FINAL

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Peregrinar, que vem do latim “peregrinus”, significa “viajar ou andar por terras distantes”. Popularmente, no Brasil, se diz que peregrinar é fazer penitência, orar, agradecer graças recebidas e fazer súplicas, sendo que é também o momento ideal para regenerar as forças e as condições espirituais do ser humano.

A simbologia religiosa da peregrinação é a passagem do homem pela terra, cumprindo o seu tempo de provas para merecer o paraíso perdido e, nesse diapasão, o peregrino é um caminheiro que faz o seu próprio caminho.

A palavra peregrinar em nossos tempos vem carregada de uma forte conotação religiosa, vez que há peregrinações pelo mundo todo em direção a terras sagradas ou santuários.

Posto que, Meca é o centro de peregrinação do islamismo; Mandala, do budismo; Lhasa, do lamaismo; Benares, do hinduísmo; Kyoto, do xintoísmo; Jerusalém, do cristianismo; Roma, do catolicismo, de onde deriva a palavra romaria.

Já, no Brasil, as primeiras romarias são datadas de 1743 a 1750, e atribuídas ao padre jesuíta italiano Gabriel Malagrida.

Porém, somente a partir de 1.900, é se iniciaram as peregrinações programadas e incentivadas pela igreja, que indicou de: ...“singular efeito, como homenagem a Nosso Senhor Jesus Cristo, as romarias quando movidas e executadas com verdadeiro espírito de fé; assim, desejamos que o clero as promova e as dirija aos principais Santuários do Brasil".

 

EPÍLOGO

 

O Caminho de Aparecida, um roteiro traçado na esteira e nos moldes do Caminho de Santiago, também poderia ser nominado de “O Caminho da Devoção”, tal a piedade, confiança, crença, veneração e fidelidade que o povo residente ao longo do roteiro dedica à Nossa Senhora Aparecida.

Ou, então, “O Caminho da Fraternidade”, tamanha a hospitalidade, lhaneza e calor humano com os quais somos agraciados ao longo de sua Rota.

Nesse sentido, seus principais objetivos são possibilitar, simultaneamente, momentos de reflexão e de fé, saúde física e psicológica através do exercício da caminhada, ou seja, a integração do homem com a natureza e com a religião.

De se ressaltar, por ser importante, que seu percurso é sinalizado por setas-peixe da cor verde, e composto de estradas de terra, asfalto e trilhas dentro de fazendas, perfazendo aproximadamente 300 quilômetros, incluindo municípios dos Estados de Minas Gerais e São Paulo, onde termina na cidade de Aparecida.

Com efeito, percorrer o Caminho de Aparecida, além de propiciar a oportunidade de renovar meus laços marianos, também me proporcionou o reencontro com a natureza exuberante e intocável, em alguns trechos, bem como o trânsito por locais ermos, onde o entorno está integralmente preservado.

Acresça-se que o roteiro é seguro, está muito bem sinalizado e, possui um diferencial importante e fundamental em relação aos demais Caminhos: 95% de seu trajeto é percorrido sobre terra.

De minha parte, após superar mais este desafio, voltei com uma sensação de tarefa cumprida e uma elevação espiritual profunda pela doação, muitas vezes sobre-humana, um desapego às coisas materiais, pelo sacrifício enorme dispendido durante a jornada.

Para finalizar, gostaria de agradecer a companhia da peregrina Célia Andrade, de Recife/PE, que com sua invejável experiência em caminhadas, aliada ao indelével bom humor e contagiante otimismo, concorreu, decisivamente, para tornar o meu Caminho mais leve e prazeroso.

A peregrina Célia na trilha, fazendo o que mais gosta: "conversando com a natureza"...

Na verdade, à medida que demandávamos à majestosa Serra da Mantiqueira, o cimento mágico que une os peregrinos autênticos, as qualidades que criam laços de amizade, inquebrantáveis, começou a se moldar e, imperceptivelmente, formamos uma equipe.

Que, embora pequena, soube enfrentar e superar desafios, porquanto, as dificuldades provocadas pelas reviravoltas surgidas ao longo do percurso, e as peripécias envidadas para superá-las, tornam esse tipo de “viagem” um tanto tensas se não houver convergência de objetivos e perseverança na meta a ser alcançada.

Mãe  Aparecida, obrigado por todas as graças alcançadas e, se Deus permitir, até breve!

Por derradeiro, diria que para devassar, com intensidade, um roteiro novel e bem-aventurado como o Caminho de Aparecida, nada melhor que manter a chama da descoberta acesa e proeminente, do contrário, a alma se enche de neve e o espírito morre de frio.

 

Bom Caminho a todos!

 

Agosto/2013