1º dia: GUAXUPÉ/MG a TAPIRATIBA/SP – 27 quilômetros

"A vida se encolhe ou se expande na proporção da coragem de cada um."


Vivenciávamos dias de sol intenso, porém, quando acordei às 4 h, a chuva havia cessado já há algum tempo, e fazia frio, relativamente à época.

Assim, bem-disposto e animado, deixei o local de pernoite às 5 h e segui em direção à igreja matriz de Guaxupé.

Depois, prossegui em ascenso até me enlaçar com a avenida Dona Floriana, que corta toda a cidade.

Ali, girei à esquerda e, a partir desse local, as flechas sinalizadoras reapareceram, e não tive mais problemas até o final da etapa desse dia.

Dessa forma, segui em frente, até que percorridos 2.400 m, já na saída cidade, me enlacei com a rodovia Jamil Nasser, prosseguindo pelo seu acostamento.

Mais adiante, passei diante do Posto de Fiscalização da Polícia Rodoviária, em seguida, por uma ponte, eu transpus o ribeirão Macedos e, percorridos, exatos, 6.800 m, obedecendo a sinalização, adentrei à esquerda, numa larga e plana estrada de terra.

A partir daí, transitei sempre sobre piso sedimentado, num percurso agradável, extremamente bucólico e deserto, em vários trechos.

O forte na região são os cafezais, mas encontrei, também, imensas plantações de milho, feijão e batata.

Após a metade da jornada, depois de ultrapassar a divisa dos Estados, surgiram pastagens e grandes canaviais, uma tônica em São Paulo.

Um fator positivo a ser ressaltado, é que caminhei por bosques nativos em várias oportunidades, concorrendo para refrescar e hidratar o ambiente, embora o clima tenha se mantido nublado ou com sol ameno, na maior parte do trajeto.

Depois de percorrer 11 quilômetros, enfrentei pequeno ascenso que, em seu topo, me levou a 926 m, o ponto de maior altimetria nessa jornada.

O trajeto final foi feito por locais arejados, em franco descenso, até atingir a zona urbana de Tapiratiba, cidade onde pernoitei nesse dia.

Algumas fotos dessa etapa:

Imagem de Nossa Senhora da Paz, localizada no trevo de acesso/saída da cidade de Guaxupé/MG.

Sinalização do Caminho da Fé, fincada na avenida que deixa a cidade.

Finalmente, deixando a rodovia e adentrando em terra.

Trecho ermo e pleno de plantações e verde.

Nesse trecho, árvores guarnecem ambos os lados do caminho.

Trecho aberto, entre imensos cafezais.

Caminho plano e silencioso.

A sinalização esteve excelente, como de praxe, em toda a etapa.

Piso excelente, locais arejados e frescos.

Plantações de cana-de-açúcar, a tônica em solo paulista.

Caminhando por local ermo e pleno de muito verde.

Outro bosque, clima fresco.

Quase chegando, trânsito final em meio a canaviais.

“Tapiratiba” é um nome de origem tupi, que significa “morada das tapir”, pela junção dos termos tapira (anta, mamífero) e tiba (morada, ajuntamento).

Seu nome anterior era Soledade, mas como havia quatro localidades homônimas no país, e não se querendo denominar a localidade “Soledade Paulista”, deram-lhe o nome de Tapiratiba.

Segundo vários moradores do município, aqui chegaram Domiciano José de Souza e família, que vieram em companhia de Vigilato José Dias, procedentes da Freguesia de Caconde.

Domiciano José de Souza, natural de Ibiturana no Estado de Minas Gerais, nasceu em 1800, chegando aqui durante o ano de 1842 aproximadamente. Movido pela cobiça de ouro, reuniu seus escravos tratando imediatamente da exploração das terras. Demonstrou possuir conhecimento e invulgar inteligência.

Domiciano José de Souza, no cenário político de Caconde, foi eleito por várias vezes Juiz Municipal, sendo também agraciado com todos os méritos pelo Presidente da Província, com a patente de Capitão das Ordenanças do Termo de Vila de Mogi-Mirim da Freguesia de Caconde.

Domiciano não parava, e seus ideais de desbravador aumentavam dia a dia, até que arquitetando o futuro promissor da cultura do café na companhia de Vigilato José Dias, com isso, fundou as Fazendas Soledade e Bica de Pedra.

A igreja matriz de Tapiratiba/SP.

Com o falecimento dos dois desbravadores, a fazenda Soledade passou ao genro de Domiciano, Thomas José Dias, enquanto que a Fazenda Bica de Pedra teve como sucessor o Capitão Indalécio.

Em 1897, Thomas José Dias, casado com Carolina de Almeida e Silva, filha de Domiciano José de Souza, doou 20 alqueires de terras da Fazenda Soledade à Paróquia Nossa Senhora da Aparecida.

Em 1898 era então construída por Thomas José Dias e Carolina de Almeida e Silva a primeira Capela, denominada Capela Nossa Senhora Aparecida.

Na Fazenda Soledade, poucas eram as construções existentes, pois Thomas José Dias não vinha precedido de idéias progressistas.

Já na Fazenda Bica de pedra, quando administrada por Vigilato José Dias, várias foram as construções ali realizadas, como também certos melhoramentos, como a sede da Fazenda e construções das mais sólidas (até hoje existentes), engenhos de serra e várias casas de colonos.

Estando a uma altitude de 760 metros, com uma população de, aproximadamente, 13 mil habitantes, foi fundada como município em 1929, emancipando-se de Caconde.

Gentílico: Tapiratibense ou Tapiratibano.

O interior da igreja matriz de Tapiratiba/SP.

RESUMO DO DIA: Clima: Frio de manhã, depois nublado/ensolarado, variando a temperatura entre 16 e 23 graus.

Pernoite no Tapiratiba Hotel: Apartamento individual bom! Preço: R$70,00!

Almoço no Restaurante Belloto: Ótimo! – Preço: R$17,00 o prato feito.

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma jornada de média extensão e que apresenta apenas um pequeno obstáculo altimétrico a ser superado. No restante, um percurso, praticamente, todo plano. Tirante os 8 quilômetros iniciais, vencidos sobre piso duro, o complemento da jornada foi sobre terra sedimentada e sem pedras, excelente para caminhar. A natureza também se mostrou exuberante no entorno, além das variadas culturas agrícolas, tudo concorrendo para um trajeto silencioso e ermo, em quase todo o caminho. No global, uma etapa tranquila, bonita e extremamente agradável.