10º dia: SOLEDADE DE MINAS a BAEPENDI – 30 quilômetros

Com a nossa autoridade apostólica, concedemos que a Venerável Serva de Deus Francisca de Paula de Jesus, conhecida como 'Nhá Chica', leiga, virgem, mulher de assídua oração, perspicaz testemunha da misericórdia de Cristo para com os necessitados do corpo e do espírito, doravante seja chamada Beata e que se possa celebrar sua festa, todos os anos, no dia 14 de junho, dia de seu nascimento ao céu, nos lugares e segundo as regras estabelecidas pelo direito. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.” (Cardeal Ângelo Amato, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos.)

Finalmente, chegáramos à derradeira jornada e, como de praxe, combinamos sair bem cedo, como forma de agilizar nosso deslocamento, vez que retornaríamos naquele mesmo dia às nossas cidades de origem.

Dessa forma, ingerimos o café da manhã que a Maria Luíza, a proprietária da pousada, gentilmente, deixara preparado para nós, e partimos às 5 h 30 min, sob intensa cerração e um frio terrível, temperatura ao redor de 5°C.

Observando a sinalização, atravessamos toda a cidade, depois prosseguimos à beira da rodovia MG-383 e, percorridos exatos 4 quilômetros, adentramos à direita numa estrada de terra ascendente, envolvida por uma forte nebulosidade.

Depois de atingir o ponto de maior altimetria dessa etapa, situado a 1.003 m de altura, prosseguimos em franco descenso e após caminhar 7 quilômetros, já no bairro Mato Dentro, desaguamos numa estrada, já minha velha conhecida.

Porquanto, por ela discorre uma etapa do Caminho dos Anjos, da Estrada Real e do CRER, no sentido Caxambu a São Lourenço, todos roteiros que eu já percorrera.

Então, sem maiores novidades, giramos à esquerda e seguimos no contra-fluxo dos Roteiros que nominei acima, num trajeto plano e bastante arborizado, o qual fomos vencendo com denodo e determinação.

Após caminharmos 19 quilômetros, adentramos em zona urbana e atravessamos vários bairros pertencentes à cidade de Caxambu, sempre sobre piso duro, até que no 23º quilômetro voltamos a caminhar sobre terra, numa estrada bastante sombreada, já no município de Baependi.

O piso excelente e a frescosidade emanada pela mata nativa que nos rodeava concorreram, decisivamente, para agilizar nosso deslocamento e depois de atravessar toda a cidade, finalmente, aportamos ao Santuário de Nhá Chica onde, infelizmente, encontramos a igreja fechada, por estar em reformas.

Então, diante da imagem da Beata nós professamos nossas orações finais de agradecimentos, nos cumprimentamos, posamos para fotos, depois, demos por encerrada nossa feliz peregrinação pelo novel Caminho de Nhá Chica.

Na sequência, tomamos um táxi e retornamos a Caxambu, onde nos alojamos, ainda que por breves momentos.

E depois do almoço, a Sônia e eu nos despedimos, tomamos rumos diferentes e regressamos às nossas respectivas residências.

Algumas fotos do percurso desse dia:

Trecho do caminho aberto e plano.

Muita cerração nas baixadas.

Descendendo em direção à ne

Ao longe, a igrejinha de São Sebastião, já no bairro de Mato Dentro.

Trecho aberto, sol forte, clima ameno.

Muita sombra no trecho derradeiro.

Caminho plano e silencioso.

Capelinha em homenagem a Nhá Chica erigida numa chácara, próximo de Caxambu.

Trecho final, bastante sombreado.

Quase chegando em Baependi/MG.

Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Baependi/MG.

Baependi significa “clareira aberta”, e trata-se de uma cidade remanescente do ciclo do ouro, que se desenvolveu ao longo do caminho da Estrada Real - a primeira grande via de comunicação regular no Brasil -, que ligava a região das minas a Paraty, no Rio de Janeiro, porto de onde saía o ouro em direção à Europa.

Os antigos casarões são testemunhas dessa época e recontam a história da cidade.

Atualmente, a economia do município é baseada na agricultura, no comércio, no artesanato, na comercialização de pedras de quartzito e no turismo, já que a beleza natural é o forte da cidade, cercada de montanhas, matas, rios e inúmeras cachoeiras.

Situada na Serra da Mantiqueira, a cidade faz parte do Circuito das Águas, que compreende diversas estâncias hidrominerais, com propriedades medicinais e terapêuticas.

O clima da cidade é agradável e a riqueza natural propicia uma das melhores qualidades de vida, sendo um lugar para encontrar paz, descanso, relaxamento e bem-estar.

É nessa tranquilidade que muitos artesãos fazem seus trabalhos em bambu, palha de milho, cipó e árvore de café, transformando-os em cortinas, bolsas, cachepôs e variadas cestarias que tem grande fama devido à boa qualidade das peças.

De todos os tamanhos e formatos, são excelentes para decorar uma bela cesta de café da manhã ou cesta de natal.

A calmaria da cidade só foi perturbada em 1979, quando um agricultor relatou seu encontro com alienígenas.

Isso causou grande repercussão, atraindo muitos ufólogos e jornalistas, que foram à cidade para ver o local de pouso da nave vinda do espaço, mas até hoje é considerado um mistério.

População: Aproximadamente, 19 mil pessoas.

Enfim, no Santuário de Nhá Chica, em Baependi/MG.

Gratidão Beata Nhá Chica pela magnífica e abençoada jornada!

A belíssima igreja matriz de Caxambu / MG.

RESUMO DO DIA - Clima: Nebuloso e frio no início, depois, ensolarado, variando a temperatura entre 5 e 20 graus.

Pernoite: Pousada Águas de Caxambu - Cêntrico - Apartamento individual excelente - Preço: R $ 85,00;

Almoço: Restaurante Império do Sabor - Ótimo! Preço: R $ 32,00 o kg, sem sistema de autoatendimento.

AVALIAÇÃO PESSOAL - Uma jornada de grande extensão mas, salvo breve ascenso no trecho inicial, praticamente, toda plana e bastante arborizada. O dia se manteve frio e ventoso, excelente para caminhar. Tirante o trecho urbano percorrido dentro das cidades de Caxambu e Baependi, o restante do trajeto foi todo em terra, um bálsamo para os nossos pés. O aporte ao Santuário de Nhá Chica foi emocionante e, como todo final de peregrinação, inesquecível. No global, uma etapa agradável e, salvo pela sua extensa dimensão, sem grandes exigências no percurso.