AS AMIZADES INESQUECÍVEIS QUE FIZ NO CAMINHO DA FÉ!


Em 2014 eu fui percorrer o Caminho da Fé sozinho, como de praxe, e em Águas da Prata, onde me alberguei antes de iniciá-lo, a Tina me falou sobre o Márcio, um peregrino que ali pernoitara no dia anterior, enaltecendo suas qualidades, mormente quanto à religiosidade e educação.

Por obra do acaso ou pela graça da Mãe Aparecida, eu o conheci 3 dias mais tarde, quando fui almoçar no restaurante Casarão, em Borda da Mata, onde fomos apresentados por amigos comuns.

E como estávamos hospedados no mesmo hotel, conversamos à noite e ele sugeriu que dali em diante seguíssemos em parceria, como forma de nos ajudar mutuamente.

No Restaurante Casarão, em Borda da Mata, no dia em que conheci o amigo Márcio.

O Márcio, além ser dono de um físico privilegiado, pois têm quase 2 m de altura, era Bombeiro Militar, atuando efetivamente na base de São José do Rio Preto (SP), contudo, era neófito em caminhadas.

Assim, tentei dissuadi-lo da ideia, enfatizando que no dia sequente eu pretendia pernoitar em Estiva, 39 quilômetros à frente, uma jornada complicada, porém, ele topou me acompanhar, então, vencemos com galhardia essa duríssima etapa, para mim, a mais difícil dentre todas as existentes do Caminho da Fé.

Dormimos na Pousada do Poka e no dia sequente percorremos mais terríveis 42 quilômetros, indo pernoitar na Pousada da Praça, em Paraisópolis, e quando ali aportamos, embora fosse um atleta, meu amigo reclamou de terríveis dores nos membros inferiores.

Observando atentamente a enorme mochila que ele portava, cujo peso excedia 14 quilos, incentivei-o a esvaziá-la, o que ele fez prontamente, doando inúmeras barrinhas de amendoim, que trouxera desde o início de seu Caminho, em Tambaú/SP, posto que pouco se utilizara delas, por não ser de sua índole consumir alimentos adocicados.

Além disso, também se livrou de algumas roupas extras, cujo invólucro a prestimosa amiga Jandira prometeu remeter para a sua residência no dia seguinte, via Sedex, pois estávamos num domingo.

Aliás, verificando vários sites que prediziam a meteorologia e sabendo que não haveria chuvas nos dias sequentes, encorajei-o, infortunadamente, a despachar também sua capa protetora, que pesava quase 900 gramas.

Na Pousada do Peregrino, em Campos do Jordão.

Seguindo em frente, dormimos em Luminosa e, posteriormente, em Campos do Jordão.

Ali, percebi que à medida que demandávamos à majestosa Basílica de Aparecida, o cimento mágico que une os peregrinos autênticos, as qualidades que criam laços de amizade, inquebrantáveis, começou a se moldar e, imperceptivelmente, formamos uma equipe.

Que, embora pequena, soube enfrentar e superar desafios, porquanto, as dificuldades provocadas pelas reviravoltas surgidas ao longo do percurso, e as peripécias envidadas para superá-las, tornam esse tipo de “viagem” um tanto tensas se não houver convergência de objetivos e perseverança na meta a ser alcançada.

Então, na manhã seguinte, embarcamos num táxi que nos levou até a entrada do Horto Florestal onde, animados, iniciamos a caminhada matinal.

"Porteira do Céu", junto com meu grande amigo!

Para nossa surpresa, o céu se mostrava enfarruscado, ventoso, prometendo água para breve, embora os meteorologistas previssem tormenta naquele dia, mas, para o período da tarde.

Porém, não havíamos caminhado nem 1 quilômetro, quando a chuva se abateu inclemente, e o mau tempo perdurou a manhã toda, fazendo-nos chapinhar na lama durante o percurso sequente.

Eu vesti minha capa de chuva, contudo, meu amigo Márcio seguiu sem opções, debaixo da tempestade, posto que havia remetido seu abrigo para casa, face minhas convincentes predições.

O descenso pela Serra de Pedrinhas foi um trajeto épico, pois a tempestade não dava trégua e a água que descia pelas encostas nos proporcionou inúmeros escorregões e sustos homéricos, porém, não houve quedas.

Por sorte, quando chegamos ao bairro Gomeral a intempérie amainou, assim, mais tarde, aportamos sem maiores dificuldades à Pousada do Sr. Agenor, onde pernoitamos naquela data.

Então, sob as bênçãos divinas, no dia sequente, com clima ameno, percorremos os 21 quilômetros restantes até a CASA DA MÃE APARECIDA onde, juntos, agradecemos as graças auferidas durante a nossa profícua parceria.

Enfim, chegamos! Obrigado, Márcio! Você é DEZ!

Depois, visitamos a Imagem Sacra da Mãe e assistimos à celebração da Santa Missa, onde demos por encerrada nossa peregrinação.

Mas, aquela terça-feira também se tornou uma data triste e de despedidas, vez que após um caloroso abraço, cada um tomou um rumo diferente, em direção às suas respectivas residências.

PORÉM, SABÍAMOS QUE O LAÇO INQUEBRANTÁVEL DA AMIZADE QUE NOS UNIU, PERDURARIA PELO RESTO DE NOSSOS DIAS...

Ao meu “grande” amigo Márcio, onde quer que se encontre neste momento, meu agradecimento eterno pela sua valiosa companhia e minha admiração por seu imaculado caráter e extrema religiosidade, virtudes raras nos dias atuais!

Bom Caminho a todos!