5º dia – AMIAIS DE BAIXO a FÁTIMA - 31 quilômetros

5º dia – AMIAIS DE BAIXO a FÁTIMA - 31 quilômetros

Ó Santíssima Virgem Maria, refúgio dos pecadores, que ensinastes aos pastorinhos de Fátima a rogar incessantemente ao Senhor, para que os desgraçados não caiam nas penas eternas do inferno, e que manifestastes a um dos três que os pecados da carne são os que mais almas arrastam àquelas terríveis chamas, colocai em nossas almas um grande horror ao pecado e o temor santo da justiça divina; ao mesmo tempo, despertai nelas a compaixão pelos pobres pecadores e um santo zelo para trabalhar com nossas orações, exemplos e palavras por sua conversão.” 

Pela informações que eu detinha, esta seria a etapa mais exigente desse Caminho, porque o roteiro corta uma zona montanhosa, que contém aclives e descensos pronunciados, em terrenos de grande beleza, mas com muitas irregularidades.

O clima estava frio de manhã, propício para caminhar, assim deixei o local de pernoite às 5 h, girei à esquerda e 500 m à frente, me enlacei novamente com o traçado do Caminho.

Então, fleti à esquerda e por uma rodovia asfaltada, caminhei em forte descenso, até chegar próximo das nascentes do rio Alviela, onde há um grande complexo turístico.

Trata-se de um curso d'água extremamente importante, pois através do Aqueduto do Alviela, ele é dos rios que faz parte do sistema de abastecimento de água da cidade de Lisboa e municípios limítrofes, desde 1880.

Ao redor de sua nascente, foi instalado o Centro Ciência Viva do Alviela - Carsoscópio, junto à praia fluvial dos Olhos d'Água do Alviela, que engloba o Centro Ciência Viva do Alviela, um parque de campismo, uma praia fluvial e um percurso pedestre com informações, além de alojamentos.

Tudo ali se encontrava escuro e silencioso, então, prossegui em frente e após ladear essa importante reserva natural, principiei a ascender por uma estrada de terra.

O aclive se mostrou exigente, mas fui vencendo a serra com pertinácia e após caminhar 5 quilômetros, ultrapassei a vila de Monsanto, de razoável amplitude.

Porém, ali também tudo se encontrava silencioso e deserto, a não ser por dois caminhões que me ultrapassaram no interior do casco urbano dessa simpática urbe.

Prosseguindo, iniciou-se desabalado descenso que, em seu final, me levou a adentrar na pequena vila de Covão do Feto, depois de percorrer 10 quilômetros.

Teve início, então, brusca aclividade, que fui vencendo passo a passo, enquanto o dia clareava.

Mil metros acima, eu deixei a via asfaltada e adentrei numa trilha ascendente, que seguiu em meio a extensos muros de pedra.

Eu estava escalando a serra do Minde, onde não se aconselha ciclistas ou pessoas com dificuldades de locomoção a transitar, em face das irregularidades do terreno que ali se apresenta.

A senda é extremamente pedregosa e exige o máximo de cuidado e atenção, mas mil metros superados nesse difícil trecho, já no topo do morro, reencontrei a rodovia por onde eu caminhara anteriormente, pois ela ladeia a serra, também em franco ascenso, e passa pelo seu cume.

Nesse local, há um espaço para descanso e contemplação, que contém bancos, mesas, lixeiras e, inclusive, um banheiro químico.

A partir daquele ponto, passei a descender com violência, até que, um quilômetro abaixo, eu acessei outra trilha pedregosa e em franco e perigoso declive que, em seu final, me levou a transitar pela bela cidade de Minde.

Ali já encontrei comércio aberto e num bar situado próximo ao “casco viejo” comprei água e tomei café.

Retemperado, prossegui adiante e após deixar a zona urbana, enveredei-me por ruas ascendentes que logo me levaram a transitar por Covão do Coelho, uma pequena vila conjugada à cidade de Minde.

Prossegui em ascenso e, no seu topo, passei a caminhar junto a um grande parque eólico, que continha inúmeras torres, destinadas a captação de energia.

Depois, prossegui, aproximadamente, 5 quilômetros em meio a um imenso bosque de pinheiros, onde o silêncio e a tranquilidade deram o tom, num trajeto agradável e desértico.

Na sequência, atravessei 2 pequenas povoações, onde também não avistei vivalma.

E por uma rodovia bastante movimentada, segui por mais 3 quilômetros, até adentrar ao Santuário de Fátima.

Depois de uma foto na entrada desse sacro local, imediatamente, rumei em direção à “Capelinha das Aparições” onde, oficialmente, está localizado o ponto final desse Roteiro.

Enquanto seguia adiante, sentia uma mística energia cósmica, um chamamento interior, que me levou diretamente à frente desse singelo templo, onde pude agradecer pela minha bem sucedida caminhada.

Em seguida, prossegui até a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e, em seu interior, depois de efusivos agradecimentos a Deus e a Nossa Senhora, dei por encerrada minha peregrinação.

Então, tomei informações e logo me albergava no Fátima GuestHouse, um excelente hotel, situado ao lado do Santuário, que concede descontos especiais aos peregrinos.

Depois do banho e lavagem de roupas, cansado, mas feliz, saí para almoçar.

À tarde/noite, fiz um grande tour pelo Santuário, que já conhecia a sobejo, pois era a quinta vez que o visitava.

Para finalizar minha romaria a bom termo, assisti uma missa celebrada na Capelinha das Aparições, por um vibrante padre brasileiro.

Depois da comunhão e efusivos agradecimentos ao Criador, retornei ao local de pernoite e logo me recolhi, pois estava deveras cansado.

E no dia seguinte prosseguiria minha jornada, desta vez pelo Caminho Nascente, que liga Fátima a Tomar.

Algumas fotos da jornada desse dia: 

Transitando por Monsanto.

Estamos no Caminho certo...

Escalando a serra de Minde.

Ainda em ascenso. Piso pedregoso..

Local de descanso situado no topo da serra.

A cidade de Minde, vista desde o alto da serra.

O sol finalmente deu o ar da graça..

Descenso perigoso em direção à cidade de Minde.

Nesse trecho, o caminho passa junto a torres eólicas.

Caminho ermo e silencioso.

Quase lá...

Faltam apenas 1.000 m. Emoção à flor da pele.

Chegando ao Santuário de Fátima. Muito emocionado e gratificado! À esquerda, a Capelinha das Aparições.

O nome da cidade deriva do nome árabe Fátima (Fāţimah, Árabe), uma das filhas do profeta Maomé.

Existe uma lenda não confirmada que a topônimo faz menção a uma princesa moura local, de nome Fátima que, depois de haver sido capturada pelo exército cristão durante a Reconquista Cristã, foi dada em casamento a um conde de Ourém.

Tendo-se convertido à religião cristã, foi batizada recebendo o nome de Oriana em 1158.

A história da cidade de Fátima está, no entanto, mais associada ao fenômeno das aparições da Virgem Mariano século XX, a três crianças (conhecidos como "Os Três Pastorinhos").

Lúcia dos Santos e os seus primos, Francisco e Jacinta Marto, a 13 de maio de 1917, enquanto estavam a apascentar as suas ovelhas no lugar nominado Cova da Iria, testemunharam a primeira de várias aparições de uma linda Senhora vestida de branco. No local ergue-se atualmente a Capelinha das Aparições.

A Azinheira Grande.

A Senhora, mais tarde referida como a Senhora do Rosário, declarou ter sido enviada por Deus com uma mensagem: um apelo à oração, ao sacrifício e à penitência.

Ela visitou os pastorinhos, aparecendo-lhes todos os dias 13 entre os meses de maio e outubro de 1917.

A última aparição deste ciclo ocorreu a 13 de outubro, e cerca de 70.000 peregrinos testemunharam e assistiram ao chamado Milagre do Sol.

Lúcia tornou-se freira de clausura monástica da Ordem das Carmelitas Descalças e recebera, em criança, três visitas de um anjo em conjunto com os primos.

Entre abril e outubro de 1916, o chamado Anjo de Portugal (ou Anjo da Paz) convidou-os a rezar e apelou à penitência.

O anjo visitou-os duas vezes na Loca do Cabeço (no lugar dos Valinhos) e uma vez ao pé do poço no jardim da casa dos pais de Lúcia.

Jacinta Marto morreu em 1920, no Hospital de Dona Estefânia, em Lisboa, e Francisco Marto morreu em 1919, em casa, por causa da pneumônica (entre 1918-1920).

Foram mais tarde beatificados, no dia 13 de maio de 2000, pelo papa João Paulo II, e canonizados, no dia 13 de maio de 2017, pelo Papa Francisco.

Placa explicativa.

No caso de Lúcia, ela viveu até ao ano de 2005, tendo falecido como religiosa carmelita no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra.

Para marcar o sítio das aparições, foi construído um arco de madeira com uma cruz na Cova da Iria.

Os religiosos (tanto frades, como freiras) e os leigos começaram a viajar em peregrinação ao sítio das aparições.

A 6 de agosto de 1918, com donativos dos peregrinos, construiu-se uma capela pequena, construída com pedras, pedra calcária e argila, com apenas 3,3 metros de comprimento por 2,8 metros de largura e 2,85 metros de altura.

A Cova da Iria rapidamente se tornou um importante centro de culto mariano.

Ao longo dos anos, com a consolidação do santuário como um importante centro de culto mariano e com a crescente atenção dada por papas e outros destacados prelados à Mensagem de Fátima, as peregrinações, procissões e orações no local viriam a crescer enormemente, atraindo grandes multidões de todo o mundo.

Ao fundo, o Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

Em 2015, o santuário acolheu 6 milhões e 676 mil visitantes nas 9.948 celebrações realizadas ao longo do ano, com a maior afluência de peregrinos a ocorrer durante o mês de maio.

A construção do atual Santuário de Nossa Senhora de Fátima, assim como a instalação de mosteiros e conventos de diversas ordens e congregações religiosas católicas, trouxeram um grande desenvolvimento para a freguesia de Fátima e a toda a região envolvente.

Fátima foi elevada de vila à categoria de cidade a 12 de julho de 1997.

Atualmente, existem milhares de peregrinações anuais, vindas de várias regiões de Portugal e do estrangeiro, as quais estimulam o setor econômico.

Fátima é, anualmente, a cidade anfitriã da Corrida e Caminhada pela Paz.

População atual: 12 mil habitantes.

Assistindo à missa na Capelinha das Aparições.

RESUMO DO DIA - Tempo gasto, computado desde o Hotel Amiribatejo, em Amiais de Baixo, até o Santuário de Fátima, em Fátima: 7 h.

Clima: Ensolarado, variando a temperatura entre 11 e 23 graus.

Pernoite: Fátima GuestHouse: Excelente! – Apartamento individual - Preço: 25 Euros.

Almoço: Restaurante Apollo: Excelente! Preço: 10 Euros.

IMPRESSÃO PESSOAL – Uma jornada de grande extensão, que ainda abarca a travessia da estupenda serra do Minde. A primeira parte do percurso contém bastante asfalto, contudo, após a travessia de Covão do Feto, e, posteriormente, da cidade de Minde, o trajeto perpassa por locais de grande beleza, silêncio e ermosidade. Trata-se, no global, de uma dura etapa, porém, a chegada ao Santuário de Fátima é emocionante e compensa qualquer sacrifício.