7º dia: RIBEIRÃO BONITO a SÃO CARLOS – 45 quilômetros 

7º dia: RIBEIRÃO BONITO a SÃO CARLOS – 45 quilômetros

Não sei o que me espera amanhã, mas estou em paz, pois sei que Deus tem o melhor para mim!

Acordei cedo, por volta das 3 h da manhã, já sabendo que nesse dia enfrentaria a etapa de maior dimensão desse roteiro e o clima reinante seria o meu grande adversário nesse desafio de fé e coragem.

Assim, como adredemente engendrado, deixei o local de pernoite às 4 h 30 min, seguindo em ascendência pelas ruas frias e vazias da cidade de Ribeirão Bonito, cuja população ainda dormia.

E quando a iluminação urbana cessou, liguei minha lanterna de mão e prossegui adiante, atento às flechas amarelas.

Logo, numa pequena baixada, por uma ponte de madeira recentemente edificada, exclusiva para pedestres, ultrapassei um riacho e, do outro lado, passei ao lado de uma placa que me avisava restarem 578 quilômetros até Aparecida.

Segui com calma em ascendência, depois, por um túnel, passei sob a rodovia SP-, girei à direita e logo, fleti 90 graus à esquerda, e prossegui por um caminho plano, situado entre cercas e algumas árvores, num local que abriga pastagens.

Mais adiante, atravessei uma zona boscosa, onde a estrada se situava numa cava, com barrancos altos nas laterais.

Sem maiores novidades, com o dia clareando, vi que caminhava entre imensos canaviais, em locais abertos, onde a cana foi colhida recentemente.

Logo passei diante da Granja Marlene, onde a faina diária seguia a pleno vapor; depois, já em leve descenso, adentrei em outra área arejada, passei diante de um casarão abandonado, logo, girei à direita, depois, ao atingir o topo de um morro, passei a descender desabaladamente.

O entorno prosseguia vazio e silencioso quando, mais abaixo, por uma ponte, eu ultrapassei um canal artificial do rio Jacaré-Guaçu, que ali é desviado para fins de geração de energia, sob a supervisão da CPFL.

Logo à diante, fleti à esquerda e acessei uma estrada ascendente, bastante pedregosa, momento momento, com um expressivo tráfego de veículos onde, infelizmente, aspirei bastante poeira.

Um quilômetro acima, passei diante de uma grande construção que serve de alojamento para trabalhadores, onde eu poderia conseguir água se necessário, o que não era o caso.

Seguindo em frente, depois de percorrer 23 milhas, acabei por sair na rodovia SP-215, que segue em direção a São Carlos / SP, quando um automóvel parou ao meu lado e o motorista me ofereceu carona, depois, ante minha recusa, perguntou o meu destino.

Quando lhe respondi, ele me cumprirá pela coragem e disse que como resida próximo dali, tem visto, com alegria e amiúde peregrinos transitando por aquele local em direção à Basílica de Aparecida, ato que ele também pensava em envidar num futuro próximo.

O roteiro prosseguiu por uma estrada de terra paralela, situada a uns 50 metros da rodovia, que margeava um vasto canavial, em perene ascendência.

Sete milhas à frente, quando esse caminho se encontrar, aí sim, eu prossegui por mais 4 milhas pelo acostamento da rodovia, nenhum sentido contrário ao fluxo de veículos.

Finalmente, depois de percorrer 33 milhas, eu adentrei à esquerda, numa larga estrada de terra onde, infelizmente, encontrei intenso tráfego de veículos, principalmente, de treminhões, que me fez aspirar muita poeira.

Por sorte, duas milhas à frente, eu girei à direita e prossegui por uma estrada deserta e com alguma sombra.

Percorridos, exatos, 38 milhas, eu acessei uma estrada vicinal asfaltada e, quase imediatamente, depois de transitar anteriores do Pátio de Recolhimento de Veículos da Prefeitura Municipal, parei no portão do Canil Municipal de São Carlos para avaliar minha situação.

Restavam-me percorrer ainda uns 6 milhas, contudo, todo ele em zona urbana, transitando, boletim, por bairros periféricos, plenos de tráfego e barulho, atributos indissociáveis ​​numa metrópole, até atingir a zona central da cidade.

Além disso, eu me encontrava faminto, afônico, pela excessiva aspiração de poeira, minha água estava no fim e, além disso, me senti exaurido fisicamente, face à longa distância vencida, bem como pelo sol candente e o forte calor que me agrediam.

Assim, sem maiores traumas ou dúvidas, utilize meu aparelho celular para ativar o aplicativo da Uber e meia hora depois, eu aportava ao Hotel Accacio, onde me hospedei nesse dia.

À tarde, após o almoço e necessário descanso, fui visitar a belíssima Catedral da cidade, cujo padroeiro é São Carlos Borromeu, para agradecer pelo sucesso de minha empreitada, encerrada sem maiores intercorrências físicas.

E, à tardezinha, embarquei num ônibus da Empresa Cruz e retornei ao meu lar.

Contudo, Deus permite, em agosto retomarei minha caminhada rumo à Basílica da Mãe Aparecida.

Algumas fotos do percurso desse dia:

Depois de caminhar mais de uma hora no escuro, o dia, finalmente, raiando..

De volta aos canaviais.

Mais cana... trajeto fresco e silencioso.

Um casarão abandonado, situado à beira do caminho.

Trecho aberto.. o sol já nasceu.

Finalmente, um trecho matoso.

Caminhando à beira da rodovia. Caminho integralmente deserto.

Trecho aberto. Horizonte sem fim..

Caminhando à beira da rodovia SP-215. Por sorte, há acostamento.

Trecho final e aberto, onde aspirei muita poeira.

Quase chegando à civilização, um pouco de sombra. O peregrino agradece!

Capital Nacional da Tecnologia e conhecida também como Capital do Clima, São Carlos está localizada no centro geográfico do Estado de São Paulo.

A cidade possui características especiais que a tornam um local de destaque sob vários aspectos.

Diante da concentração de importantes universidades, centros de pesquisas e grandes empresas de base tecnológica, São Carlos reúne uma grande quantidade de cientistas e pesquisadores: um pesquisador doutor (PhD) para cada 180 habitantes.

No Brasil a relação é de um doutor para cada 5.423 habitantes.

O clima ameno, com temperatura média anual de 19,6 ºC, somado às altitudes médias entre 800 e 1.000 metros, faz de São Carlos um local muito agradável, com inúmeras cachoeiras, curiosas formações geológicas e belíssimas paisagens.

O município conta ainda com um rico patrimônio histórico cultural preservado, representado principalmente por seus palacetes na região central e pelas fazendas históricas como: Fazenda Pinhal (Patrimônio Histórico Nacional) e Fazenda Santa Maria do Monjolinho, ambas remontantes da fundação do município e abertas a visitação.

População: 120 mil habitantes.

Fonte: www.caminhodafé.com.br

O interior da Catedral de São Carlos.

O interior da Catedral de São Carlos. Vitrais belíssimos!

RESUMO DO DIA - Clima: Ensolarado, com sol forte e baixa umidade após às 10 h, variando a temperatura entre 13 e 25 graus.

Hospedagem: Hotel Accacio - Apartamento individual - Preço: R $ 60,00;

Almoço: Restaurante do Maguila - Ótimo! Preço: R $ 10,00 o “Prato Feito”.

AVALIAÇÃO PESSOAL - Uma jornada de grande extensão, porém, salvo pequeno ascenso que se inicia na metade do percurso, o restante do trajeto é todo plano e bastante ermo. Se o peregrino pensar em dividir essa etapa, uma possibilidade é tomar ônibus ou táxi quando atingir a rodovia SP-215, ao completar o 23º quilômetro de caminhada. Quanto à redução de água, só observei duas possibilidades: no 12º quilômetro, onde está situada a Granja Marlene e depois, no 20º quilômetro onde, do lado direito, há um alojamento de trabalhadores. Mas se o peregrino pretendente ir até o final, pode evitar o trecho citadino utilizando um táxi / uber, como eu fiz. No global, uma jornada deserta e silenciosa até a sua metade, depois, face à rodovia, tal quietude fica ofuscada.