2021 – “RAMAL SÃO JOSÉ” DO CAMINHO DA FÉ: 

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP a BORBOREMA/SP - 160 QUILÔMETROS


Nós pertencemos à estrada. É por isso que nosso olhar está sempre no horizonte, olhando, sonhando, desejando outra oportunidade para partir novamente." (Nomadic Matt)

Como peregrino contumaz, eu já percorrera todos os ramais do Caminho da Fé, contudo, faltava conhecer um percurso recentemente inaugurado, nominado de “Ramal São José”, distante 894 quilômetros de Aparecida/SP.


Objetivando desvendá-lo e, como ato insistentemente aguardado para o ano em curso, fui até a cidade de São José do Rio Preto/SP, de onde, curioso e entusiasmado, caminhei até Borborema/SP, num total de 160 quilômetros, superados a pé em 6 jornadas, visto que dali até a Basílica de Aparecida eu já conhecia trajeto.


Um pouco do que vi e observei em mais essa aventura, com fotos, publico abaixo, em forma de um singelo diário.



A VIAGEM


Somente quem viaja pode se considerar rico, pois o ensinamento o torna sábio, capaz de entender os desafios de cada cultura e mais, o torna um crítico de si mesmo e do mundo.


O Ramal São José foi solenemente incorporado ao roteiro do Caminho da Fé no dia 19/03/2021, unindo-se ao tramo principal no município de Borborema/SP.


Curioso e expectante em caminhar nesse novel itinerário, deixei minha residência e tomei um ônibus que, depois de 6 horas de viagem e algumas paradas intermediárias, me deixou em São José do Rio Preto/SP, ponto inicial de minha aventura.


Rapidamente, me dirigi ao Hotel Itamarati onde havia feito reserva e ali, por R$100,00, pude dispor de um excelente apartamento individual


Depois das providências rotineiras, inclusive, tomar um bom banho frio para refrescar, fui almoçar e, em seguida, caminhei até a Basílica Menor de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, onde está fincado o “Marco Zero” desse ramal.


Após bater algumas fotos, adentrei ao templo para orações e, à noite, como de praxe, me recolhi cedo, já prelibando a jornada inaugural, quando eu seguiria em direção à cidade de Cedral.

A Basílica Menor de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em São José do Rio Preto, "Marco Zero" desse Ramal.

São José do Rio Preto é um município do interior do Estado de São Paulo, cuja população estimada em 2016, segundo o IBGE, é de 446.649 habitantes, sendo então o décimo primeiro mais populoso de São Paulo e o 52º do país. Era uma imensa região, limitada pelos rios Paraná, Grande, Tietê e Turvo, com mais de 26 mil km2 de superfície. Nesse mesmo ano, foi nomeado o primeiro intendente. De lá para cá a cidade só fez progredir e se tornou ponto de referência no Noroeste do estado de São Paulo. Entroncamento de 5 rodovias mais a ferrovia, Rio Preto desde sua fundação se revelou um importante centro de negócios. A cidade hoje, é um dos principais polos industriais, culturais e de serviços do interior de São Paulo. Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, publicada na revista Você S.A., São José do Rio Preto é a 18ª colocada no ranking das cidades brasileiras mais promissoras para se construir uma carreira profissional. A Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) classifi­cou a cidade como a 2ª mais desenvolvida do país e a primeira do Estado. O município conta ainda com uma importante tradição cultural, que vai desde o seu artesanato até o teatro, a música e o esporte. O que ninguém esquece quando visita a cidade é o calor (humano é claro) e a gastronomia variadíssima, mas o que chama mesmo atenção é a hospitalidade do rio-pretense.



1º dia: SÃO JOSÉ DO RIO PRETO a CEDRAL – 27 QUILÔMETROS


Se você quer mudar sua vida, tente agradecer. Isso vai transformar sua vida poderosamente.” (Gerald Good)


Eu deixei o local de pernoite às 5 h 30 min e, extremamente confiante e esperançoso, iniciei minha peregrinação.


Naquele horário, a temperatura estava amena, e um vento frio soprava à minha retaguarda, como que tentando me empurrar em direção ao meu objetivo daquele dia.


O trecho urbano me levou a caminhar um bom tempo ao lado da Represa Municipal, depois, eu transpus as vias férreas e, mais adiante, por uma ponte, eu atravessei o rio Preto e prossegui à direita, beirando à represa, sobre pistas de trekking, num trajeto plano e extremamente agradável.


Em determinado local, uma viatura militar estacionou ao meu lado e dela desceu um simpático policial que me cumprimentou, depois me inquiriu se eu era um peregrino e face à minha resposta afirmativa, pediu para bater uma foto comigo que, mais tarde, seria postada num grupo de aficionados pelo Caminho da Fé na região.


Percorridos, aproximadamente, 7 quilômetros, eu prossegui transitando por bairros periféricos, mas logo passei a caminhar sobre terra, numa estrada larga e plana, onde aspirei bastante poeira, por conta da estiagem que grassava na região e do expressivo tráfego de veículos.


Nesse trecho eu caminhei entre canaviais e imensas pastagens, onde o forte é o gado leiteiro, e nele também cruzei com inúmeros ciclistas que perfaziam seu “pedal matinal”.


Seguindo em frente, no 17º quilômetro eu transitei pelo distrito de Engenheiro Schmitt, fundado em 1927, cuja sede é São José do Rio Preto, onde residem quase 40 mil pessoas e há comércio variado.


Depois de uma pausa para descanso e hidratação, eu prossegui adiante e percorri mais 8 quilômetros entre canaviais e plantações de seringueiras, num trajeto arejado e extremamente agradável, onde o silêncio e a ermosidade foram a tônica.


Restando, aproximadamente, 5 quilômetros para chegar ao meu destino, fui alcançado por uma simpática dupla de ciclistas, o Lucidio Bertoco e a Preta Lucas, com quem segui caminhando até a entrada de Cedral, e pude saber um pouco deles e da história desse novel Ramal, pois eles também foram grandes batalhadores para que esse projeto saísse do papel.


Já em zona urbana, depois de algumas fotos, nos separamos: eles retornando a Rio Preto e eu me hospedando na cidade.


A esses bravos ciclistas e amigos peregrinos meu agradecimento sincero pelo apoio, companhia e incentivo à minha aventura de fé.


Algumas fotos da jornada desse dia:

Pensamento perfeito!

Trecho plano e arejado.

Estrada plana e reta, uma constante nesse ramal.

Com o Lucidio, dileto amigo e ciclista. E, também, um grande peregrino!!

Junto com o Lucidio e a Preta, que gentilmente me "escoltaram" no trecho final dessa etapa. Gente boa demais!!

Embora não se possa afirmar com absoluta segurança quando chegou o 1º habitante de Cedral, segundo relato de velhos moradores, em 1.900 os Srs. Felicio Bottino, Severiano Vicente Ferreira, Cel. Silverio da Cunha Lacerda e o Sr. Vicente Ferreira da Silva já habitavam o local. A maior dificuldade encontrada pelos residentes foi derrubar as imponentes árvores de cedro, que se emaranhavam, dominando a região, sendo que desse obstáculo surgiu o nome do município. Cedral progrediu rapidamente, graças à inauguração da Estrada de Ferro Araraquara, em 1912, depois, em 1924, instalou-se luz elétrica e em 1925 a Paróquia, cujo padroeiro é São Luiz Gonzaga. Origem do Nome: O nome Cedral foi extraído da árvore cedro, ali existente em grande escala na época de sua fundação. População: 9.300 habitantes.


RESUMO DO DIA:


Pernoite no Hotel Jardim do Cedro – Apartamento individual excelente – Preço: R$70,00


Almoço numa Lanchonete localizada a 50 m do hotel: Excelente! Preço: R$12,00 por um delicioso “Prato Feito”.


IMPRESSÃO PESSOAL – Uma jornada de média dimensão e, basicamente, urbana, pois até o distrito de Engenheiro Schmitt, distante 17 quilômetros, o trajeto foi bastante movimentado, tanto por veículos quanto por ciclistas. Depois, caminha-se sobre terra, entre canaviais e bosques de seringueiras, numa paisagem tipicamente rural até o aporte à cidade de Cedral, cujo traçado precisei ultrapassar, integralmente, e sempre em descenso, até aportar ao local de pernoite nesse dia.



2º dia: CEDRAL a POTIRENDABA – 24 QUILÔMETROS


"Sempre que possível, reserve tempo para experimentar o silêncio. A quietude é o primeiro requisito para que seus desejos se manifestem." (Deepak Choprap)


A jornada seria de média extensão, mas eu parti às 5 h 30 min, ainda no escuro, para aproveitar o frescor da manhã.


Percorridos 2.200 m sobre piso asfáltico, por um túnel, eu transpus a rodovia SP-310, que segue em direção à cidade de Catanduva, depois acessei uma estrada larga e plana, por onde segui caminhando sobre terra, enquanto o sol nascia.


O caminho praticamente deserto me levou a transitar entre canaviais, pastagens e alguns seringais, a tônica nessa etapa, com ampla visão do entorno, num trajeto agradável e extremamente ermo, uma benção para o peregrino.


Infelizmente, o piso se encontrava convulsionado por grossa camada de areia e quando, eventualmente, algum veículo me ultrapassava, eu aspirava poeira até quase sufocar.


Porém, na maior parte do percurso eu transitei sem avistar vivalma, por locais silenciosos e arejados.


Basicamente, não há edificações à beira da estrada, de forma que, se necessário fosse, seria difícil conseguir água, o que não foi o meu caso.


E sem grandes novidades, mas sempre agradecendo a Deus pelo dom da vida em movimento, aportei à belíssima cidade de Potirendaba, que faz jus ao seu nome, e fui muito bem acolhido pela dona Isabel, a proprietária do hotel onde me hospedei nesse dia.


Algumas fotos da jornada desse dia:

Mais um dia nascendo...

Uma paineira florida! Lindo demais!

Estrada plana, reta e arejada...

A belíssima igreja matriz de Potirendaba/SP.

A formação da cidade propriamente dita, teve início no ano de 1905, com a distribuição das terras entre os herdeiros de João Antônio de Siqueira, realizada pelo engenheiro Luiz Roncatti (que nessa partilha reservou área de cerca de 17 alqueires para a localização do Patrimônio, cujo padroeiro seria o Senhor Bom Jesus). Em 1907 foi edificada a primeira casa de pau-a-pique e coberta de sapé, depois, seguiram-se outras construções e formou-se o povoado que tomou o nome de “Três Córregos”, em virtude dos três pequenos córregos que delimitavam a cidade. "Potirendaba" é um termo da língua tupi que significa "lugar onde estão as flores", através da junção dos termos poty ("florido"), rendaba ("lugar"), comumente traduzido por seus habitantes com o significado de "buquê de flores". Ela recebeu status de município em 26 de dezembro de 1925, com território desmembrado de São José do Rio Preto. Dentre seus filhos ilustres, destaca-se a jogadora Hortência, “cestinha” da seleção brasileira de basquete feminino. População: 15.500 habitantes.


RESUMO DO DIA:


Pernoite no Hotel dos Viajantes: Apartamento individual – Preço: R$50,00


Almoço no Restaurante Casarão: Excelente! – Preço: R$20,00, pode-se comer à vontade no Self-Service.


AVALIAÇÃO PESSOAL - Uma etapa plana e extremamente tranquila, onde viajei praticamente solitário o tempo todo. A me ladear no trajeto, imensos canaviais, alguns recentemente colhidos. Pena que, como um todo, a região padecia pela ausência de chuvas, algo que prometia mudar nos dias sequentes.



3º dia: POTIRENDABA a IBIRÁ – 25 QUILÔMETROS


"Tudo que nos emociona, revela nossa alma." (Alice Iz)


O percurso seria, novamente, de média extensão e sem entraves altimétricos, então, calmamente, tomei o café da manhã numa padaria e parti às 6 h, já com o dia claro.


O percurso inicial, todo citadino, me levou a caminhar por ruas silenciosas e arborizadas, depois, acessei um calçadão situado ao lado de uma extensa avenida, por onde transitei sem pressa, apreciando o entorno.


Percorridos 3.500 m, eu adentrei numa rodovia vicinal asfaltada bastante perigosa, pois não contém acostamento, porém, 1.500 à frente, eu prossegui à esquerda, por uma larga e silenciosa estrada de terra.


Depois de mais 2 quilômetros percorridos, eu acessei outra via vicinal asfaltada, girei à direita e passei a caminhar entre belas chácaras.


Foi um percurso plano e arejado, e após percorrer 10 quilômetros, eu virei à direita e o asfalto se findou.


Eu segui, então, caminhando sobre terra e entre extensos canaviais e pastagens.


O trecho sequente, extremamente deserto, me levou a transitar em descenso, por uma larga e silenciosa via, por onde eu segui devagar, apreciando o céu azul e o silêncio do entorno, ouvindo o pio das aves que davam o tom dissonante.


Percorridos 16 quilômetros, eu ultrapassei um riacho por uma ponte, depois prossegui em leve ascenso, junto a uma grande plantação de limões, em seguida, transitei por um fresco bosque e, quase no final da etapa, acessei uma rodovia asfaltada e por ela cheguei à zona urbana.


Na sequência, precisei atravessar quase toda a simpática cidade de Ibirá para chegar ao local de pernoite, um lugar simples, mas extremamente acolhedor.


Algumas fotos da jornada desse dia:

Estrada plana, piso socado.

Em descenso e integralmente solitário.

Caminho belíssimo!!

Trecho final desse dia... sombreado!!

A igreja matriz de Ibirá/SP.

Ibirá tem suas origens nas terras doadas por D. Pedro II, o Imperador, para Antônio Bernardino de Seixas e seus filhos João e José Bernardino de Seixas, que por volta de 1878-1880, acamparam a beira do Córrego das Bicas, onde localiza-se hoje o Distrito de Termas de Ibirá. Passou a ser considerado Estância Hidromineral pelo Decreto Lei nº. 13.157, de 30 de dezembro de 1942. A cura através das águas vanádicas começaram com os índios, por volta de 1770, que curavam suas doenças banhando-se nelas, sendo que os efeitos curadores permanecem e tais curas têm comprovação. A denominação “Ibirá” é originária da língua tupi e traduz-se como “fibra” ou “embira” ou "envira", retirada da casca de certas árvores, abundantes no território, que os índios utilizavam para tecer seus utensílios. População: 12.500 pessoas.


RESUMO DO DIA:


Pernoite no Hotel Estela: Apartamento individual bom! – Preço: R$60,00


Almoço no Restaurante Luiz Grill: Excelente! – Preço: R$20,00, pode-se comer à vontade no Self-Service.


AVALIAÇÃO PESSOAL - Outra etapa tranquila e que também não apresenta entraves altimétricos de qualquer espécie. Novamente, os canaviais foram a tônica, mas nela apareceu também a cultura limoeira. No geral, outro percurso muito bem sinalizado e extremamente ermo e silencioso a partir do 10º quilômetro.



4º dia: IBIRÁ a URUPÊS – 17 QUILÔMETROS


A vida é um processo de aprendizagem, e as mudanças podem ser maravilhosas oportunidades de crescimento. Não tenha medo da mutação! Abrace-a e cresça!” (Nishan Panwar)


Seria uma jornada curta e sem dificuldades, então, calmamente ingeri o café da manhã numa padaria, depois, bem alimentado iniciei minha jornada que, em sua primeira parte me levou a transitar por ruas largas e desertas.


Dois quilômetros percorridos, o piso duro se findou e eu prossegui por uma larga e plana estrada de terra, cujo leito apresentava bastante areia solta que, em alguns trechos, dificultaram, sobremaneira, meus passos.


O dia permaneceu nublado e fresco, sinalizando que poderia haver chuvas em breve, o que, infelizmente, não ocorreu.


Foi um trajeto silencioso e arborizado em alguns trechos, no entanto, a partir da metade da etapa eu passei a cruzar com enormes treminhões, que trabalhavam no transporte de cana-de-açúcar, cuja colheita ocorria num local mais à frente.


Porém, ultrapassado esse enclave, tudo voltou ao silêncio dos campos e sem grandes novidades, aportei ao local de pernoite, um estabelecimento extremamente acolhedor.


Algumas fotos da jornada desse dia:

Flores na estrada..!!

Caminho plano e fácil!

Mais um trecho retilíneo.

Muita areia solta nesse trecho.

A igreja matriz de Urupês/SP, cujo padroeiro é São Lourenço.

Urupês é um município brasileiro localizado no noroeste do Estado de São Paulo, e conta com uma população estimada de 13.655 habitantes (IBGE/2017). Em meio a inúmeros símbolos de fé que se espalham pelas altas e espessas paredes da igreja matriz de São Lourenço, em Urupês, para além das imagens sacras, das esculturas e dos altares, um relicário disposto sobre o altar-mor do templo guarda uma das maiores motivações de fé para devotos de toda a região: um fragmento do osso de São Lourenço. Trata-se de uma relíquia de nível primário, possui apenas cinco milímetros e está protegido por uma espessa camada de vidro. Em janeiro de 2014, o então pároco, Pe. José Luiz Cassimiro, foi até Roma para solicitar a Relíquia de São Lourenço, padroeiro de Urupês. O pedido foi aceito em maio do mesmo ano e a relíquia chegou à nossa cidade, diretamente da Itália, no dia 10 de agosto de 2014.


RESUMO DO DIA:


Pernoite: Hotel Autoposto Bica: Instalações excelentes, mas um tanto barulhento! – Apartamento individual – Preço R$80,00.


Almoço: Restaurante D’Amici – Preço: R$29,00, o prato comercial. Não gostei! Muito caro pelo que oferece no cardápio.


AVALIAÇÃO PESSOAL – Outra jornada de pequena extensão e a mais fácil, dentre todas, que conheci nesse novel ramal. Trata-se de um percurso plano e arborizado em alguns trechos. A lamentar, novamente, a falta de chuvas na região, o que me forçou a aspirar muita poeira quando da passagem de algum veículo automotor. No demais, trajeto curto e arejado.



5º dia: URUPÊS a NOVO HORIZONTE – 39 QUILÔMETROS


Seus pés não vão te levar mais longe do que sua mente quer ir.


Seria uma jornada de grande extensão e com previsão de chuvas, assim, após os aprestos necessários, parti às 4 h 30 min e após deixar a zona urbana, ao acessar uma larga estrada de terra, eu liguei minha lanterna de mão e prossegui em frente sem sobressaltos.


O caminho todo plano, depois de 5 quilômetros percorridos me levou a ultrapassar a rodovia asfaltada que segue em direção à cidade de Novo Horizonte.


Seguindo em frente, o trajeto prosseguiu fresco e hidratado, sempre entre grandes canaviais, novamente, a tônica na primeira parte dessa jornada, e como havia chovido bastante na noite anterior, em alguns locais, o piso se mostrava liso, mas compactado.


O sol não apareceu, o dia permaneceu nublado e choveu em várias ocasiões, ainda que em forma de mansa garoa.


Não encontrei vivalma durante as primeiras duas horas de caminhada, porém, depois de percorrer 21 quilômetros, numa bifurcação e obedecendo à sinalização, eu segui à direita e logo fiz uma pausa para descanso e hidratação.


Uma senhora que passava pelo local e residia próximo dali me cumprimentou, depois ficamos conversando por um bom tempo, antes de eu seguir em frente.


O trecho sequente prosseguiu extremamente ermo e silencioso, quase sempre, orlado por árvores nas laterais da estrada e, possivelmente, o tramo final dessa etapa tenha sido o mais bonito e interessante que percorri em todo esse novel ramal.


Aproximadamente, no 25º quilômetro, eu encontrei uma igrejinha do lado direito da estrada, que oferece água fresca, proveniente de uma mina, situada no lado oposto.


O trecho final contemplou a passagem com imensos campos semeados de diversas espécies agrícolas e, inclusive, a pecuária leiteira, com ênfase para os limoeiros.


Quase chegando, segui por um caminho lateral à estrada asfaltada que, em seu final me levou a transitar em zona urbana e, caminhando tranquilamente, pois a cidade é integralmente plana, cheguei ao local de pernoite.


Algumas fotos da jornada desse dia:

Trecho entre canaviais, integralmente solitário.

Dia nublado e grandes retões, a perder de vista..

Um caminho extremamente agradável.

Capelinha existente no 25º quilômetro, onde há água potável.

A belíssima igreja matriz de Novo Horizonte/SP.


A origem do município está relacionada com a construção, em 7 de setembro de 1895, de uma capela edificada por ordem de Joaquim Ricardo da Silva, em louvor a São José, santo de sua devoção, e contou com a colaboração de Antônio Cardoso de Moraes, proprietário das terras que foram doadas para a constituição do patrimônio chamado São José da Trindade. A população que ali se instalou era oriunda dos municípios de Descalvado e Pirassununga e chegou em busca de terras férteis. Em 1896, a povoação passou a se chamar São José da Estiva, nome alterado para Novo Horizonte no ano seguinte. A região se desenvolveu graças às terras da Fazenda Estiva, caracterizada por um solo bastante fértil cortado por córregos. Em 1897, por sua semelhança com Belo Horizonte em Minas Gerais, passou a chamar-se Novo Horizonte, determinação de uma comissão dos antigos fundadores do Patrimônio de São José da Trindade. Nessa época, Novo Horizonte era distrito do atual município de Itápolis, que se chamava Boa Vista da Pedra. Apenas dez anos depois, em 28 de dezembro de 1916, foi elevado à categoria de município. População: Aproximadamente, 40 mil habitantes.



RESUMO DO DIA:


Pernoite: São Paulo Hotel: Excelente! – Apartamento individual – Preço R$90,00 – Recomendo!!


Almoço: Padaria Central: Ótimo! – Preço: R$18,00, por um monumental “Prato Feito”.


AVALIAÇÃO PESSOAL – Sem dúvida, a jornada mais cansativa, face à sua longa extensão, contudo, em minha modesta opinião, a mais bela dentre todas. Nela caminhei por campos arejados e entre imensos canaviais, em sua primeira parte. Depois, encontrei nichos de mata nativa e transitei por locais ermos e silenciosos, um bálsamo para os sentidos. Por sorte, o dia se manteve nublado e fresco, com algumas precipitações pluviométricas pontuais, mas todas de pequena intensidade. No global, tirante sua profusa dimensão, um percurso deserto, plano e extremamente agradável.



6º dia: NOVO HORIZONTE a BORBOREMA– 28 QUILÔMETROS


"Enquanto você carregar um sonho no coração, você nunca perderá o sentido da vida."


Seria minha derradeira jornada, assim, parti às 5 h 30 min com muita disposição e após deixar a zona urbana, acessei uma perigosa rodovia vicinal asfaltada, que não contém acostamento, segue em direção à Usina São José da Estiva e apresentava, naquele horário, um massivo tráfego de veículos, mormente, de treminhões.


Ultrapassado esse portentoso estabelecimento, que produz etanol e açúcar, o asfalto se findou e o trajeto, como num passe de mágica, se tornou silencioso, arejado e deserto, tudo o que o peregrino deseja.


O piso arenoso compactado pelas chuvas da madrugada facilitou, decisivamente, o meu deslocamento, quase sempre, entre imensos canaviais e plantações de limões, porém, encontrei também pastagens no entorno.


O dia permaneceu nublado e fresco, excelente para caminhar e duas horas mais tarde passei a cruzar com vários grupos de ciclistas, que aproveitavam aquele espaço para fazer seu “pedal domingueiro”.


Em determinado local, um ciclista solitário parou para conversar, depois bateu algumas fotos minhas, segundo ele, para postar num grupo local do Caminho da Fé, como incentivo a futuros caminhantes.


Ultrapassada a metade da jornada, transitei um bom tempo entre nichos de mata nativa, num trajeto agradável e hidratado.


E sem maiores desgastes, pois o trajeto é, basicamente, todo plano, fui me aproximando da cidade e logo adentrei em zona urbana.


Depois, vagarosamente, segui por ruas tranquilas em direção ao Hotel Reday, onde me hospedei nesse dia.


Algumas fotos da jornada desse dia:

Dia nublado, caminho fresco.

Trecho plano, culturas agrícolas variadas.

Um trecho belíssimo e extremamente ermo.

Como nas etapas anteriores, nesta também a sinalização se mostrou excelente!

Encontro com o Ramal Centro Paulista, em Borborema/SP.

RESUMO DO DIA:


Pernoite: Hotel Reday: Excelente! – Apartamento individual – Preço R$55,00.


Almoço: Restaurante Toca do Lobo: Excelente! – Preço: R$46,00, o preço do quilo no sistema Self-Service.


AVALIAÇÃO PESSOAL – Outra jornada de média extensão que, afora sua parte inicial, toda em piso duro, até a transposição da Usina São José da Estiva, não apresenta nenhuma dificuldade altimétrica e, como as demais, se encontra estupendamente bem sinalizada. No trajeto, imensos canaviais, pastagens e alguns nichos de mata nativa. No global, uma etapa agradável, e bastante erma e silenciosa em boa parte de seu traçado.

Em Borborema/SP, tive a honra e o prazer de conhecer a Marciana, fundadora e responsável pelo Caminho Caipira.

FINAL


"Querer o menos possível e conhecer o mais possível, é a máxima que conduziu a minha vida." (Arthur Schopenhauer)


Assim que se começa a caminhar as notícias não têm mais importância e, para tanto, tomemos as excursões demoradas, que se prolongam por vários dias ou semanas.


Em pouco tempo já não se sabe mais nada acerca do mundo e de seus sobressaltos, dos mais recentes desdobramentos do último escândalo e não se espera mais as guinadas de um caso, nem fica sabendo do modo como isso começou, nem como terminou.


Sermos postos na presença daquilo que tem uma importância absoluta, faz com que nos desprendamos dessas novidades efêmeras que normalmente nos mantêm cativos e chegamos ao ponto de nos perguntar como podíamos ter interesse naquilo.

Em São José do Rio Preto/SP, diante da primeira flecha desse maravilhoso e abençoado roteiro.

E isto ocorreu comigo, recentemente, quando estive percorrendo o RAMAL SÃO JOSÉ do Caminho da Fé, onde pude vivenciar as paisagens do noroeste do estado de São Paulo, com seus cenários bucólicos, plenos de exuberante natureza e muitas atrações.


Como, por exemplo, igrejas históricas, circuito das águas, gastronomia caipira e a receptividade do povo interiorano, mormente dos inúmeros ciclistas que pedalam nesse roteiro abençoado.


Em relação ao trecho que percorri, diria que fui privilegiado pelo clima propício e locais diferenciados em sua consistência.


Pensando nisso, meu agradecimento sincero a DEUS, por proporcionar momentos tão edificantes vivenciados ao longo desse novel itinerário que, por sinal, se encontra muito bem sinalizado.


Bom Caminho a todos!


Maio/2021