Segunda Etapa: CASA BRANCA (SP) a VARGEM GRANDE DO SUL (SP) – 31 quilômetros

CASA BRANCA (SP) a VARGEM GRANDE DO SUL (SP) – 31 quilômetros

O clima continuava calorento e seco, dessa forma, para fugir do sol que certamente adviria candente, levantei às 4 h 30 min, e parti às 5 h. 

Com a manhã ainda escura, desci pela Avenida Coronel Júlio e, próximo à Igreja Matriz da cidade, reencontrei as “indefectíveis” flechas amarelas.

Após uma leve subida, adentrei o Horto Florestal e ali caminhei por dentro de um imenso e agradável bosque, fazendo uso de minha lanterna de bolso nas bifurcações, quando necessitava confirmar em qual direção seguir.

Com o dia já claro deixei a mata e fui em direção ao trevo rodoviário que dá acesso à cidade. 

Segui, a partir dali, por uma estrada larga, em terra batida, até que as flechas remeteram-me, desabridamente, à direita.

Logo à frente, cruzei a rodovia que liga Casa Branca a São José do Rio Pardo e continuei a caminhar em meio a um pasto até alcançar a margem da rodovia que liga Casa Branca à Vargem Grande do Sul.

Prossegui, então, durante um bom tempo na trilha de uma fazenda, à beira de uma cerca, tendo o asfalto do meu lado direito, a uns 40 metros de distância.

Por volta das 7 h, na Fazenda Quatro Mil Réis, as flechas me encaminharam para o acostamento da rodovia, seguindo então, no sentido contrário ao fluxo de veículos por aproximadamente uma hora.

O espaço destinado à caminhada, ainda que se apresentasse barulhento e perigoso pelo intenso tráfego de veículos, era bastante regular, plano, amplo e bem cuidado.

Exatamente cinco quilômetros depois, ultrapassei a Fazenda Santa Silvéria, e pude novamente voltar a respirar a tranqüilidade do campo, quando adentrei pelo portão da Fazenda Progresso.

Segui cortando um imenso milharal, e às 9 h transpus a porteira da Chácara Santa Amália. 

Numa casa simples, à beira do Caminho, tive meus passos obstados por alguns cães, um dos quais, chamava-se Pantera. 

No entanto esse fato não me surpreendeu, pois tive notícias pela Internet que alguns dias atrás ele havia atacado um incauto peregrino que por ali transitava.

Enquanto tentava me desvencilhar da matilha, utilizando meu cajado como escudo, surgiu Dona Antonia, personagem que já se tornou conhecida de todos que por ali passam.

Muito simpática e solícita, ralhou com os cachorros, recolhendo-os ao quintal e, depois, gentilmente, serviu-me água e café. Aproveitamos o momento para trocar algumas palavras, bati algumas fotos e pude seguir refortalecido e em paz.

Mais adiante o trajeto se mostrou bastante complicado. 

Chovera torrencialmente alguns dias antes, de forma que a estrada apresentava-se tomada por enormes poças de água, dificultando sobremaneira minha locomoção. 

Lentamente, fui progredindo pelo enlameado piso, tomando cuidados extremos para manter meu precário equilíbrio.

Após uma curva, ao atravessar pequeno riacho por sobre improvisada ponte de madeira, deixava, também, o município de Casa Branca para adentrar ao de Vargem Grande do Sul. 

Uma hora mais de caminhada, e cheguei defronte a imensa área verde, integralmente preservada.

A trilha segue, então, contornando o matoso bosque  por  bastante tempo, posto que naquele trecho havia sinais de preservação ecológica/ambiental. 

Nesse local, até percebi estar caminhando em sentido contrário ao rumo Leste, exatamente aquele que norteia todo traçado do Caminho da Fé.

Mais à frente, alcancei a Fazenda e Pesqueiro Miachon e, logo acima, após sobrepujar breve ladeira, numa grande reta, parei para conversar com dois sitiantes que vistoriavam uma lavoura de quiabo.

Curiosos, inquiriram o motivo de minha peregrinação. Fiz-lhes, então, um sucinto resumo de minhas motivações religiosas, e ao se despedirem, desejaram-me, efusivamente, boa viagem.

No final de longa reta, entrei à direita numa pequena porteira, acessando uma lavoura de milho, recém colhida. 

Depois, por uma trilha úmida e escorregadia, acabei passando por um pasto relvoso.

Sem perder de vistas as flechas, fleti à esquerda e transpus um riacho sobre um tronco de árvore, para, em seguida, prosseguir cortando o centro de uma grande fazenda de gado leiteiro, agora com o relevo em franca ascensão.

Às 12 h, quase no final da jornada, caminhei por uma movimentada estrada vicinal de terra e contornei um grande e verdejante Haras. 

Numa bifurcação, segui, à esquerda, por uma agradável estradinha arborizada, em meio a inúmeras e bem cuidadas chácaras, até adentrar, finalmente, às 12 h 30 min, o perímetro urbano. 

Depois de percorrer quatro ruas pavimentadas, passei ao lado de uma enorme estátua de Cristo. Esse monumento representa o “Cartão de Visitas” da urbe, e se localiza em uma elevação, no meio de uma grande e movimentada avenida.

Cognominada, “A Pérola da Mantiqueira”, Vargem Grande do Sul surgiu de uma antiga estrada boiadeira ou francana no século XVII, em busca de minas de ouro em Goiás.

A data oficial de sua fundação é 26 de setembro de 1874. 

Hoje, com 40 mil habitantes, a cidade tem sua economia baseada na batata e na cana-de-açúcar, seus principais produtos agrícolas, e na indústria, o setor ceramista se destaca como principal esperança de crescimento.

Lá, me hospedei no Hotel Luar, aonde cheguei às 13 h, debaixo de um sol abrasador. 

Para fazer minhas refeições, utilizei os serviços do Varanda’s Bar e Restaurante, local de aprazível ambiente, com excelente atendimento e preços módicos.

AVALIAÇÃO PESSOAL:

Um trajeto onde o relevo não apresenta maiores dificuldades, todavia, também, com escassez de árvores, e suas sombras protetoras do sol. Um outro entrave a ser considerado talvez seja o fato de parte do percurso seguir pelo acostamento da rodovia (5 quilômetros), sem contar a razoável distância a ser percorrida nessa etapa.