidas, pois eu temia que, ao repetir esse roteiro pela 4ª vez, não tivesse olhos para os encantos de mais uma passagem pelos campos de Navarra, Burgos, Palência, Bierzo, Galícia, etc...


Mas isto não ocorreu, porquanto os dias sequentes mostraram um Caminho de Santiago diferente do que eu tinha conhecido em 2001, 2004 e 2014, pleno de atrativos novos e empolgantes.


Na verdade, eu poderia afirmar que o roteiro Francês se divide em 3 segmentos bem distintos, sendo que o primeiro engloba o trecho entre San-Jean-Pied-Port e Burgos (300 quilômetros), um trajeto que contempla montanhas e carreia o peregrino para alguns descensos e ascensos importantes, um desafio para o corpo que ainda não está preparado para vencer longas distâncias.


A segunda parte, localizada entre Burgos e Léon (200 quilômetros), é conhecida como “los páramos leoneses”, um dos percursos mais monótonos da Rota, pois transcorre por uma região desértica, plana e aberta (sem proteção para sol, chuva e vento), com uma paisagem que pouco se altera, um verdadeiro desafio para a mente.


E na etapa final, de Léon a Santiago de Compostela (300 quilômetros), estão dois dos marcos mais importantes do roteiro: a Cruz de Ferro e a “escalada” do Cebreiro, além de finalizar com os últimos 100 quilômetros plenos de “turisgrinos”, o que faz desse trecho derradeiro um repto para o corpo, mente e espírito.

O trânsito pela cidade de Burgos é sempre prazeroso e inesquecível.

Assim, ao longo dos dias, pude observar as mudanças – algumas muito violentas – que o espaço da peregrinação vem sofrendo nos últimos anos, que merecem reflexão e discussão, no entanto, em outro nível, e não importa quais influências mudem o aspecto exterior do Caminho, cada um de nós pode lá realizar sua viagem interna com todo o proveito possível.


Nesse sentido, tive o prazer de rever lugares e pessoas que conhecera em anos anteriores, bem como alojei-me em vilarejos diferentes, desfrutei de outros locais de pernoite e, além disso, fiz muitos amigos entre os brasileiros que encontrei pelas estradas.


Ademais, o “Buen Camiño”’ desejado e recebido a todo instante, se transforma em um código quase secreto, pois são palavras que carregam um enorme significado e que só quem está há dias caminhando o entende, visto que ele te dá forças para seguir em frente quando o cansaço bate, abre portas para uma nova conversa e transmite o sentimento do espírito peregrino.


E todos nós sabemos quando ele vem vazio, de alguém que não está vibrando na mesma sintonia que a nossa, mas, mesmo assim, desejamos, de coração, aos outros irmãos peregrinos, o melhor que o caminho possa lhe oferecer.


Em resumo, eu diria a quem reunir condições socioeconômicas para caminhar na Espanha em direção a Santiago, deve fazê-lo, pois tal feito é uma dádiva, seja qual for a rota escolhida, vez que é nela que iremos vivenciar os propósitos e as diretrizes que o caminho jacobeu tem o condão de fazer renascer em nosso espírito.



CLIMA /PAISAGENS E CURIOSIDADES


"O tempo exerce um papel essencial na formação do "verdadeiro" peregrino. O Caminho é uma alquimia do tempo sobre a alma. É um processo que não pode ser nem imediato, nem mesmo rápido. O peregrino que encadeia semanas a pé constrói uma experiência com isso. Uma curta caminhada não basta para corrigir seus hábitos, ela não transforma radicalmente a pessoa. A pedra permanece bruta porque, para talhá-la, é preciso um esforço mais prolongado, mais frio e mais lama, mais fome e menos horas de sono." (Jean-Christophe Rufin)

Passagem pela magnífica Catedral de León.

As condições climáticas nesta área da Espanha, no início de abril, são normalmente dúbias e neste ano ela foi ainda mais renitente do que o habitual, pois enfrentei muito vento, chuvas, frio e até mesmo neve, quando ultrapassei o “Alto de La Pedraja”, logo após transitar pelo vilarejo de Villafranca Montes de Oca.


Mesmo assim, confesso, eu prefiro caminhar sob o clima frígido da primavera do que sob o calor intenso, até porque as paisagens são muito mais bonitas nesta época do que no restante do ano.


Ademais, tinha receio de que meus 71 anos fossem empecilho para caminhar muito, diariamente, no entanto, logo no primeiro dia vi que estava completamente enganado, pois encontrei muitas pessoas com idade superior à minha percorrendo o roteiro com muito fôlego, disposição e energia.


Acresça-se que ultrapassei inúmeros grupos da terceira idade, a maioria composto de mulheres, todos caminhando com entusiasmo, alegria e imensa empolgação, pois não carregavam mochilas e estavam assistidos por um carro de apoio e guias.


No trajeto, por exemplo, conheci um francês, Sr. Jaques, que estava com 78 anos, e já tinha feito o Caminho anteriormente, em outras 7 oportunidades, sempre no mês de abril, e para comprovar, exibia suas Credenciais de Peregrino dos eventos pretéritos, com todos os carimbos. Andava acompanhado de um amigo, Sr. Willian, que tinha 75 anos, ambos residiam em Marselha, caminham tanto quanto eu, diariamente, e fizemos alguns trechos juntos. Porém, também, tinham o hábito de só se hospedar em hostais/pensões, pois diziam que os albergues eram para gente jovem acostumada ainda a enfrentar as agruras da vida, e que este tipo de acomodação nos infringe muitos incômodos, como a falta de privacidade, barulhos, ruídos noturnos suspeitos, camas conjugadas em beliche, banheiros compartilhados, pessoas que não se banham, não lavam suas meias, roncos em demasia, etc.


Tive informações num dos albergues existentes em Nájera, de outro alemão atualmente com 86 anos, o qual faz o Caminho anualmente, desde 2006, quando completou 70 anos, sempre alcançando o final com sucesso e, detalhe: não usa nem bota, nem tênis, apenas uma espécie de calçado mocassim.


Existem também casos extremos, pois em Roncesvalles encontrei um senhor de 66 anos, inglês, que fazia o Caminho Santiago/Roma, num percurso total de 3.000 quilômetros, já havia percorrido 750 km em 30 dias, e calculava gastar mais 4 meses no trajeto.

Na Cruz de Ferro, um local extremamente místico e marcante em termos espirituais.

Em Cacabelos conheci um italiano de 60 anos que percorria o Caminho, desde Roma e para comprovar exibia uma enorme Credencial com mais de 300 carimbos dos lugares diferentes por onde tinha passado, fruto dos 150 dias de caminhada gastos para vencer tal distância.


Assim, conforme mencionei, idade não é entrave para se fazer o Caminho, claro, desde que sopesadas as distâncias a serem percorridas diariamente, e o condicionamento físico adequado, poderá o peregrino tranquilamente chegar a Santiago sem percalços.


Sobre as lavouras, uma coisa também curiosa que notei, é que não existem habitações nos campos. Todos moram nas povoações e se deslocam para seu local de trabalho rural, através de tratores, motos, carros, etc. Também não existem cercas separando os terrenos e as plantações. Os limites são estabelecidos por pequenos fossos, por onde correm as águas utilizadas na irrigação.


É interessante, ainda, observar as cegonhas que vi ao longo do Caminho. Elas vivem em lugares frios, situados ao norte da Europa, e no início da primavera procuram países mais próximos do equador, como a Espanha e Portugal, para procriar. Vi-as em quantidade a partir de Burgos (km 300), porém depois de Leon (km 500) encontrava-as em todos os locais. Nidificam em lugares altos e inacessíveis, como postes de iluminação, cumeeiras de casas, árvores centenárias, e, principalmente, nas torres das igrejas. Seus ninhos são enormes e compactos, geralmente construídos em lugares abertos, expostos ao sol, frio e chuva. Em abril/maio quando lá estive, estavam chocando ou ainda se acasalando. Creio que aqueles que passarem pelo Caminho a partir de junho, terão a oportunidade de vê-las já com seus filhotes, pois o período de incubação é de 37 dias.


O espírito de solidariedade dos que moram às margens das trilhas é inexplicável e prossegue imutável. Guy Veloso conta em seu livro que, no início da caminhada, um agricultor de aspecto rude passou por ele dirigindo um trator, em alta velocidade. Alguns minutos depois o homem retrocedeu, e sem nada falar-lhe, entregou-lhe um cajado e amarrou a mochila corretamente em suas costas. Da mesma forma, por distração, em duas oportunidades eu errei o caminho, e imediatamente, fui alertado por pessoas de que não estava no rumo certo.



REFLEXÕES


Eu consegui! Cheguei hoje em Santiago! Foi uma das experiências mais bonitas da minha vida. Aqui eu encontrei paz é felicidade! Comecei com muitas perguntas, procurando respostas. O caminho não me deu as respostas, porque o caminho não te dá o que você procura, mas te dá o que você precisa!!! O caminho sabe disso! Eu fui solitária. Conheci muita gente, ouvi tantas histórias.... Andei quase sempre sozinha, ouvi o barulho dos meus passos, sempre achei onde dormir...... Em Santiago chegamos em 7.... Novas amizades, novos laços…. Se você sentir que o caminho "te chama", vai! Não tenha medo! É uma experiência maravilhosa!” (Consuelo Pignata)


Adentrar em Santiago de Compostela caminhando, depois de percorrer 800 quilômetros, para mim, foi uma mistura, em partes iguais, de emoção, satisfação pessoal e agradecimentos a São Tiago, vez que não consigo encontrar outra maneira de clarificar melhor aquele momento.


Pois, o CAMINHO é uma experiência única, intensa e inesquecível, além de enormemente enriquecedora, em todos os sentidos, então, 26 dias de caminhada vão longe, especialmente, se todos os cinco sentidos estiveram alertas em cada etapa do Roteiro.

Muita neve no caminho, próximo do Monastério de San Juan Ortega..

Dessa forma, pretendo encerrar este compêndio de sensações, com breves reflexões de cunho pessoal:


1. Para percorrer o Caminho de Santiago você não precisa ser atleta e nem ter participado das Olimpíadas, mas uma adequada preparação é imprescindível, pois, submeter o corpo a um esforço de grande magnitude, repentinamente, e sem nenhum treinamento, pode facilmente ocasionar o aparecimento das temidas bolhas ou alguma tendinite de longa duração.


2. Também, é salutar investir em calçados de qualidade e meias adequadas, vez que 100% do sucesso no percurso depende de seus pés. E, claro, o Caminho é o lugar menos apropriado para amaciar botas/tênis novos, por isso é conveniente “domesticá-las” em, no mínimo, 300 quilômetros, antes de aportar à cidade onde se iniciará a caminhada.


3. O Caminho, além de extremamente limpo, cuidado e respeitado, também, está muito bem sinalizado, qual seja, é impossível se perder ou desviar de sua trajetória.

Descendendo o Cebreiro..

4. Algo que me marcou nessa longa jornada, no global, foi o grande número de cidades abandonadas/semiabandonadas, mas, por óbvio, o despovoamento rural é irrefreável, contudo, em algumas regiões ele atingiu níveis alarmantes.


5. O Caminho representa, na minha opinião, a expressão máxima do que o termo globalização representa, pois nele encontrei uma multidão de culturas e idiomas diferentes, todos com o mesmo objetivo comum.


6. O roteiro é, também, uma aula abrangente e acelerada em geografia e história da Espanha, vez que o contraste entre as diferentes regiões por onde ele perpassa, nada mais faz do que demonstrar o enriquecimento desse país, onde a diversidade sempre foi inclusiva e não exclusiva.


7. Finalizando, prossigo surpreso que o Caminho tenha sobrevivido por mais de 10 séculos a tantas vicissitudes, anos de progresso e mudanças nas diferentes regiões por onde ele discorre; acima de tudo, em relação às comunicações, rodovias, redes ferroviárias, aumento das populações regionais, etc. Assim, até parece um milagre que ele permaneça razoavelmente “inteiro”. O que me deixou muito feliz!



EPÍLOGO


'Um Universo chamado Caminho de Santiago'


Enquanto o mundo gira, peregrinos caminham, sempre respirando a intimidade e a beleza da pura e intocável natureza, cruzando comunidades, vilas, vilarejos, pequenas e médias cidades, cuja lembrança nos toca o coração, pela simplicidade do acolhimento. Colocamos na mochila do aprendizado a história, a cultura e a gastronomia local. Seguimos colecionando amigos, somando irmãos, multiplicando conhecimentos, dividindo experiências, contando e ouvindo contos e causos. Assim, viemos caminhando e com o coração pleno de emoção, talvez com os olhos em lágrimas, até a casa do filho de Zebedeu e Salomé, em Santiago de Compostela.

Enfim, em Santiago de Compostela!

Muitas pessoas já me questionaram a razão de eu percorrer Caminhos, quase sempre, de forma solitária.


Infelizmente, nem sempre encontramos a companhia adequada, e os amigos que eventualmente poderiam me acompanhar nas caminhadas, ainda estão na ativa, trabalhando duro, e não posso postergar meus planos.


Mas, minha opção de caminhar escoteiro tem também outros fundamentos.


Nessa situação, você tem necessidade de se comunicar com as pessoas à sua volta, interagir, até pela simples vontade de conversar.


Além do que, estando em lugares novos e desconhecidos, muitas vezes, não sabemos ao certo o que fazer ou aonde ir.


Desta forma, sempre conhecemos pessoas e fazemos amigos.


Outro motivo é que, sozinho, decidimos tudo sem ter de consultar mais ninguém.


Assim, não há atritos ou divergências, pois não necessitamos convencer nem brigar com nós mesmos.


Creio que é muito difícil conciliar decisões e vontades por um longo período, convivendo 24 horas do dia com outra pessoa.

Meu 17º Diploma de Compostela.

Porém, o mais importante é que seu sonho pode não ser o mesmo do amigo que está ao seu lado, sendo assim, as renúncias que você faria para conquistá-lo poderiam não ser feitas pela outra.


Já li e ouvi relatos de grandes amigos que saíram em viagem e menos de um mês depois se separaram, para um não assassinar o outro.


Estar só, onde não se conhece ninguém, longe de seu país e da língua é, também, uma oportunidade de autoconhecimento, de superação, de enfrentar desafios e ter que encontrar solução para eles.


A grande desvantagem é quando algo dá errado, você não tem com quem compartilhar os dissabores.


Quando planejamos uma viagem, não contamos, obviamente, com ajuda externa.


Nem pensamos que no caso de ocorrer algum problema, alguém aparecerá para nos ajudar.


A ideia é que tenhamos sempre a solução para o imbróglio e as ferramentas para tal.


Contudo, muita gente tem prazer em auxiliar os peregrinos estrangeiros, dentro de óbvios limites.


E, graças a Deus, sempre consegui ajuda e solidariedade ao longo dos Caminhos, nas mais diversas situações.


Bom Caminho a Todos!


Maio/2022