2º dia: BOM REPOUSO/MG a BORDA DA MATA/MG – 28 quilômetros

2º dia: BOM REPOUSO/MG a BORDA DA MATA/MG – 28 quilômetros

Ó Virgem Imaculada, que prometestes grandes graças aos devotos de vossa medalha se vos invocassem com a jaculatória por vós ensinada, nós, cheios de confiança em vossa palavra, recorremos a vós e rogamos a vossa Imaculada Conceição a graça de que necessitamos.

Eu realizara mais um sonho, qual seja, aportara sem maiores intercorrências aos pés da imensa imagem de Nossa Senhora das Graças, uma benção que eu sempre ansiara.

Contudo, ainda não considerava encerrada minha peregrinação e pretendia prosseguir meu périplo em direção à Basílica de Nossa Senhora do Carmo, localizada em Borda da Mata/MG.

A dificuldade maior seria em termos de orientação no percurso, porquanto inexistem flechas ou indicações de como fazer essa travessia.

Sabia, no entanto, que em determinado lugar eu me enlaçaria com o traçado do Caminho da Fé e, a partir daquele marco, o percorreria em sentido inverso.

Eu não conhecia a região e, certamente, teria problemas em descobrir qual destino tomar, aliado ao embaraço de nem sempre encontrar algum morador para confirmar meu rumo.

Por sorte, eu havia baixado em meu aparelho celular o trajeto feito por um ciclista e gravado no aplicativo Wikiloc, o que foi de suma importância para que eu não me extraviasse no percurso.

Partindo para mais um dia na trilha.

Dessa forma, confiante e animado, deixei o local de pernoite às 5 horas e segui em direção à saída da cidade utilizando, para tanto, ruas por onde já transitara no dia anterior, no sentido de facilitar minha partida.

A temperatura estava ao redor dos 10°C e um vento frio varria as ruas da simpática cidadezinha.

Aproximadamente, um quilômetro percorrido em leve descenso, eu atravessei sob o portal da cidade e, logo depois, encontrei uma placa me informando que eu estava na direção correta.

A placa confirma que estou no rumo certo.

Duzentos metros adiante o calçamento e a iluminação urbana se findaram, eu acessei uma larga estrada de terra e por ela segui confiante com minha lanterna de mão ligada.

Nessa primeira hora, aproveitei para respirar o ar puro emanado pela natureza, bem como para externar minhas orações matinais.

O dia já está clareando...

Cinco quilômetros adiante e com o sol já despontando, eu ainda não cruzara ou fora ultrapassado por nenhum veículo ou pessoa.

Com o dia claro, eu transitei pelo bairro dos Brandões, mas ali também não avistei vivalma, apenas alguns cães vadios transitando a esmo.

O trajeto, praticamente todo em descenso, foi sendo vencido sem maiores dificuldades.

Flores para alegrar o dia...

Porém, com o avançar das horas, o trânsito de veículos foi recrudescendo e aspirei muita poeira nesse trecho.

Infelizmente, eu me esquecera de levar máscaras cirúrgicas para combater esse mal, de maneira que fiquei o tempo todo exposto ao pó que ascendia em suspensão, quando da passagem de algum veículo.

Estrada em descenso, mas com muito pó em seu leito.

Onze quilômetros vencidos, fiz uma pausa para descanso e hidratação numa pracinha situada no Sertão da Bernardina, cuja sede é Tocos do Moji.

O distrito é bastante amplo, contém quase duzentas residências, possui farto comércio e é todo calçado por bloquetes.

Igrejinha existente no distrito de Sertão da Bernardina.

Aproveitei a ocasião para fotografar uma singela igrejinha existente no lugar, dedicada a Nossa Senhora Aparecida.

Enquanto ingeria uma banana, observei atentamente o entorno e fiquei curioso em saber a história do lugar, em face de seu nome atípico ou, no mínimo, exótico.

Pracinha existente no distrito de Sertão da Bernardina.

Contudo, debalde minhas intensas pesquisas na internet, me quedei frustrado no intento.

Na sequência, mais abaixo, encontrei uma bifurcação: se seguisse à direita, iria em direção à cidade de Tocos do Moji, o que não era o caso.

Caminho aberto e sempre em descenso.

Assim, prossegui em frente e enfrentei, em seguida, praticamente, o único ascenso importante do dia.

Depois dali, tudo foi trilhado em grande e contínuo descenso, por locais onde eu detinha amplas vistas do horizonte.

Flores para colorir o dia..

Em determinado trecho, um fusca parou do meu lado e seu condutor perguntou para onde eu me dirigia, depois me ofertou carona.

Prontamente, agradeci e recusei, alegando que estava “pagando uma promessa”.

Descendendo sempre...

Mais abaixo, ao ser ultrapassado por um trator, seu condutor também me perquiriu a razão de minha jornada, dizendo ser raro ver alguém com mochila caminhando solitário pela região.

Conversamos alguns minutos, depois ele seguiu à esquerda, em direção a uma plantação de morangos.

Descendendo, com amplas vistas do horizonte.

Prossegui sempre em forte descenso e, após 16 quilômetros percorridos, finalmente, desaguei na rodovia que liga Borda da Mata a Tocos do Moji.

Ali, uma placa me avisava que ainda restavam 10 quilômetros até meu destino final.

O caminho sai na rodovia que liga Borda a Tocos.

Ainda era cedo, eu estava bem, então, fiz outra pausa, desta vez para hidratação e ingestão de uma barra de cereais.

Prosseguindo, agora pelo acostamento da rodovia, logo passei diante do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, situado num pequeno bairro, que também pertence a Tocos do Moji.

Santuário de Nossa Senhora Aparecida.

Seguindo adiante, um motociclista cruzou comigo, porém, logo depois fez meia volta e me abordou.

Levei um susto, mas ele apenas queria saber se eu estava percorrendo o Caminho da Fé, porque, se positivo, eu estaria caminhando na direção incorreta.

Agradeci por sua preocupação, depois lhe expliquei a razão de minha jornada.

Ele aquiesceu, depois me confessou que se sentiria culpado ao assistir uma pessoa fazer algo errôneo, exclusivamente, por falta de informação, essa a razão de seu questionamento.

Sem maiores novidades, caminhei 6 quilômetros sobre piso asfáltico, até o bairro de Palmas, onde me enlacei com o roteiro do Caminho da Fé.

No Caminho da Fé, mas em sentido contrário.

Nesse local, eu adentrei à esquerda e segui em leve ascenso, por larga estrada de terra, e meus pés, de pronto, agradeceram.

O sol brilhava forte, fazia calor e havia muita terra solta no leito do caminho, mas não encontrei com nenhum veículo nesse trecho.

Derradeiro ascenso, dentro de mata frondente.

Calmamente fui vencendo as distâncias, e após superar um pequeno mas forte ascenso, localizado entre frondoso arvoredo, acabei por sair num local amplo, que me propiciava amplas vistas do entorno.

Borda da Mata logo apareceu em minha visão e, um quilômetro abaixo, eu adentrei em zona urbana.

Nossa Senhora do Carmo, a vossa benção!

Na chegada, primeiramente, adentrei à Basílica de Nossa Senhora do Carmo, onde fui agradecer minha Mãe Maior, por vencer outra jornada, sem maiores percalços ou intercorrências.

Passei momentos gratificantes no interior do templo, depois segui em direção ao hotel San Diego, onde havia feito reserva, estabelecimento que recomendo com efusão.

Ali, por R$50,00, pude dispor de um excelente quarto individual.

Após um banho retemperador, saí para almoçar e o fiz no térreo do estabelecimento, no Restaurante Sal e Pimenta, cuja comida é de excelente qualidade.

Nele paguei R$32,90 o quilo da refeição, servida no sistema self-service.

Altar-mór da igreja matriz de Borda da Mata/MG.

À tarde, fiz outra demorada visita à igreja matriz da cidade, com direito a participar da oração do terço, coordenada por um grupo de senhoras da cidade.

Depois, dei um calmo giro pela simpática cidade de Borda, depois me recolhi.

E no dia seguinte, retornei ao meu lar.

Praça central e, ao fundo, a igreja matriz de Borda da Mata/MG.

RESUMO DO DIA:

Tempo gasto, computado desde a Pousada Alto da Boa Vista, localizada em Bom Repouso/MG, até o Hotel San Diego, localizado em Borda da Mata/MG: 6 h.

Clima: frio e ventoso de manhã, ensolarado após as 8 h, com temperatura variando entre 9 e 22 graus.

Pernoite no Hotel San Diego - Apartamento individual excelente! – Preço: R$50,00.

Almoço no Restaurante Sal e Pimenta - Excelente! – Preço: R$32,90 o Kg, no sistema self-service.

AVALIAÇÃO PESSOAL - Uma etapa tranquila e quase toda em perene descenso. Infelizmente, o calor e a longa estiagem serviram como fator desabonador no percurso. Mas o trajeto, praticamente, todo feito em terra, foi cumprido sem maiores dificuldades, mesmo não havendo sinalização. No global, uma jornada fácil e agradável, trilhada por locais inéditos e campestres,

FINAL