Décima Segunda Etapa: ESTAÇÃO PIRACUAMA (PINDAMONHANGABA-SP) a APARECIDA - 47 quilômetros
Aparecida, a apenas 25 km. Muita emoção na chegada!
28/04/2005 - Faltam 3 quilômetros até a Basílica de Aparecida. Muita emoção!
A previsão climática indicava tempo nublado e chuvoso para aquele dia. Sabia, também, que a partir dali eu caminharia sempre por asfalto até minha meta final. Por sugestão do Sr. Paulo fiz reserva na Pousada e Restaurante do Pintor, que está situada 6 quilômetros depois de Pinda.
Como já de praxe, levantei às 5 h, e às 5:45 h iniciei minha jornada. O clima fresco e o trânsito incipiente propiciaram-me uma marcha tranqüila e prazerosa, ainda que, sobre piso pavimentado.
Na seqüência, primeiramente passei pelo bairro Bonsucesso, e mais tarde pelo Mandú, até que às 9 h 15 min, ultrapassei a ponte construída sobre o Rio Paraíba do Sul, e adentrei a zona urbana de Pindamonhangaba.
Localizada no centro geográfico do Vale do Paraíba, a cidade desponta como uma das referências da região em desenvolvimento e qualidade de vida. Destaca-se o Turismo Histórico, com seus prédios, igreja e casarões coloniais da áurea época dos Barões do Café, além do turismo rural, ecológico e de aventura, tendo como pano de fundo a natureza da privilegiada Serra da Mantiqueira.
Conta atualmente com 140.000 habitantes e está situada a 690 m de altitude. Entre seus filhos ilustres, podemos destacar o atual Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alkimin, médico anestesista, e Berta Celeste Homem de Mello, professora e poetisa, autora da famosa letra “Parabéns a Você”, cantada em todas as festas de aniversário.
Segui por ruas tranqüilas até a Pousada Anjos do Bosque, onde, às 10 h, tive minha credencial carimbada pela Sra. Aparecida, a responsável pelo estabelecimento, que me tratou com muito apreço e carinho, e, ainda, proveu-me com importantes informações sobre o que me aguardava até o final de minha jornada.
Sob um céu toldado por negras nuvens prossegui adiante, cortando pelo bairro Crispim e, mais à frente, na saída da cidade, adentrei à SP-62, histórica estrada que antes da construção da Via Dutra, servia de ligação entre São Paulo (Capital) e o Rio de Janeiro. Uma placa de sinalização ali afixada informava-me que a cidade de Aparecida distava, apenas, 25 quilômetros dali.
Prossegui pelo acostamento da rodovia sob intenso tráfego de veículos, num percurso ruidoso, monótono e enfastiante. Logo à frente, a chuva que há tempos ameaçava no horizonte desabou com intensidade, obrigando-me a vestir, rapidamente, a capa protetora.
Sem local para me abrigar, prossegui sob a intempérie e uma hora mais tarde ultrapassava o bairro São Benedito e logo depois, Moreira César, ambos distritos de Pinda.
Ao interrogar um morador local, fiquei sabendo que a Pousada e Restaurante do Pintor onde eu fizera reserva e pretendia me hospedar, havia ficado para trás, a uns 5 quilômetros.
Certamente o forte aguaceiro que enfrentara, não me permitira observar com mais acuidade as placas indicativas, o que concorrera decisivamente para que eu não visse a Hospedaria e passasse ao largo.
A chuva havia cessado, e como o clima persistia nublado e frio, decidi seguir até a cidade de Roseira, onde cheguei às 14 h. Para minha decepção, verifiquei o centro da urbe estava situado à direita, bem distante do local onde eu me encontrava.
A localidade atualmente com 8.600 habitantes, possui a cooperativa de laticínios mais antiga do interior paulista. Destaca-se no cultivo de arroz, milho e feijão e na pecuária leiteira.
Oferece opções para o turismo rural, ecológico e histórico e seu nome tem origem nas rosas silvestres que existiam no lugar. Sua padroeira é Nossa Senhora de Sant’Ana.
Quedei-me, então, pensativo, pois após caminhar por 36 quilômetros, praticamente sem pausas, encontrava-me faminto, exaurido, e no limite de minhas forças.
Uma placa afixada à minha frente informava: Roseira, 2 quilômetros, à direita; Aparecida, 11 quilômetros, em frente. Mesmo nos estertores de minha resistência física, decidi pela segunda opção e prossegui confiante.
Auxiliou-me, o tempo sombrio e fresco, assim, lentamente, fui aproximando de minha meta.
Duas horas mais tarde, já na avenida de acesso ao centro da cidade, um fato auspicioso: emocionado, pude contemplar ao longe, a enorme Basílica de Aparecida, a uns 3 quilômetros de distância.
A fantástica visão infundiu novo ânimo em meu espírito, propiciando-me seguir alvissareiro e jubiloso.
Na azáfama da chegada, as dores e o cansaço foram esvaecendo e, radiante, exatamente às 16 h 30 min, galguei os últimos degraus de acesso à igreja, e adentrei ao Maior Templo Mariano do Mundo, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida.
Diante da imagem milagrosa ali exposta, lágrimas de felicidade e agradecimento foram vertidas, sob intensa comoção. Não cessava de louvar a Santa pelo sucesso de minha peregrinação, mais uma vez realizada sem percalços ou intercorrências de qualquer natureza.
Aproveitando o ensejo, declinei, perante ela, o nome de todas as pessoas que me ajudaram durante a jornada e, também, o daquelas que haviam me incumbido de trazer suas preces à Virgem milagrosa.
Em seguida, alma leve, calmamente, visitei o interior da imponente Catedral, e na penumbra da Capela de São Jose, pude fazer minhas derradeiras orações.
Findas estas, dirigi-me à Secretaria da Basílica e ali, feliz e orgulhoso, recebi minha Mariana, o Certificado de Conclusão do Caminho da Fé.
Depois, alegre, coração exultante, deixei o complexo religioso e hospedei-me no Minorus Hotel, para um reconfortante e merecido repouso.
No dia seguinte assisti à missa das 9 h, onde eu, juntamente com outros romeiros ali presentes, fomos homenageados.
Depois, fui conhecer o Porto Itaguassú, local onde em que a imagem de Nossa Senhora foi encontrada.
A história diz que em meados de outubro de 1.717, três pescadores encontraram – primeiro o corpo e depois a cabeça – a imagem daquela que hoje é a Rainha e Padroeira do Brasil.
Nas proximidades do porto existiu uma pequena ermida, que por algum tempo abrigou a imagem da Virgem Aparecida.
Hoje, junto à curva do Rio Paraíba, há uma moderna capela refletida em suas águas, para perpetuar o histórico aparecimento.
À tarde uma última visita ao templo maior para dizer adeus à “Mãe” Aparecida.
Na seqüência, embarquei num ônibus e retornei ao conforto do “lar-doce-lar”
Finalmente, junto à Nossa Senhora Aparecida! 28/04/2005
AVALIAÇÃO PESSOAL:
Uma etapa monótona e de extremo desgaste, essa derradeira, vez que toda ela trilhada em asfalto e sem belezas naturais. Nessa toada, caminha-se o tempo todo apreensivo com a segurança pessoal, porque o fluxo de veículos é intenso e produz inquietação. Também, o barulho ininterrupto vivenciado no percurso, faz com que nossa atenção volte-se permanentemente para o exterior, desaparecendo, por conta disso, toda a introspecção e tranqüilidade desfrutadas nas jornadas pretéritas. Ainda, a certeza da chegada ao nosso objetivo nos fortalece, mas, também nos angustia. Afinal, são os últimos momentos no Caminho e, por isso mesmo, tormentosos e desgastantes. Mas, ao mesmo tempo, inesquecíveis e de frenética emoção.