A VIAGEM

A VIAGEM

"A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros, acho nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância...  Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recentes data."  (Guimarães Rosa) 

Chegada em São Bento do Sapucaí.

Minha aventura teve início quando embarquei num ônibus da Viação Pássaro Marrom, que partiu, exatamente, às 6 h 30 min, da Rodoviária do Tietê, em São Paulo.

Após 3 h 30 min de viagem, com paradas intermediárias em São José dos Campos e Santo Antônio do Pinhal, eu finalmente aportei em São Bento do Sapucaí, meu destino para aquela data.

Na sequência, me hospedei na pousada “Cama & Café - Bed and Breakfast”, onde havia feito reserva.

Depois de um revigorante banho, saí para dar uma volta pela cidade e comprar mantimentos que utilizaria no dia seguinte, durante minha aventura.

Saída do Caminho, em direção ao bairro Quilombo.

Aproveitando o périplo pela simpática urbe, observei a sinalização do Caminho e verifiquei, com exatidão, o local por onde eu seguiria na jornada inaugural.

Por sorte, o dia estava claro e o céu azul, então, eu pude visualizar à esquerda, há uns dez quilômetros de distância a fantástica Pedra do Baú, bem como as suas acompanhantes, a Bauzinho e a Ana Chata, rochedos que fazem parte de uma mesma cadeia montanhosa.

Vista desde uma das ruas da cidade. Tempo nublado, prenunciando chuva para breve. Como de fato ocorreu.

Mais tarde, almocei no restaurante Sabor da Serra, cujo “menu” de excelente qualidade, recomendo, com louvor.

Conforme adredemente combinado, pós uma boa soneca, sentei para conversar com o Sr. Luiz Zingra, proprietário da pousada onde pernoitei, que coincidentemente é o idealizador desse novel Caminho.

Foi uma entrevista bastante útil, onde me foram aclarados incidentes que encontraria no trajeto, bem como recebi dicas e instruções de como deveria me comportar na trilha.

O famoso morro da Pedra do Baú, ao longe.

Concomitantemente, ele me passou 2 mapas do percurso, onde estavam insertos vários dados importantes, como distâncias, altimetria, locais de pernoite e outras informações que me foram de grande utilidade durante “a viagem”.

Mais tarde, fui a um supermercado adquirir víveres para o jantar e, diferentemente do que havia encontrado na chegada, percebi que o clima estava mudando drasticamente, pois nuvens escuras cobriam o firmamento, prenúncio de muita água para breve.

À noite, São Pedro abriu as comportas celestes e choveu torrencialmente, propiciando-me um sono relaxante e reparador.

Contudo, quando acordei de madrugada e percebi que a água persistia em cair na forma de bátegas, antevi uma jornada de grande superação para aquela data.

 

Igreja Matriz de São Bento do Sapucaí.

                                                                                                                                              

HISTÓRIA

 

Frei Galvão, o primeiro santo nascido no Brasil, foi homenageado com uma rota de peregrinação que se localiza bem no coração da Serra da Mantiqueira, cuja inauguração oficial deu-se no dia 10/09/2007.

 

Ela foi idealizada e demarcada pelo Sr. Luiz Zingra, o fundador desse caminho.

 

O trajeto tem início no centro da cidade de São Bento do Sapucaí/SP, passa pelo distrito de Luminosa, em Brazópolis/MG, e atravessa os municípios mineiros de Piranguçu, Wenceslau Braz e Delfim Moreira, até chegar ao bairro rural de Pilões, em Guaratinguetá/SP.

Com o Sr. Luiz Zingra, o fundador desse Caminho.

A caminhada é encerrada na Casa do Frei Galvão, localizada no centro de Guará, onde os peregrinos recebem as pílulas de papel com a oração do frei, e depois visitam a igreja de Santo Antônio, onde o santo foi batizado e celebrou sua primeira missa como sacerdote.

Jornal, datado de 14/09/2007, com a reportagem que fala da fundação desse novel Caminho.

Dos 135 quilômetros a serem percorridos entre São Bento do Sapucaí e Guaratinguetá, apenas 20 quilômetros são em trechos de asfalto, os demais são em trilhas tradicionais, que em épocas passadas eram utilizadas por tropeiros para transporte de mercadorias.

Segundo Luiz Zingra, o roteiro também pode ser percorrido por pessoas não católicas, que busquem um contanto mais direto com a natureza, posto que o trajeto apresenta em seu percurso excelsas belezas naturais, incluindo-se inúmeros rios e riachos de água cristalina, cujas nascentes localizam-se na Serra da Mantiqueira.

A demarcação do trajeto foi feita com setas azuis, e todas as informações concernentes ao mapa do percurso, estão contidas na credencial que o caminhante recebe quando faz sua inscrição, e que serão carimbadas e assinadas pelos donos das pousadas, onde os peregrinos pernoitarão.

Esse essencial documento contém, também, outras instruções importantes como a rota a ser seguida, quilometragem das etapas, o que se deve levar, onde comer e dormir, e, no final, dará direito a um diploma de conclusão do percurso.

01 - SÃO BENTO DO SAPUCAÍ a LUMINOSA