4º dia – PASSEIO EM CRICIÚMA E TREKKING EM SIDERÓPOLIS

4º dia – PASSEIO EM CRICIÚMA E TREKKING EM SIDERÓPOLIS

Catedral de Criciúma, cujo padroeiro é São José.

Estávamos um dia adiantado em nosso cronograma de viagem, assim, em pleno sábado de carnaval, nos dedicamos a conhecer Criciúma, uma cidade que me impressionou positivamente pela história, geografia e lhaneza de seus habitantes.

A começar pelo peregrino José Carminetti que nela reside, e que nos recebeu com extrema fidalguia e hospitalidade, mostrando que os filhos dessa abençoada terra são pessoas boníssimas e gentis.

Na primeira parte da manhã, fizemos um “toour” pela centro da urbe, onde encontramos inúmeras ruas onde o tráfego de veículos é proibido, e que se transformaram em agradáveis calçadões, restritos apenas aos pedestres.

Uma via rasga a cidade de norte a sul, trata-se da imensa Avenida Centenário, que, com seus 16 quilômetros de extensão, funciona como artéria principal dessa progressista urbe.

Praça Nereu Ramos, localizada no coração da cidade de Criciúma.

O nome Criciúma deriva de uma gramínea brasileira (Criciuma asymmetrica, que é aparentada com a Chusquea ramosissima), que aparenta um bambu e era bastante encontrada na região.

No idioma indígena local, o nome Criciúma corresponde a "taquara pequena".

Em meados do século XVIII, o governo imperial cede ao nobre Jerônimo de Castro a concessão de sesmaria, com o intuito de desenvolver a agricultura, a criação de gado e, mais tarde, o extrativismo vegetal e, ao mesmo tempo, povoar e colonizar o território.

A gleba ficava onde hoje situa-se o município de Urussanga, e nela achava-se incluído o atual território de Criciúma.

Durante muitos anos, porém, a região permaneceu desabitada, não tendo recebido colonizadores para o desbravamento da região.

A fundação de Criciúma aconteceu somente no final do século XIX, durante o ciclo da imigração europeia.

Catedral da cidade, sob outro ângulo.

A data de 6 de janeiro de 1880 é considerada como aquela da fundação e início da colonização do município, com a chegada das primeiras famílias de italianos provenientes da região do Vêneto, norte da Itália.

Eram um total de 22 famílias, que somavam 141 pessoas.

Monumento homenageando os primeiros imigrantes italianos que aportaram à região.

Esses imigrantes, apesar de encontrarem inúmeras dificuldades, foram responsáveis por desbravar a região, construindo casas, estradas e escolas e tendo no princípio a agricultura como principal atividade econômica.

Em 1890, chegam a região imigrantes alemães e poloneses, que junto aos italianos, e também aos descendentes de portugueses oriundos da região de Laguna, contribuem de forma decisiva no desenvolvimento do município.

Em 1913, tem início o ciclo do carvão, com a descoberta das primeiras jazidas do minério.

Este fato foi o grande propulsor do desenvolvimento econômico do município, gerando empregos e atraindo investimentos, tendo seu auge entre as décadas de 1940 a 1970.

Homenagem aos trabalhadores em minas de carvão.

Durante este período, Criciúma ficou conhecida como a “Capital Brasileira do Carvão”.

A emancipação de Criciúma ocorre em 1925, com o seu desmembramento da comarca de Araranguá.

A partir de 1947, a indústria cerâmica passa a desenvolver-se no município, assumindo papel de fundamental importância no contexto econômico da região, elevando Criciúma a um dos grandes polos produtores mundiais, sendo a cerâmica criciumense reconhecida pela sua qualidade.

Com uma economia diversificada, um povo aguerrido e empreendedor, Criciúma figura hoje como uma cidade em franco desenvolvimento, sendo uma das principais cidades catarinenses e centro econômico e industrial da região sul do estado.

Em 7 de dezembro de 2000, resgatando suas origens, Criciúma tornou-se cidade-irmã de Vittorio Veneto, cidade italiana berço de muitos imigrantes que contribuíram para a fundação do município.

Criciúma é cidade-irmã de Vittório Veneto/Itália, desde o ano 2000.

Segundo as estatísticas do IBGE de 2014, conta com 204.667 habitantes, sendo a principal cidade da Região Metropolitana Carbonífera, que possui cerca de 560 mil habitantes, além de ser a cidade mais populosa do Sul Catarinense, a quinta maior do estado de Santa Catarina e a 22ª da Região Sul do Brasil.

Pelo Sistema Único de Saúde, o SUS, Criciúma abriga mais de 252 mil cadastrados e está entre os cem municípios do Brasil com o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado como de 0.788 em 20104, sendo o 76º município mais bem avaliado do país e o 14° mais bem avaliado de Santa Catarina, naquele ano.

Interior da igreja matriz de Criciúma.

Entre tantas festas populares que acontecem no Sul, uma delas é em Criciúma.

Realizada há mais de 23 anos, a Festa das Etnias, que nas primeiras edições recebeu o nome de Quermesse por ser realizada na Praça Nereu Ramos, ao lado da Catedral São José, reúne todas as tradições étnicas da região e tem como principais objetivos promover as manifestações culturais e integrar os colonizadores de Criciúma, repassando assim sua história cultural.

Fonte: Wikipédia

TREKKING EM SIDERÓPOLIS

Flores existentes no restaurante, um bálsamo para a alma.

Mais tarde, gentilmente o Carminatti nos apanhou com seu automóvel e nos levou até Siderópolis para conhecer a Barragem do Rio São Bento, que é o principal reservatório de água da região sul catarinense

A intenção era deixar o veículo estacionado em determinado local, depois seguiríamos a pé por uns 5 quilômetros até a represa, utilizando uma bucólica e arborizada estrada de terra.

Porém, a chuva que começou a cair não deu trégua, de forma que seguimos até a eclusa motorizados, e como havia apenas um guarda-chuva disponível, nos revezamos para ver o imenso açude cuja superfície de água cobre 450 hectares.

Confraternizando com Perdiz e Carminatti. Momentos de descontração e total alegria.

Depois, fomos almoçar no Ghellere Restaurante e Pousada, que tem capacidade para 400 pessoas e é um ponto de encontro para os amantes da gastronomia italiana no sul catarinense.

O local é privilegiado e de beleza ímpar, de onde é possível se avistar a serra geral em todos os ângulos.

Floreiras existentes no local.

Dotado de impressionante infraestrutura, o lugar conta ainda com campos de futebol, parque para as crianças, piscinas e se encontra a beira do rio São Bento, onde é possível se banhar no verão.

Ali nos confraternizamos, traçamos planos para novos caminhos, além de darmos boas risadas.

A amiga Celina, concentrada na beleza do local, mas já pensando na viagem de volta.

No final, realizamos um demorado brinde, pois nosso grupo iria se fragmentar no dia seguinte, quando a Celina retornaria ao seu lar.

A HISTÓRIA SUBMERSA NAS ÁGUAS RIO SANTO BENTO

Reportagem produzida na disciplina de Redação Jornalística IV, sendo uma proposta embrionária de Jornalismo Literário. Os textos foram produzidos pelos acadêmicos, explorando novos aspectos de entrevistas, fontes e construção textual. (02/01/2014) - Suelen Bongiolo Gomes /Profª orientadora Marli Vitali (SC0903JP)

Era um fim de tarde típico de primavera. O clima era agradável e o topo da serra estava encoberto pelas nuvens. O gramado exibia os dentes-de-leão que combinavam com as demais flores que coloriam a paisagem. Ao longe se ouvia o barulho do rio com o volume mais cheio devido à chuva dos dias anteriores. O cenário típico de filme tem o acrescido do lago formado pela Barragem do Rio São Bento. É com esta paisagem de fundo que o casal Hilda e Raul Bongiolo relembra num misto de carinho, tristeza e saudade a vida antes da construção.

No interior de Siderópolis, nas comunidades de São Pedro e Serrinha, bem aos pés da Serra Geral, está o palco de muitas histórias, mas que nem sempre são percebidas pelos turistas que visitam o local. Uma parcela da história e da vida desse casal, assim como de outras 42 famílias, está diretamente ligada à construção a barragem. De acordo com os jornais que foram guardados por Raul, o custo total da obra somou mais de R$ 50 milhões.

Vista da barragem e de seu vertedouro.

A barragem levou 25 anos para sair do papel. Desde a década de 1970 eram apenas boatos e promessas. O sentimento que predominava na época era um só: insegurança. Segundo Raul, ou Duda, apelido pelo qual ele é conhecido, no começo ninguém acreditava que o projeto iria mesmo existir. Com o passar do tempo, as pessoas começaram a acreditar. “Todo mundo começou a ficar apreensivo, ninguém sabia exatamente o que fazer nem para onde ir. Foi um período marcado pela insegurança”, destacou.

O jornalista Silmar Vieira, que acompanhou duas manifestações dos moradores da localidade e também audiências públicas sobre o projeto, frisa que a demora de mais de 20 anos entre os primeiros rumores e a realização da obra tiveram um impacto na população local. “Teve muitos moradores que, depois que souberam dessa futura barragem, não fizeram mais reformas esperando o momento em que seriam indenizados e sairiam do local”, lembrou.

Lembranças que brotam com os jornais

Com a redescoberta dos antigos jornais da época em que tudo estava começando, diversos sentimentos perpassam pelo semblante do casal Bongiolo. Dona Hilda relembra com saudade os bons momentos vividos no local e as amizades eternizadas nas fotografias. “Dá uma saudade”, é o que ela exclama ao ver a fotografia da antiga capela tocando o sino pela última vez.

Hilda também não esquece o estresse que foi todo aquele começo. Ela nomeia como uma “encrenca” a parte da negociação, as demarcações das terras e a incerteza que pairava no ar.

O casal ainda hoje mora na localidade, porque apenas dois hectares de suas terras foram indenizados. Os outros seis hectares teriam que ser vendidos ou então procurar uma nova saída. E foi exatamente essa última solução que eles recorreram. “Até pensamos em nos mudar daqui, ir para Siderópolis ou Nova Veneza, mas no fim não valeria à pena. Então decidimos continuar aqui, na nossa terra, no lugar onde crescemos e construímos nossa história”, comentou Raul.

Pelo menos 30 famílias se mudaram para locais próximos, como para o centro de Siderópolis e para Nova Veneza. No caso do casal não é diferente, eles vivem hoje na casa que construíram com o dinheiro da indenização. Da moradia dá de ver as ruínas do local onde moravam anteriormente, a antiga casa dos pais de seu Raul, a Serra e o lago da barragem refletindo a cor do céu.

Os sinos de São Pedro silenciam

Desde o início da construção da Barragem do Rio São Bento muita coisa mudou. Além da paisagem, um dos símbolos da comunidade também sofreu um grande impacto com as obras no local: a igreja de São Pedro. Da igrejinha da localidade que foi palco de tantas missas, batizados, casamentos e festas, hoje só resta a torre. Das muitas histórias na qual ela fez parte, nenhuma foi mais marcante do que a missa que marcou o fim da comunidade.

As lembranças do feriado de Tiradentes de 2002 ainda estão vivas na memória dos habitantes. Foi num domingo de manhã, dia 21 de abril, que a comoção e a tristeza tomaram conta das pessoas que ali se encontravam. Os filhos daquela terra se reuniram para celebrar a última missa antes da demolição da igreja. A igreja estava lotada, muitas pessoas tiveram que ficar do lado de fora da capela. Era domingo, o último dia que os sinos da igreja tocariam e que a estrutura ainda estaria em pé. No dia seguinte, segunda-feira, 22 de abril, a igrejinha construída em 1959 viria ao chão.

O primeiro parágrafo escrito pela jornalista Daniela Niero na edição do Jornal da Manhã do dia 22 de abril de 2002 resume o sentido e o significado do que representou o adeus à igrejinha. A matéria intitulada “Emoção marca adeus à igreja São Pedro”, começa da seguinte forma: “Para aqueles que não fazem parte da história da igreja São Pedro, no bairro de mesmo nome, em Siderópolis, a sua demolição para a construção da barragem do Rio São Bento é apenas um mal necessário para dar lugar ao progresso. No entanto, para aqueles que lá foram batizados, fizeram a primeira comunhão e se casaram, uma parte das suas vidas está sendo perdida”.

É este o sentimento que se percebe ao conversar com pessoas que viveram uma boa parte da vida naquele local. A tristeza é palpável para aqueles que conseguem se colocar no lugar dessas pessoas que tiveram parte de suas histórias submersas. No dia da missa, dona Hilda conta que as pessoas se emocionavam e choravam abraçadas umas nas outras.

No dia seguinte, segunda-feira, dia 22, já retiraram do local as imagens sacras, bancos e altares. Os objetos foram levados para a Igreja Matriz São Marcos, de Nova Veneza, onde permaneceram até a construção da nova igreja.

Em seguida foi possível ouvir as máquinas destruindo a construção. Os moradores que ainda não haviam saído da localidade escutavam com pesar a história do vilarejo vir abaixo. Neste dia, Raul foi até o local e acompanhou o trabalho de derrubada da capela. Foi então que ele sugeriu que deixassem a torre (ou campanário) da igrejinha em pé. O agricultor comentou com os responsáveis que no caso da Hidrelétrica de Itá, no oeste do estado, a edificação se tornou um símbolo para a população local e uma referência para os turistas.

O pedido foi avaliado pela Casan que manteve a torre erguida. “Só é uma pena que não fizeram nenhum preparo para que a torre suportasse a pressão da água e o vento. Não sei por quanto tempo ela ainda ficará erguida”, lamentou Raul.

O ponto de vista de quem viu de fora

Para quem acompanhou de fora a situação dos moradores de São Pedro, algumas cenas chamaram a atenção. Silmar Vieira comenta que era fácil perceber o quanto o pessoal mais velho sofreu. “O que me marcou muito foi a aflição das pessoas em ter que deixar a terra em que foram criadas. A insegurança nos olhos das pessoas mais antigas era visível”, disse.

A jornalista Daniela Niero estava de plantão no dia em que aconteceu a última missa na igreja São Pedro. “Como faz tempo não recordo de muitos detalhes. Mas lembro que o que realmente me tocou foi ver a emoção e os olhos marejados dos homens e das mulheres olhando pela última vez um pouco de sua história indo junto com aquele espaço antes da inundação”, observou.

Fonte:http://www.portalsatc.com/

Mais flores, para alegrar o nosso dia. No caso acima, uma primavera florida.

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