2º dia - HERNANI - TOLOSA  - 24 quilômetros

2º dia - HERNANI - TOLOSA - 24 quilômetros

O Caminho coloca cada pessoa em seu lugar, assim, não tente ser o que você não é...

Como de costume, acordei bem cedo e para a minha decepção, verifiquei que a chuva prosseguia e com forte intensidade.

Desde às 6 h eu estava paramentado para a jornada, mas face à intempérie que se abatia sobre a cidade, fui adiando a partida, até que, finalmente, às 7 h houve uma trégua e, ainda sob fina garoa, deixei o local de pernoite.

Para me enlaçar novamente ao roteiro, precisei retornar ao centro de Hernani, onde reencontrei as benfazejas setas amarelas.

Sem maiores dificuldades altimétricas, transitei por Urnieta, sempre sobre piso asfáltico, depois passei pelo interior de um polígono industrial.

Então, mais asfalto, outro extenso complexo industrial, mais adiante, um “bidegorri” (pista exclusiva para caminhantes e ciclistas), que aproveita o antigo traçado de um trem e que, depois de atravessar o túnel de Arantzazumea, me levou à cidade de Andoaín, situada junto ao rio Oria.

A chuva me acompanhou novamente durante todo o trajeto e em, alguns trechos, sob forma de tormenta.

Em seguida, por outra rodovia, caminhei em direção a Aduna e Villabona e depois Anoeta.

Nesse local, há um desvio para Hernialde, onde se encontra o albergue Zuloaga Txiki, situado a 1.500 m da cidade.

Eu segui adiante e logo chegava ao centro de Tolosa, onde resolvi encerrar meu indigesto trajeto, já que minha intenção era pernoitar em Legorreta, situada 12 quilômetros adiante.

Porém, eu me encontrava integralmente molhado, com pés e meias úmidos, assim, o risco de contrair bolhas ou uma gripe era iminente.

Por isso, creio que minha decisão foi acertada e não me arrependi.

Afinal, preservar minha saúde era primordial, portanto, segui o preceito peregrino que diz: “O peregrino caminha o quanto pode, não o quanto quer.”

Algumas fotos do percurso desse dia:

Caminhando por um antigo leito de vias férreas.

Como praxe nesse dia, caminho sempre em piso duro.

Albergue de Peregrinos de Andoain.

Nesse trecho, o caminho segue ao lado do rio Oria.

Muita natureza no entorno, mas sobre piso duro.

Novamente o rio Oria.

A cidade de Tolosa, localizada no vale do rio Oria, foi fundada fundada no século XIII (ano 1256), e logo se tornou uma vila murada e importante praça militar.

Entre os anos de 1844 e 1854 foi a capital da província de Gipúzkcoa. 

Uma das ruas do "casco viejo" de Tolosa.

Hoje em dia, apresenta um dos maiores e mais bem preservados centros medievais de Guipúzcoa, com ruas estreitas e edifícios cheios de história, sendo suas construções mais destacadas: o Palácio de Idiakez (século XVII), de estilo barroco; a antiga Câmara Municipal (século XVII); o Palácio de Aranburu (século XVII), de estilo barroco; o Palácio do Atodo (século XVI), de estilo renascentista; a igreja de Santa Maria (séculos XVI-XVII), de estilo gótico e com torre barroca, e a igreja barroca de Santa Clara (séculos XVII-XVIII). 

Edifício onde funciona o Mercado do Tinglado.

Também é possível destacar o Mercado do Tinglado (séculos XIX-XX),

População atual: 19.175 habitantes.

Igreja matriz de Tolosa.

A única porta que restou de suas muralhas.

Ponte romana do século XIII, sobre o rio Oria.

Prédio onde funciona a Prefeitura de Tolosa. 

Na cidade fiquei hospedado na Pensão Oyarbide, de qualidade razoável. Não recomendo!

Para almoçar, utilizei os serviços do Restaurante Veintiuno, onde paguei 10 Euros por um excelente “menú del dia”.

IMPRESSÃO PESSOAL: Essa jornada é, basicamente, toda plana, em contraste com a orografia montanhosa do entorno; a partir de Andoain, eu serpenteei junto ao curso do rio Oria, cujo vale está densamente povoado e com um alto assentamento industrial. Na verdade, essa é a dicotomia do País Vasco: natureza e indústria. Em muitos trechos eu caminhei sobre vias pavimentadas (bidegorri), exclusivas para caminhantes e ciclistas, e muito frequentada pelos habitantes locais. Tolosa, final de jornada, preserva um dos núcleos medievais mais bem conservados da província de Guipúzcoa.

No global, um percurso praticamente todo urbano e não me lembro de ter pisado em terra no trajeto. Por azar, choveu o tempo todo, ainda que, mais frequentemente, em forma de garoa. Novamente me preocupei em não me molhar e bati poucas fotos nos trechos onde a chuva se intensificou. Mas, acredito que com sol, que acabou saindo à tarde, essa etapa pode ser melhor desfrutada.

3º dia - TOLOSA - ZEGAMA – 39 quilômetros