16ª etapa – AGONCILLO à LOGROÑO – 18 quilômetros

16ª etapa – AGONCILLO a LOGROÑO – 18 quilômetros

Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerces. Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça prioridades e corra riscos para executar seus sonhos. Melhor é errar por tentar do que errar por omitir.” 

A etapa seria bastante curta e na chegada a Logroño eu reencontraria com o Caminho Francês, meu velho conhecido.

Dali, eu estaria a 600 quilômetros de Santiago de Compostela e eu não tinha tempo e nem interesse em percorrer toda essa quilometragem, porque já conhecia todos os locais, por ter feito esse trajeto em três oportunidades.

Minha intenção era seguir até Sarria de trem, e de lá ir até Finisterre a pé.

No caminho, em direção a Logroño. O primeiro trecho foi sob piso asfáltico.

Assim, deixei o local de pernoite às 7 horas, quando o dia já estava clareando.

Na verdade, o dia se mostrava enfarruscado e havia chovido um pouco na madrugada, de forma que, prudentemente, protegi a mochila e deixei a minha capa de chuva em local de fácil acesso.

Eu segui pela rodovia uns 2 quilômetros, quando me reencontrei com o roteiro oficial, que ascende um morro, localizado do lado direito da pista.

Passando pela pequena vila de Recajo.

Quatro quilômetros depois, eu passei por Recajo, uma minúscula vila, onde residem umas cem pessoas.

Então, atravessei a via-férrea e, já do lado oposto, acessei uma larga estrada de terra.

Caminho de terra, amplo e plano.

Por ela prossegui sem pressa, pois o clima fresco e ameno estava excelente para caminhar.

Dia nublado, ideal para caminhar.

Do meu lado direito existia um frondoso bosque, que margeava o rio Ebro, bastante largo nesse tramo.

Do lado esquerdo, vinhedos..

Sem maiores dificuldades, fui me aproximando da zona urbana de Logroño e, em determinado local, eu passei a transitar pelo Parque de La Ribeira.

Pessegueiros do lado esquerdo.

Ele está situado ao lado do rio Ebro, entre o Monte Cantábria e a cidade de Logroño, unindo o Parque do Ebro com o Parque de Iregua, e formando um grande cinturão verde nessa região.

Muitas hortas e pomares do lado esquerdo.

Logo em seu início, eu passei ao lado de imensas hortas, destinadas ao cultivo de hortaliças e plantas ornamentais.

Caminhando pelo Parque de La Ribeira.

Posteriormente, passei a encontrar grandes áreas ajardinadas, pista de corrida, ciclovia, anfiteatro, etc.. 

Parque de La Ribeira: local belíssimo e muito bem cuidado.

Sempre em meio a muito verde, num local espetacularmente bem cuidado, e dotado de excelente infraestrutura.

Ainda no Parque de La Ribeira.

Eu segui as flechas amarelas e constatei que nessa etapa, a sinalização estava impecável.

Mais adiante, eu deixei o Parque e segui caminhando em área urbana em direção ao centro da cidade e logo me reencontrei com o roteiro proveniente do Caminho Francês.

Ponte sobre o rio Ebro, em Logroño.

Quinhentos metros depois, eu ultrapassei o rio Ebro por uma ponte e logo cheguei ao “casco viejo”.

Ainda era bastante cedo, de forma que, para agilizar meus trâmites pela cidade, eu tomei informações com transeuntes e, meia hora mais tarde, chegava a Estação Ferroviária de Logroño, localizada num prédio novo, amplo e vistoso.

Uma das belíssimas e bem cuidadas praças de Logroño.

Ali, comprei minha passagem para viajar naquela noite, depois me hospedei num hostal, situado nas imediações do magnífico Paseo del Príncipe Vergara, também conhecido como Paseo del Espolón.

Ele se localiza na praça mais emblemática da urbe e foi durante muitos anos o centro físico da cidade, sendo que, atualmente, é o seu centro financeiro.

Para almoçar, utilizei um dos inúmeros restaurantes existentes na região, depois fui descansar.

"Paseo del Espolón", em Logroño.

Logroño, com quase 146.000 habitantes (metade de toda a população da província de La Rioja), é um grande centro urbano, o que a torna uma das mais populosas cidades do Caminho.

Situada às margens do rio Ebro, e a 600 quilômetros de Santiago, nela eram impressas as Indulgências fornecidas aos caminhantes que chegavam à Compostela.

Entra-se em Logroño pela antiga ponte de pedra, construída no século XI, por ordem de Alfonso VI, rei de León e Castela, e posteriormente mantida e reformada por Santo Domingo de la Calzada e San Juan de Ortega, e era tão importante estrategicamente, que chegou a ter 12 arcos e 3 torres defensivas.

As origens da cidade se perderam no tempo, mas é certo que foi recuperada das hostes muçulmanas no século X.

Praça principal da cidade.

Nos arredores de Logroño, a apenas dezessete quilômetros da cidade, no sopé de uma colina sobre a qual ainda se avistam as ruínas de um antigo castelo, situa-se a pequena aldeia de Clavijo.

Embora, situada fora da rota de peregrinação, foi ali que ocorreu um dos fatos mais importantes da história do Caminho, quando no ano 844, o rei Ramiro I, de León, derrotou o califa mouro Abdar-Rahman II, na famosa batalha de Clavijo.

Diz a lenda que essa vitória só foi possível porque São Tiago, em pessoa, ajudou as tropas cristãs, montado em um cavalo-branco, e desde então nasceu o mito de Santiago Matamoros ("mata mouros"), que rapidamente espalhou-se pela Europa.

Todo dia 23 de Maio, aniversário da batalha, realiza-se em Clavijo uma pitoresca e folclórica romaria presidida pelas imagens de São Tiago e da virgem de Ten Tu Día.

A igreja matriz de Logroño.

No domingo seguinte a essa festa, celebra-se a missa ao lado do castelo, acompanhada por uma representação alegórica da lenda das cem donzelas, com dançarinas vindas da vizinha aldeia de Albelda.

Destaque (para os que dispõem de tempo e fígado), para a já lendária “trilha dos elefantes” (la senda de los elefantes) nas ruas Laurel e San Juan – um conjunto de bares onde cada um oferece um tipo de “tapa” (pinchos), para ser acompanhado de umas “cañas” ou umas “copas” de um bom vinho La Rioja.

Entre as virtudes da cidade está a da cultura do vinho e a gastronomia, com boa oferta de albergues, hostais, hotéis e restaurantes.

À tarde, fui até o albergue de peregrinos carimbar minha credencial e ali fiquei um bom tempo conversando com o hospitaleiro e, depois, com um peregrino português.

Posteriormente, fui matar saudades da magnífica capital riojana e, sem pressa, percorri suas ruas e avenidas principais.

Igreja matriz de Santa Maria La Redonda.

Fiz também demorada visita ao interior de sua igreja matriz, cuja padroeira é Santa Maria La Redonda.

À noite, me recolhi cedo, mas acordei às 23 horas, e logo marchei em direção à Estação Ferroviária da cidade, onde embarquei num trem em direção à Sarria.

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