1º dia: FERROL À PONTEDEUME – 31 quilômetros

1º dia: FERROL à PONTEDEUME – 31 quilômetros

 "Em relação a outras pessoas, nós somos peregrinos que, por caminhos mais diversos e com grande dificuldade, nos dirigimos ao encontro mútuo”. (Antoine de Saint-Exupéry)

Fonte: Gronze.com 

Quando acordei às 5 h 30 min, ainda chovia forte, mas lentamente a borrasca foi se amainando e ao deixei o local de pernoite, duas horas mais tarde, caia uma leve garoa, que não me permitia utilizar minha câmera fotográfica.

Assim, saí do hostal Zara, segui à esquerda por uns 50 metros e, numa rua paralela ao mar, girei novamente à esquerda e logo me reencontrei com as flechas amarelas.

Logo adiante, atravessei a avenida González Llanos e passei diante da porta monumental de Navantia, (1949), que dá acesso às instalações de empresa estatal homônima, o maior estaleiro militar da Espanha, quando já transitava pelo bairro portuário do Esteiro.

Porto de Ferrol.

Mais adiante, pude observar o quartel de Infantaria da Marinha “Tercio del Norte” - Quartel de Dolores -, encostado ao perímetro do estaleiro Navantia.

Ultrapassado o local, entrei numa longa avenida, podendo observar do meu lado direito o vasto campus das instalações da Escola de Enerxía e Impulsión da Armada, localizadas junto ao antigo cárcere militar e à Escola de Especialidades Antônio de Escaño.

Uma peregrina caminha à minha frente, ao longe.

Então, com imensa alegria, pude ver uma peregrina caminhando à minha frente.

Lentamente fui me aproximando e, quando a alcancei, soube que se chamava Catarina e era de nacionalidade portuguesa.

Curiosamente, ela residia e trabalhava em Vila Real, cidade onde eu havia pernoitado recentemente, quando percorria o Caminho Português Interior de Santiago.

Seguimos conversando, agora já pela Avenida do Mar, quando a chuva finalmente cessou, embora o céu permanecesse plúmbeo, prometendo mais água para breve.

Avenida do Mar, por onde passa o Caminho, com chuva na ocasião.

A Catarina me contou que pernoitara no hotel Suizo onde também havia um grupo formado por 8 portugueses, qual seja, definitivamente, eu não estaria sozinho nesse roteiro.

Porém, tanto ela quanto seus outros conterrâneos, não se sentiam capazes de percorrer o trajeto todo planejado para este dia, que seriam de 31 quilômetros.

Assim, logo adiante, quando cruzamos com a rodovia N-651, ela acessou a ponte de 3,1 quilômetros que corta a grande baía, e seguiu em direção à Fene, o que lhe daria um ganho de 10 quilômetros em relação a minha jornada.

Chegando ao polígono industrial de A Gândara.

Ao revés, apesar do clima chuvoso, resolvi seguir meu roteiro pré-traçado, e prossegui à esquerda, por uma calçada empedrada, em direção ao polígono industrial de A Gândara, que ultrapassei sem complicações ou barulho, pois estávamos num domingo e suas instalações se encontravam fechadas.

Outra visão da ria de Ferrol.

Logo adiante voltei a caminhar à beira mar, e não cessava de admirar as perspectivas que dali se tem da ria de Ferrol.

O caminho segue sempre a beira mar.

Mais à frente, por meio do casario, sempre subindo, passei por Grúas Eiriz e, por um túnel, ultrapassei a linha de trem, saindo na aldeia em Faísca.

Ultrapassando sob as linhas férreas.

Prosseguindo, logo cheguei a O Couto, onde se situa o célebre Mosteiro de São Martinho de Xubia, já no Concelho de Neda.

Do conjunto monumental de Neda, o mais importante é o mosteiro, também conhecido como de O Couto.

Monastério de San Martiño de Xubia.

Fundado nos finais da alta Idade Média, adquiriu importância nos séculos do românico, quando a tradição assinala que os seus monges beneditinos escolheram como observância específica a regra de Cluny.

Até finais do século XII, procedeu-se à edificação da igreja monástica que, com algumas alterações, como no caso da fachada principal, chegou intacta até aos nossos dias, apresentando uma planta basilical, de três naves, rematadas por outras tantas absides semicirculares na sua cabeceira, abobadadas.

Monastério de San Martiño de Xubia, de outro ângulo

Nesta tríplice abside, conservam-se as janelas de belo estilo românico, e no seu interior, conservam-se os capitéis originais e também o sepulcro de Rodrigo Esquío (dos finais do século XV).

Porém o templo se encontrava fechado e apenas pude desfrutar e fotografar seu entorno, onde existem um antiquíssimo cruzeiro e a estátua de um anjo.

Cruzeiro e estátua milenares.

No recinto, ao lado do mosteiro, cruzei com um outro caminho que por ali passa, muito bem sinalizado, e que leva o caminhante ao santuário de Santo André de Teixido, também conhecido como Santo André de Lonche ou Santo André do Cabo do Mundo.

Ele está situado a cerca de 12 quilômetros de Cedeira, no meio da serra da Capelada, em redor da costa de Ortegal, escondido entre penhascos e bosques, numa zona de escarpada orografia.

Caminho liso e úmido.

Ressalte-se que o lugar está protegido de temporais, com características de promontórios celtas, que procuravam espaços mágicos que penetrassem no mar.

Prosseguindo adiante, deixei o asfalto e adentrei à direita, num caminho bastante lamacento, face às recentes intempéries, agora pelo Caminho do Salto.

Muita chuva nesse dia, piso barreado e liso.

Neste momento, a chuva que vinha ameaçando cair, desabou com intensidade, forçando-me a embalar o celular e a câmera fotográfica, sob pena de comprometer seu funcionamento.

Então, passei debaixo da autovia AP-9F, e prossegui adiante, sem poder fotografar o entorno, pois tudo estava envolvido em lúgubre neblina.

O caminho próximo de Neda.

Próximo do moinho de “As Aceñas”, cheguei a O Ponto, onde o caminho de Santo André se aparta em definitivo do de Santiago.

Por uma ponte, eu atravessei o rio Freixeiro e prossegui bordeando a ria de Ferrol pelo passeio de Riveira.

E logo transitei por Neda, outra bela cidade, onde existe um excelente albergue de peregrinos, o primeiro que encontrei nesse roteiro.

O caminho prosseguiu estupendamente sinalizado de forma que, embora seguisse quase sempre olhando o chão, para ver onde pisava, não tive dificuldades em encontrar o rumo a seguir.

Caminho do Murallón, próximo de Fene.

Logo deixei o núcleo de Neda, passei sob o viaduto da AP-9 e, um pouco mais adiante, pelo Caminho do Murallón, eu comecei a ascender pelas faldas do monte Marraxón.

A partir da cidade de Fene, eu segui em ascendência constante, mas de forma bastante lenta, pois, saí de 20 metros para, depois de 5 quilômetros, atingir 200 metros, no ponto de maior altitude dessa etapa.

Qual seja, um percurso sem maiores dificuldades em termos de altimetria.

Última vista da ria de Ferrol, com a ponte de Pias ao fundo.

Dali, fiz uma das últimas despedidas da panorâmica sobre a ria de Ferrol e a ponte de Pias, cujo trajeto encurta a jornada em 10 quilômetros.

Deixando a zona urbana de Fene.

Prosseguindo, transitei ainda um bom tempo por zona urbana, depois atravessei a rodovia N-651.

Finalmente, terra!

E, lentamente, fui deixando a cidade, internando em zona rural até que, finalmente o asfalto se findou, e adentrei num frondoso bosque de caducifólias e eucaliptos, onde o piso estava bastante molhado em face da chuva recente.

Caminho encharcado, a beira da rodovia.

Mais acima, emergi a céu aberto, e caminhei um bom tempo ao lado da rodovia, até atravessá-la, utilizando o viaduto Romariz.

Muito verde no entorno.

O caminho do outro lado prosseguiu belíssimo, pleno de intenso verde e flores amarelas.

Nesse trecho, o caminho é fantástico.

Já no alto do morro, eu passei ao lado do Polígono Industrial de Vilar de Colo, onde não havia movimento e nem barulho, pois estávamos num domingo.

Ali existe um restaurante e cafeteria, que pode ser um bom lugar para uma pausa, porém eu estava bem hidratado e alimentado, assim, segui adiante.

Caminho deserto e silencioso.

E logo adentrei em outro caminho relvado, pleno de muito verde, onde o entorno é todo rural.

Flores típicas da Galícia dão o tom nesse trecho.

Nesse patamar, o descenso é constante, mas se faz de modo lento.

Bosques silenciosos de pinheiros.

Em determinados trechos, caminhei por bosques de pinheiros, depois retornei aos verdes campos.

Mais flores no Caminho.

Nesse tramo, o caminho se mostrou esplêndido, indicando que a primavera estava em plena maturação.

Caminho deserto e florido, um colírio para oa olhos.

Depois voltei a transitar por bosques silenciosos onde apenas o mágico gorjeio dos pássaros dava tom ao ambiente.

Mais à frente, retornaram os bosques galegos.

São esses momentos de intensa introspecção e beleza ímpar, que marcam indelevelmente qualquer caminho.

O derradeiro trecho do bosque.

Depois de aproximadamente 4 quilômetros transitando em meio a intenso verde, emergi já em zona urbana e passei a caminhar em asfalto.

No entanto, o entorno prosseguia maravilhoso, dotado de intenso verde para qualquer lado que eu olhasse.

Entorno integralmente verde, para qualquer lado que se olhe.

Lentamente o clima foi melhorando e a ameaça de novas chuvas foram sendo postergadas.

O sol finalmente saiu, quando caminhava nesse trecho.

Mais abaixo passei por Vilar de Colo, uma pequena povoação, com algumas casas disseminadas, de arquitetura moderna e tradicionais, de construção recente e pintura nova, todas rodeadas de imensos jardins floridos.

Nesse trecho, com o céu quase aberto, o sol deu seu ar da graça pela primeira vez.

Caminho entre muito verde.

Depois, ainda em descenso, passei por Pena do Pico, outro pequeníssimo povoado.

Na sequência, ultrapassei o valado banhado pelo rio Laraxe, alcancei O Val, depois Batán e A Torre, todos lugares pertencentes à paróquia de São Martinho do Porto.

O entorno prossegue belíssimo.

Na verdade, pequeníssimas aldeias que não se sabe onde começam ou terminam, pois estão todas umbilicadas.

Praia de La Magdalena. Ninguém na orla.

Mais dois quilômetros, sempre descendendo, aportei à praia de La Magdalena, onde existe um magnífico calçadão, por onde segui sem pressa, face a beleza do entorno.

Entre a praia e a avenida, existe um frondoso bosque de carvalhos, vidoeiros, sobreiros, salgueiros e pinheiros, que bordejam o mar, onde existem várias trilhas, todas muito bem delineadas, podendo observar inúmeros corredores fazendo seu “jogging” matinal.

Calçadão, por onde segue o Caminho, tendo ao lado um frondoso bosque.

Havia, ainda, muitas pessoas caminhando pelo local, outros apenas flanando sem pressa, com seus filhos, alguns em carrinhos de bebê.

Novamente a Praia de La Magdalena, integralmente vazia.

Na praia mesmo, nenhum banhista, pois a água devia estar frigíssima, já que a temperatura ambiente estava na casa dos 12 graus.

Praia de Cabanas. Ao fundo a cidade.

Depois de atravessar uma rotatória, caminhei ao lado da praia de Cabanas.

Seguindo em frente, por uma belíssima ponte em estilo romano, eu atravessei o rio Eume, que nesse ponto tem uma larga extensão.

Ponte romana sobre o rio Eume. Ao fundo a cidade de Pontedeume.

E logo chegava à Pontedeume, final da etapa desse dia.

Na cidade fiquei hospedado na Pensão Luís onde, por 15 euros, desfrutei de um quarto individual de excelente qualidade.

Pensión Luis, onde fiquei hospedado.

Depois do necessário banho e lavagem de roupas, desci para almoçar.

Para tanto, utilizei o restaurante existente no segundo piso do edifício onde, por 9 euros, saboreei um apetitoso “menú del dia”, acompanhado por uma garrafa de fino vinho tinto.

A marina de Pontedeume. Ao fundo, a ponte azul, por onde passa o trem.

O núcleo urbano de Pontedeume conjuga o moderno com o medieval, e nela apreciei o seu excelente enquadramento paisagístico, onde a ponte, a baía e a Torre dos Andrades são, sem dúvida, as suas maiores atrações turísticas.

A história documentada de Pontedeume começa no Natal de 1270, quando Afonso X, o Sábio, concedeu aos vizinhos da comarca autorização para construir uma vila no lugar de Ponte de Eume, com governo autônomo, ou seja, dependente unicamente do rei.

Contudo, no ano de 1371, Henrique II, de Transtâmara, depois de derrotar seu irmão Pedro, concedeu senhorio da vila de Pontedeume a Fernán Pérez de Andrade, o Bom, em reconhecimento da sua colaboração nas lutas fratricidas.

Os Andrade, a partir de então, foram ampliando os seus domínios na comarca, anexando, pela força, as propriedades da Igreja até alcançar vastos territórios que se entendiam até Ferrol, Vilalba e Betanzos.

O grande poder que exercia esta família e a cobrança exorbitante de impostos, que impunham aos seus súbditos, motivou a primeira guerra Irmandiña, em 1431, dirigida por Rui Xordo contra Nuño Freire de Andrade, o Mau.

A vila, bem amuralhada, fez fracassar a primeira sublevação, porém não resistiu à segunda, agora liderada por Alonso de Lanzós, que se apoderou de Pontedeume, embora por pouco tempo.

Em meados do século XVI, uma das herdeiras dos Andrade casou-se com Pedro de Castro, Conde de Lemos, unindo-se, assim, o senhorio dos Andrade a esta poderosa Casa galega.

A marina de Pontedeume, de outro ângulo.

Ao fundir-se o condado de Lemos e o ducado de Alba, passaram para o domínio dos duques de Alba todas as propriedades e títulos dos Andrade.

A passagem do senhorio para famílias estranhas a Pontedeume contribuiu para a decadência da vila que, infelizmente, acabou por sofrer devastadores incêndios e, consequentemente, deram por fim o seu esplendor e apogeu de antanho.

Restam muito poucos traços da sua muralha urbana medieval e alguns edifícios/monumentos emblemáticos.

Ela conta atualmente com aproximadamente 10 mil habitantes, sendo que muitos deles se dedicam ao ofício da pesca.

A famosa ponte medieval.

A história da primeira ponte sobre o rio Eume é a história de uma ponte medieval, porventura uma das mais compridas da Europa e com longa vida: de 1380 a 1864.

Pela sua importância estratégica e econômica, é considerada uma das mais importantes de Espanha e, também, do velho continente.

As origens de uma anterior ponte, possivelmente, remontam à época romana, cuja estrutura parece que só tinha utilidade na maré baixa, não sendo então mais que umas poldras ou uma simples e tosca passarela.

O primeiro dado sobre a ponte data de 1162, é um documento que fala de uma doação, através da qual se transferem fundos para manter a ponte em bom estado, o que indica que, antes desta data, a ponte já existia.

O material utilizado para a construção desta primeira ligação entre as duas margens do Eume foi a madeira.

A partir do século XIV, procedeu-se a uma reconstrução, utilizando, para tal fim, um material muito mais resistente e duradouro, a pedra.

Esta obra está ligada à figura de Fernán Pérez de Andrade, o Bom.

Ainda que os dados sobre os anos da sua criação sejam confusos, a hipótese, que tem mais peso, faz prevalecer a ideia de que se começou a construir em 1380, acabando-se em 1386 com a construção do Hospital do Espírito Santo, a Capela e as Torres.

Ainda a ponte romana de Pontedeume.

Segundo um documento da época, a ponte constava de 78 arcos, dos quais: 7, foram eliminados 27 anos depois, segundo documentos posteriores; o número de arcos variou de 71, em 1655, a 58, em 1721, e 50, em 1862.

Quanto ao seu comprimento, e apesar de sofrer a supressão de arcos e a substituição dos existentes de estilo gótico por outros semicirculares, a ponte apenas encurtou de 851 metros, em 1649, para 847, em 1721.

Em 1588, e devido seguramente a uma avançada deterioração, levou-se a cabo a primeira reparação da ponte, por Sebastián Méndez, mestre de obras da vila de Barallobre.

A antiga ponte medieval estava já muito deteriorada nesta altura - ficaram de pé uns quantos arcos - pelo que surgiu a necessidade de levantar uma outra que a substituísse.

Assim, em 1862, construiu-se uma outra ponte provisória de madeira para durar apenas uns anos e, sobre o qual, ia-se construindo, durante esse tempo, uma mais estável.

Em 1863, abre-se um novo lance e, nesse mesmo ano, acaba-se por demolir os restos da antiga ponte medieval.

A ponte definitiva começaria a funcionar em 1870, ainda que a passarela de madeira se tivesse ali aguentado até 1873, quatro anos mais que o esperado.

Mas a vida desta ponte foi curta, pois em 26 de Dezembro de 1874, um Eume embravecido, arrasou com os três primeiros arcos deixando, uma vez mais, o tráfego ficou interrompido.

Em 1876, aprova-se a criação de um novo revestimento provisório de madeira sobre a zona danificada, o qual duraria até 1881, ano em que entra em funcionamento a obra seguinte, começada um ano antes, utilizando a pedra como material.

Em 1889, a obra estava terminada.

A ponte atual é, basicamente, a mesma que foi inaugurada em 1889, embora com algumas modificações externas.

Hoje em dia, a ponte é composta por 15 arcos e, sobre ela, corre a Estrada Nacional 651.

Torreão dos Andradas. Créditos: internet.

Já o Torreão dos Andrade foi construído na época de Fernán Pérez de Andrade, o Bom, entre 1370 e 1380.

Fazia parte de um conjunto integrado por um palácio, a capela de São Miguel, derrubada em 1909, e o próprio Torreão, que tem uma planta quadrada, quatro pisos, e mede 18 metros de altura.

Das suas seteiras, destacam-se as janelas góticas, no terceiro e quarto pisos e, um deles, tem o “Selo de Salomón”, ou cruz de cinco pontas.

Essa torre é um dos melhores exemplares da arquitetura militar medieval na Galiza e, nela se destaca, especialmente, o escudo na sua fachada, procedente do desaparecido Palácio dos Andrade, onde se pode reconhecer os brasões das famílias Andrade e Lemos, unidas no século XVII, e está orlado por 18 bandeiras que Fernando de Andrade ganhou aos franceses na batalha de Seminara.

Em sua parte superior há uma coroa condal e, sobre ela, um anjo sustenta um “filete” no qual se pode ler o lema dos Andrade “nolite nocere” (Não faças mal).

Fonte: pontedeumeturismo.es

A entrada do albergue de peregrinos de Pontedeume.

Depois de uma necessária soneca, fui até a igreja matriz da cidade, dedicada a Santiago, uma construção de 1538, mas ela se encontrava fechada e só iria reabrir à noite para a missa dominical.

Então, segui até o albergue de peregrinos, situado na Calle del Muelle, a poucos metros da água, junto à marina, num antigo armazém de pescadores.

Ali, após carimbar minha credencial, pude observar que as instalações do estabelecimento, que foi recentemente reformado, são de ótima qualidade, dispondo de 20 camas, em dois quartos distintos, um em cada andar.

Encontrei ali alojado o grupo de portugueses, bem como a peregrina Catarina, que conhecera de manhã, ainda em Ferrol.

Conversamos um pouco sobre a etapa do dia, a jornada sequente, depois me retirei.

Como não encontrara nenhuma “tienda” ou supermercado aberto na cidade, pelo fato de ser um domingo, no retorno à pensão passei num bar onde fiz um frugal lanche e também adquiri água e pão para a jornada seguinte.

E, em seguida fui dormir, pois o percurso do dia fora um tanto prejudicado pelas abundantes tormentas que me acompanharam no trajeto.

Um dia de muita chuva, mas, também, de belíssimas paisagens.

IMPRESSÃO PESSOAL: Trata-se de uma etapa de razoável dimensão, que não contempla, porém, nenhuma dificuldade de natureza altimétrica. Os primeiros 20 quilômetros são todos trilhados ao lado da ría de Ferrol e, embora percorridos quase sempre em piso duro, são agradáveis aos nossos sentidos pelas estupendas vistas que se descortinam para qualquer lado que se olhe. Os derradeiros 10 quilômetros estão localizados já em área rural, com um entorno belíssimo, pleno de muito verde. No global, um trajeto tranquilo, do qual desfrutei com intensidade, embora a chuva tenha atrapalhado um pouco minha concentração, face ao perigo de um escorregão ou tombo nos locais mais atingidos pela intempérie. Sempre lembrando que existe a possibilidade de abreviar a jornada, cortando pela ponte das Pias. Ou, então, pernoitando no albergue existente na cidade de Neda, localizado junto à foz do rio Grande del Xubia.

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