06º dia: CRUZÍLIA a CAXAMBU – 29 quilômetros

06º dia: CRUZÍLIA a CAXAMBU – 29 quilômetros

Dizem que a vida é para quem sabe viver. Mas ninguém nasce pronto. A vida é para quem é corajoso o suficiente para se arriscar e humilde o bastante para aprender.” (Clarice Lispector)


Também, nessa etapa, os trajetos do CRER e da ER são coincidentes.

Saída às 5 h 30 min, depois de tomar o café da manhã que, gentilmente, o hotel me disponibilizou, apesar do horário extemporâneo.

O primeiro trecho é basicamente de ascensos e declives leves, porém, como ponto alto, há que se destacar o descenso pelos túneis de terra e árvores, antes do aporte à cidade de Baependi.

Nessa localidade, como não poderia deixar de ser, fiz uma profícua visita ao Santuário de Nhá Chica.

Na sequência, aproveitando o fato do roteiro passar diante da igreja matriz da cidade, adentrei ao templo para orações e agradecimentos.

O trecho sequente, de apenas 9 quilômetros de extensão, que também faz parte do Caminho dos Anjos, foi trilhado sobre estrada de terra, depois, asfalto, quando do trânsito por bairros periféricos, até a chegada ao local de pernoite.

Algumas fotos do percurso desse dia:

Caminho belíssimo nessa etapa.

Muita sombra nesse trecho.

Mais sombra. O peregrino agradece!

Trecho sombreado e silencioso.

Entorno maravilhoso!

Caminhando dentro da "cava".

Trecho integralmente deserto e silencioso.

Ainda, dentro do "túnel verde".

Santuário de Nhá Chica, em Baependi/MG.

Trecho do caminho localizado entre Baependi e Caxambu/MG.

Trecho do caminho localizado entre Baependi e Caxambu/MG.

As virtudes das águas de Caxambu foram essenciais para o surgimento da cidade.

Em 1674 a bandeira comandada por Lourenço Castanho Tazques alcançou o sopé de um morro de nome "Cachambum", vencendo os índios Cataguases e empurrando-os para o oeste.

Passaram desapercebidos pelas fontes que, embora muito bem escondidas na densa mata, denunciavam sua presença pela fertilidade daquelas terras.

É difícil estabelecer quando elas foram efetivamente descobertas, mas o certo é que foram achadas aos poucos, muitas vezes por acaso.

Uma data significativa é 1748, com a construção, por Estácio da Silva, de uma capela homenageando Nossa Senhora dos Remédios, fazendo crer que ele possa ter experimentado as qualidades de alguma fonte.

Seja como for, o pequeno e espalhado povoado, pertencente à freguesia de Baependi, passaria mais tarde a ser chamado de Nossa Senhora dos Remédios de Caxambu.

Duas fazendas (das Palmeiras e Caxambu) existiam nas redondezas em 1814, e provavelmente seus funcionários tenham se deparado com algumas fontes.

Parque das Águas de Caxambu/MG.

Após beberem da água - e constatarem seu sabor estranho - deram origem aos rumores que se espalharam por toda a região.

Em 1841 o lugar já era bastante visitado por pessoas acometidas das mais diversas enfermidades como reumatismo, lepra, cegueira e até mesmo loucura.

Temendo a contaminação, o juiz de Baependi determinou a retirada de todos.

Somente em 1844 surgiram as primeiras construções, quando Felício Germano Mafra desbravou o matagal, descobriu três novas fontes, e executou benfeitorias para que os enfermos pudessem aproveitar melhor as águas.

Mafra foi encarregado desta tarefa por Antônio de Oliveira Arruda, fazendeiro de Barra Mansa, que teve sua esposa curada pelas águas de Caxambu.

Mesmo com as melhorias, o desenvolvimento do lugar era demasiado lento e ainda não se viam casas nos arredores das minas até 1852.

Visitas ilustres chegaram em 1868, nada mais que a Família Imperial do Brasil.

Vieram da Corte, sabedores das magníficas qualidades das águas do lugarejo, onde permaneceram por um mês.

Parque das Águas de Caxambu/MG.

Dom Pedro II, dona Leopoldina, o duque de Saxe, a princesa Isabel e seu marido conde D' Eu, batizam algumas fontes do Parque das águas.

Após tratamento, a princesa Isabel, que sofria de anemia, engravidou e, como gratidão, mandou erigir a igreja de Santa Isabel de Hungria.

Contudo, nem os hóspedes imperiais conseguiram motivar o crescimento de Caxambu.

A situação só começou a mudar em 1875, com a abertura de concessão para a exploração das minas.

A Companhia das águas Minerais de Caxambu, organizada em 1886, pelo Dr. Policarpo Viotti, realizou importantes obras como captação das águas, drenagem, construção do balneário e casas para aluguel, cuja concessão foi transferida em 1890 para o conselheiro Francisco de Paula Mayrink.

As propriedades medicinais das fontes de Caxambu foram estudadas em 1893 por uma comissão de químicos e médicos da Academia Nacional de Medicina.

Caxambu floresceu no início do século XX, pois possuía estação de trem, hotel, se emancipou de Baependi e, a partir daí, se tornou um dos principais pontos turísticos de Minas Gerais, junto às demais cidades do Circuito das Águas.

Recebeu visitantes influentes, como o jurista e político Rui Barbosa, que declarou: "Caxambu é um jardim de florescência deslumbrante".

O município espalhou a fama milagrosa de suas fontes pelo mundo e, para se ter uma ideia, em 1922 existiam permanentemente na cidade oito orquestras, contratadas exclusivamente para alegrar os hotéis e cassinos.

As águas passaram a ser engarrafadas sem contato manual e exportadas em 1956.

Parque das Águas de Caxambu / MG.

RESUMO DO DIA:

Tempo gasto, computado desde a Pousada Cruzília, em Cruzília/MG, até a Pousada Águas de Caxambu, em Caxambu/MG: 6 h 15 min;

Clima: frio e nublado de manhã; depois das 7 h 30 min, calor e sol forte até o final da jornada.

Pernoite na Pousada Águas de Caxambu: Apartamento individual – Excelente! – Preço: R$70,00.

Almoço no Restaurante da Padaria Santa Clara: Excelente - Preço: R $ 16,00, pode-se comer à vontade no self-service.

AVALIAÇÃO PESSOAL – Uma etapa de média extensão, e sem variações topográficas importantes. Com certeza, foi uma das etapas mais belas que vivenciei em todo o percurso do CRER, porque em quase todo o trajeto existe exuberante vegetação ornando e sombreando as laterais da estrada. Ademais, a passagem pela “cava” antes da cidade de Baependi, nos remete há mais de 300 anos, algo histórico e inusitado. No global, uma etapa fácil e plena de atrativos como, por exemplo, as visitas ao Santuário de Nhá Chica em Baependi e ao Parque de Águas de Caxambu.