3ª Etapa: VILANOVA DE AROUSA a PADRÓN - 28 quilômetros

Ame toda a criação de Deus, o todo e cada grão de areia. Ame cada folha, cada raio de luz! Ame os animais, ame as plantas, ame tudo. Se você ama tudo, em breve vai perceber o mistério divino nas coisas. Uma vez que você o perceber, você vai começar a compreendê-lo melhor a cada dia. E você vai finalmente amar o mundo inteiro com um amor abrangente.” (Fyodor Dostoiévski)

Sobre a “Etapa Translatio”

Segundo se sabe 99% dos peregrinos nesta etapa optam pela travessia de barco, em vez de percorrer os 34 quilômetros a pé, até Pontecesures.

Se, no entanto, o peregrino quiser mesmo caminhar, deve se lembrar que a sinalização existente (setas amarelas) nesse trecho específico é bastante escassa.

Se a decisão for mesmo nesse sentido, a sequência é: [0.0km] - Albergue de Peregrinos de Vilanova de Arousa / [4.7km] - Rial / [9.5km] - Vilagarcia de Arousa / [12.6km] - Carril / [17.0km] - Bamio / [19.1km] - O Rancho / [21,5km] - Catoira / [26,4km] - Vilar / [34,2km] – Pontecesures.

O tamanho do barco varia consoante o número de passageiros: o menor leva entre 7 a 9, a lancha, cerca de 20, e o barco maior, tem capacidade para transportar grupos numerosos.

O valor do bilhete é de 19 Euros e deve ser adquirido no albergue de Vilanova de Arousa, sendo que o passeio dura, aproximadamente, 1 h 30 min.

Nesse percurso, vive-se a experiência única de fazer uma etapa do caminho por mar, rememorando a viagem dos restos do Apóstolo Santiago.

Trata-se da única Via Crucis marítimo-fluvial do mundo!

Durante a viagem o comandante faz 2 ou 3 pequenas paradas para explicar um pouco sobre a vinculação da Ria na relação com São Tiago, sua importância econômica e aquilo que se irá ver ao longo da travessia.

Se necessário for, o barco faz 2 viagens ao dia (uma de manhã, outra à tarde), dependendo do horário da maré alta.

Se você tiver urgência de chegar a Santiago, poderá pedir à Hospitaleira em Armenteira para verificar a que horas parte o barco no dia seguinte.

Se houver número suficiente de passageiros, o barco poderá efetuar a travessia no dia seguinte à tarde, ou seja, você não precisará pernoitar em Vilanova de Arousa, o que não é algo a evitar pois, além de seu excelente albergue, a vila é simpática e tranquila.

Caso contrário, pela manhã haverá barco até Pontecesures e, havendo tempo, o peregrino poderá seguir até Santiago (26 quilômetros) ou fazer uma etapa intermédia até Teo (13 quilômetros).

O local de embarque.. muita chuva nesse dia! Uma pena!

Nessa jornada, o peregrino sempre terá garantida a subida pela ría de Arousa, independentemente, do número de pessoas; o que varia é a hora da saída, porque ela, necessariamente, é feita com a maré alta.

No meu caso, a partida estava agendada para às 9 h da manhã e estávamos em 18 peregrinos, contudo, para nosso azar, estava chovendo quando acessamos o barco e assim permaneceu até o final do percurso.

Com isso a nossa visão e as fotografias ficaram prejudicadas.

Saímos no horário aprazado e subimos lentamente pela ría, com sua paisagem inigualável, detendo-nos em uma zona onde o comandante explicou a criação e o cultivo dos mexilhões, além de poder fotografar os inúmeros cruzeiros situados nas margens, com a sensação de que eu estava assistindo uma autêntica “Via Crucis” fluvial.

À nossa direita ficou a ilha de Cortegada, parque natural e famosa pela maior concentração de loureiros em toda a Europa.

Passamos, também, ao lado de “la Torres del Oeste de Catoira”, uma fortaleza defensiva que servia para evitar que os Vikings penetrassem terra adentro.

E, pouco a pouco a ría foi se estreitando e adentramos ao rio Ulla, com seus formosas margens pantanosas, onde habita uma abundante fauna selvagem.

Assim, depois de percorrer 26 quilômetros, ainda sob forte aguaceiro, desembarcamos em Pontecesures, onde há um excelente albergue de peregrinos.

Eu prossegui a pé por mais 2 quilômetros e me hospedei em Padrón, local já meu conhecido, onde me reencontrei com o Caminho Português, pelo qual eu prosseguiria até Santiago.

No entanto, a grande maioria dos peregrinos pretendia marchar por mais 13 quilômetros e pernoitar no albergue de Teo.

Algumas fotos do percurso desse dia:

Deixando o porto, debaixo de fina garoa..

O trabalho/coleta nos criadouros de mexilhões.

Todo mundo agasalhado, face ao frio e o mau tempo reinante.

Muitos pescadores trabalham nessa baía.

O primeiro dos muitos cruzeiros...

A antiga fortaleza de "Catoira".

Bar do Pepe em Padrón: local imperdível!

Vista da cidade, desde o Convento del Carmén, em Padrón.

O célebre "pedrón", onde a barca que trouxe os restos mortais de Santiago ficou amarrada.

Como é bom rever e abraçar uma bandeira nacional!

RESUMO DO DIA: Clima: frio e chuvoso de manhã, depois nublado / ensolarado, variando a temperatura entre 6 e 14 graus.

Pernoite na Pensão Cuco - Quarto individual excelente! Preço: 20 euros.

Almoço no Restaurante Mundos: Excelente! - Preço: 8 Euros o “menu del dia”.

IMPRESSÃO PESSOAL: Trata-se de uma jornada de extensão média, porém, onde caminhei apenas os 2 milhas derradeiros. Não global, etapa belíssima e extremamente agradável, cumprida debaixo de forte garoa. Para mim, então, resta a expectativa de repeti-la um dia, mas sob sol. Já, relativamente, a Variante Espiritual, em termos globais, eu só tenho elogios e saudades dos bons momentos nela vividos, de suas paisagens imorredouras e monumentos fantásticos que, com certeza, me obrigarão a nela caminhar outra vez.