1º dia – SÃO LOURENÇO/MG a SANTANA DO CAPIVARI/MG – 30 quilômetros

1º dia – SÃO LOURENÇO/MG a SANTANA DO CAPIVARI/MG – 30 quilômetros

"Ficar trancado entre quatro paredes ou viver apenas no concreto das grandes cidades, nos afasta de nossa verdadeira essência e pode nos levar a um estado de desânimo e apatia. Para alimentar o otimismo precisamos entrar em contato com a natureza regularmente." (Allan Percy)

Acordei, como de praxe, muito cedo, pois teria uma razoável jornada pela frente.

Ademais, sendo o primeiro dia de caminhada, sabia que teria dificuldades até meu corpo se acostumar, novamente, à estafante e dolorida saga peregrina.

Após os preparativos e alongamentos matinais, deixei o local de pernoite quando meu relógio marcava, exatamente, 5 h 45 min.

Na saída, quis registrar para a posteridade a partida, e pedi ao simpático porteiro noturno que tirasse uma foto minha. 

Deixando o local de pernoite. Antes, pausa para uma foto.

Observando as informações em minha planilha de viagem, impressa a partir do site da Estrada Real (www.institutoestradareal.com.br), eu caminhei em direção à saída da cidade.

Trinta minutos depois, percorridos 3 quilômetros em ótimo ritmo, onde transpus o rio Verde, por uma ponte metálica, passei diante do prédio que abriga Estação Rodoviária.

Numa praça fronteiriça, com imensa alegria, localizei o primeiro totem da Estrada Real. 

Primeiro totem do dia.

Então, seguindo as orientações da planilha que portava, prossegui por asfalto, em direção à cidade de Pouso Alto.

Quinhentos metros à frente, obedecendo à sinalização, adentrei à direita, numa estrada de terra descendente, e meus pés peregrinos agradeceram de pronto.

O caminho, quase sempre em descenso, prosseguiu tendo o belíssimo rio Verde pelo meu lado direito.

Transitei, nesse intermeio inicial, sempre entre chácaras e grandes fazendas de gado leiteiro.

Havia garoado durante a madrugada e, em determinados locais, o piso se mostrava úmido e o clima hidratado.

O céu estava nublado e fresco, excelente para caminhar. 

Caminho mágico e hidratado.

Esse primeiro trecho, talvez, pelo horário matutino, se mostrou deserto e silencioso em seu entorno, onde caminhei entre luxuriante vegetação.

Mais abaixo, encontrei crianças agasalhadas, aguardando a condução que as levaria à escola.

Estavam postadas diante de casas simples, onde a tônica eram os pés de bananeiras, goiabeiras e amoras.

Observei donas de casa no tanque, firmes na lavagem, de roupas, galinhas ciscando, cachorros por todo lado e muitas floreiras.

Bairro das Palmeiras - Carvãozinho.

Mas, o que me impressionou foi o semblante alegre da maioria das pessoas, apesar da aparente pobreza material.

Por que plantariam flores e cuidariam delas, se não estivessem felizes?

Se a busca da felicidade é o principal objetivo da vida, tive a impressão de ter caminhado durante alguns minutos por um lugar beatífico.

Paisagens belíssimas!

Uma plaquinha afixada num poste me informava que eu estava transitando pelo bairro das Palmeiras – Carvãozinho, que pertence a São Lourenço.

Mais abaixo, algumas senhoras me cumprimentaram respeitosamente e eu prossegui em minha jornada, conjecturando sobre o que vira.

Numa residência, logo adiante, parei para fotografar e orar diante de um pedestal que continha um nicho, dentro do qual havia imagens de santos, com destaque para Nossa Senhora de Aparecida. 

Homenagem aos peregrinos...

Um cartaz informava que se tratava de uma homenagem “aos peregrinos, ciclistas e cavaleiros”.

O trecho sequente, também, se mostrou bastante ermo, contudo, logo fui ultrapassado por dois motociclistas que se dirigiam à sua faina diária.

Eu seguia bastante atento, porquanto, a planilha que eu portava, dizia que após caminhar quatro quilômetros, eu deveria adentrar à esquerda.

Depois de transitar diante de uma bela fazenda, encontrei uma bifurcação onde, efetivamente, a sinalização se mostrou confusa, porque o totem da Estrada Real está fincado uns 100 metros antes desse importante ramificação.

Na verdade, eu já estava seguindo adiante quando resolvi conferir meu rumo pelo GPS incrustado em meu aparelho celular.

Por sorte, havia salvo nele o mapa da Estrada Real disponibilizado pelo Google, que recomendo a todos, e que poderá ser acessado no seguinte endereço: https://www.google.com/maps/d/viewer?mid=1uDYOD5_xNMYwbG2Ot20xr-PfR40&hl=en_US

Nessa bifurcação, o correto é seguir à esquerda, como eu fiz.

Então, ao verificar meu erro, retornei sobre meus passos e, diante de um haras, onde vários cavalos observavam a minha passagem, eu girei à esquerda.

Para confirmar a certeza de minha decisão, logo encontrei os marcos do CRER – Caminho Religioso da Estrada Real, que nesse trecho coincide com o roteiro que eu estava seguindo. 

Caminho retilíneo...

Como de praxe nessa etapa, prossegui sempre entre grandes fazendas de gado leiteiro.

Ainda em descenso, o entorno se mostrou belíssimo, com muito verde e um inquietante silêncio. 

Locais silenciosos e ermos. O marco do CRER está ao lado do totem da ER.

Paisagens bucólicas davam o tom nesse trecho onde, de quando em vez, avistava casas, quase sempre, desertas. 

Sozinho na trilha, alegria geral.

Diante de uma propriedade, encontrei alguns pés de buganvílias, de várias colorações, integralmente floridas.

Um presente para aquela manhã nevoenta. 

Primavera florida, tudo de bom!

Dez quilômetros percorridos em ritmo constante, adentrei ao bairro Taboão que já pertence à cidade de Pouso Alto.

Ali, primeiramente, transitei diante de seu Posto de Saúde que ainda se encontrava fechado.

Mais abaixo, passei diante de uma singela igrejinha, a partir da qual, passei a caminhar sobre bloquetes de cimento. 

Igrejinha localizada no bairro Taboão.

Nesse local existem estabelecimentos comerciais como bares e pequenas quitandas. 

Logo estava transitando pelos domínios da Fazenda Recanto dos Carvalhos, atualmente, um concorrido e belíssimo condomínio, onde estão construídas requintadas residências.

Nesse local, pouco mais adiante, passei diante da Pousada Recanto dos Carvalhos, que faz parte da HI - Hostelling International (Albergue da Juventude), a maior rede de hospedagem do mundo.

O lugar é de paradisíaca beleza e contém piscina, quadra de tênis, sauna a vapor, sala de jogos, além de uma estupenda cascata natural.

Dispõe, ainda, de uma área destinada a barracas totalmente gramada, iluminada e arborizada, homologada pelo Camping Clube do Brasil.

Tudo ali está muito bem cuidado, com esmerado capricho, sendo que os chalés apresentavam pintura recente.

Conversei alguns instantes com uma senhora que gerenciava o local, depois segui adiante.

Caminho belo, mas sem sombras.

O trecho seguinte também se mostrou belíssimo, com flores e muito verde no entorno. 

Flores dão o toque nesse trecho.

Percorridos, aproximadamente, dez quilômetros, teve início o primeiro e único ascenso do dia.

Nada muito difícil, até porque o sol ainda não havia dado as caras e o clima prosseguia fresco e hidratado.

Nesse trecho eu transitei por locais ermos e silenciosos, uma benção para um peregrino que deseja ficar distante da civilização. 

Caminhando pelo cimo do morro, com ampla visão do entorno.

Ao atingir o cume da elevação, a 1041 metros de altitude, fiz outra pausa para me hidratar e apreciar a exuberante natureza que me rodeava.

Nessa etapa, esse foi, sem dúvida, o local mais belo e aprazível por onde transitei.

Muito verde e flores no entorno, um colírio para os olhos do caminhante. 

Início de forte descenso.

Prosseguindo, teve início pronunciado descenso, que fui vencendo com calma e tranquilidade, enquanto contemplava o maravilhoso ambiente que me envolvia.

O sol finalmente apareceu, deixando tudo mais claro e brilhante.

Nesses momentos imorredouros, impossível não agradecer a Deus pela beleza a mim, gratuitamente, oferecida.

O clima prosseguia fresco e eu seguia animado em minha sina de desvendar mais um roteiro.

Pela direita, uma fazendinha centenária espalhava fumaça pela chaminé, com cheiro de comida.

Depois, por uma ponte, transpus pequeno regato, enquanto ouvia um sabiá gorjeando alto e tão perto, que quase parei para gravar seu canto. 

Chegando ao asfalto.

A estrada foi lentamente convergindo para a esquerda e, mais abaixo, já no plano, passei a caminhar ao lado da rodovia, que liga Pouso Alto a São Lourenço.

Quase chegando à zona urbana, obedecendo à sinalização, eu ultrapassei a BR-460 e, já do lado oposto, segui em direção ao ponto mais alto da cidade.

Enquanto caminhava, foi impossível não me lembrar do que disse um poeta sobre essa pequena povoação:

“Nas manhãs frias, ouve-se a seriema a cantar. Sente-se que um novo dia está a raiar, é Pouso Alto que acorda, lenta, bonita, mineira”. 

Igreja matriz de Pouso Alto.

Quinhentos metros percorridos, parei diante da igreja matriz da cidade, cuja padroeira é Nossa Senhora da Conceição.

Ela foi erigida no ponto de maior altimetria da urbe e seu pátio fronteiriço era o local onde ocorriam os pernoites dos bandeirantes, tropeiros e outros aventureiros que por ali passaram.

Fiz questão de pisar com meus pés o local exato onde acamparam tantas expedições, incluindo a mais importante delas, a de Fernão Dias Paes Leme, e foi emocionante!

A vista é boa a partir deste local tão importante para a nossa história. 

Nesse pátio sagrado, acamparam e dormiram bandeirantes, tropeiros, etc...

Pouso Alto é um pequeno e bucólico município situado aos pés da Serra da Mantiqueira, com uma população estimada de 6.300 habitantes.

Ele se encontra encravado entre os picos mais altos do País, um cenário inesquecível em meio à exuberância da floresta tropical da Mata Atlântica e onde as quatro estações do ano se definem bem ao estilo europeu.

São montanhas e vales, bosques de araucária entrecortados, aqui e ali, por lindas cachoeiras e uma flora singular, onde se sobressaem bromélias, o popular beijinho, o mandacaru e espécimes de climas quentes e frios convivendo em perfeita harmonia e abrigando uma fauna bem diversificada.

A história de Pouso Alto - a segunda cidade mais antiga de Minas (a primeira é Passa Quatro) - remete ao século 17, quando os Bandeirantes começaram a desbravar a serra e abrir caminhos para o transporte do ouro e das pedras preciosas da região.

Considerado um dos pousos preferidos dos Bandeirantes, o vilarejo abrigou desbravadores ilustres como Fernão Dias Paes Leme, o caçador das esmeraldas; Borba Gato e Matias Cardoso.

Pouso Alto já foi pouso de princesa e príncipe, como a princesa Isabel e o príncipe Dom Pedro II, que vieram inaugurar a antiga estação de trens, hoje instalada na cidade de São Sebastião do Rio Verde.

Nela também viveram personagens ilustres, como o escritor Ribeiro Couto, autor do famoso romance A Carne; depois, o poeta Manuel Bandeira, vindo à procura de uma recuperação de saúde.

E, posteriormente, Ribeiro Couto, diplomata, poeta e escritor, que foi durante quatro anos promotor da cidade e nela escreveu a novela A Cabocla, revivida recentemente através da televisão.

Casarão centenário, onde dormiu Dom Pedro II.

Quando o Imperador Dom Pedro II esteve na cidade, em 1884, ele pernoitou no casarão existente na praça principal, que pertencia ao Barão de Pouso Alto.

Este é um dos únicos edifícios remanescentes do século XVIII.

Antigo solar do Barão de Pouso Alto, o Casarão, foi reconstruído, em 1874, pelo Barão de Monte Verde, natural desta cidade, casado com D. Izabel Pereira da Silva, Baronesa de Monte Verde, prima da princesa Izabel.

Tal prédio foi construído com finalidade de servir de residência a seu genro, o Dr. Joaquim Bento Ribeiro da Luz, primeiro Juiz de Direito da Comarca de Pouso Alto e também fundador da Escola Municipal “Ribeiro da Luz”, escola municipal da cidade até hoje, mais conhecida como “Grupo Escolar”.

Dr. Joaquim residiu no Casarão até 1912. Neste mesmo ano, instalou-se no prédio um Colégio (internato e externato) que teve como fundador o Pe. Antônio Augusto de Assis.

Em 1948, o prédio já se encontrava em péssimo estado de conservação, tendo sido doado ao patrimônio paroquial.

Em 1951, uma escritura de acordo entre a Prefeitura Municipal e Paróquia de Nossa Senhora da Conceição mudou sua condição: o casarão em ruínas passava a pertencer a Prefeitura.

Em 1952, o prédio foi integralmente restaurado para receber o Fórum local. Sua inauguração contou com a presença do então governador de Minas Gerais e futuro presidente da República, Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Praça central de Pouso Alto.

Os Cochilos do Imperador” 

O hábito de dormir em público de dom Pedro II pode ter sido consequência de uma doença respiratória

Seus críticos diziam que era falta de interesse pelo Brasil, enquanto os chargistas do Segundo Reinado enchiam as páginas de jornais com ilustrações que satirizavam o hábito do imperador dom Pedro II (1825-1891) de cochilar em público. Mas um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostra que a medicina pode absolver o monarca. Segundo os pesquisadores, a causa da sonolência era a síndrome de apneia obstrutiva do sono (doença conhecida pela sigla saso).

Esse distúrbio do sono causa uma série de paradas respiratórias, provocadas pelo fechamento da faringe. O sono fica interrompido, e a pessoa padece de uma sonolência excessiva durante o dia. Segundo os autores do estudo, Rubens Reimão (USP), Marleide da Mota Gomes e Péricles Maranhão-Filho (UFRJ), dom Pedro II era obeso, que é um dos fatores agravantes da doença. A pesquisa, baseada em documentos históricos, relatos, fotografias e historiografia sobre dom Pedro II, foi publicada nos Arquivos de Neuro-Psiquiatria.

O estudo mostra que, regularmente, dom Pedro II era avaliado por importantes médicos da época, que não encontraram nenhum distúrbio do sistema nervoso e atribuíram o cansaço excessivo do imperador à diabetes. A saso só foi identificada na segunda metade do século XX. 

Ultrapassando estilosa ponte edificada sobre o ribeirão Pouso Alto.

Eu descendi por uma empinada ruela e acabei por sair na praça principal onde conversei com alguns senhores aposentados sobre o casarão onde dormiu o Imperador e que, no momento, passa por um intenso processo restaurativo.

Depois, parei num bar para comprar um isotônico e confirmar as instruções que detinha, de como eu deixaria a cidade.

Tudo resolvido, cruzei o ribeirão Pouso Alto por uma estilosa ponte, depois, fleti radicalmente à direita.

Caminhei algum tempo por bairros periféricos, sobre bloquetes de cimentos, até que, mais adiante, adentrei em asfalto.

Segui, então, pelo acostamento da rodovia MG-350 e, dois quilômetros adiante, por uma ponte metálica, transpus novamente o rio Verde que, nesse local, já possui expressiva quantidade de água. 

Trajeto pela rodovia. Mas São Sebastião já aparece no horizonte.

Em sequência, adentrei na cidade de São Sebastião do Rio Verde que era, por volta de 1880, chamada de “Várzea dos Maciéis”.

Com a construção da estrada de ferro inaugurada pelo imperador Dom Pedro II em 1884, passou a chamar-se “Estação de Pouso Alto”.

Em 1930 a Estação de Pouso Alto passou a ser a sede do Município e da Comarca de Pouso Alto.

Durante vinte e um anos teve centralizada toda a vida do município, mas, em outubro de 1951, a sede do Município e da Comarca voltou para Pouso Alto.

 

Adentrando em São Sebastião do Rio Verde.

Em 1953, num fato inédito, foi rebaixado para distrito, com o nome de São Sebastião do Rio Verde.

Pela Lei Estadual nº 2.764, de 31 de dezembro de 1962, foi elevado a Município, e em 1º de março de 1963 foi instalado, sendo intendente o Sr. José Vitor da Fonseca.

Localizado no Sul de Minas, encontra-se a 726 metros de altitude, abrangendo uma área de 92 km², com população estimada em 2.206 habitantes, no ano de 2013.

Sua economia é baseada na agropecuária, com gado de leite e corte, suínos e produção de arroz, milho e feijão.

A Igreja Matriz São Sebastião, onde os fiéis se reúnem, é considerada um dos mais belos cartões-postais da cidade.

O município apresenta como atrativo natural o Rio Verde, situado na área urbana, propício à prática de atividades como canoagem e pescaria, possuindo, também, pequenas praias que possibilitam a natação. 

Igreja matriz de São Sebastião do Rio Verde.

Fiz uma pequena pausa diante da igreja matriz da cidade para fotografá-la, vez que ela se encontrava fechada, obstando minha visitação ao seu interior.

Depois prossegui adiante, ainda à beira da rodovia MG-350, por mais dois quilômetros.

Então, obedecendo à sinalização, adentrei à esquerda, e passei a caminhar em terra, numa estrada situada entre grandes pastagens. 

Descendendo em direção à Pousada e Spa São Sebastião.

Mil e duzentos metros à frente, passei diante da Pousada e Spa São Sebastião, localizado num espaço de esplendorosa beleza, exatamente, na estrada do Bom Retiro. 

Pousada e Spa São Sebastião, à esquerda. Local belíssimo!

Situado num local rodeado por muito verde, o estabelecimento conta com duas piscinas, sendo uma aquecida, sauna, campo de futebol, salão de jogos com muitos brinquedos para crianças e outras atrações, como trilhas a pé, pesca, equitação, etc..

Tudo ali está muito bem conservado, com pintura vistosa e recente.

Observei bastante atividade em seu interior, consubstanciada por funcionários que faziam a manutenção em suas instalações.

Eu transitei calmamente diante do imponente complexo, depois voltei a trafegar em campo aberto e sem sombras. 

Caminho retilíneo e vazio.

Logo à frente, caminhei um bom tempo por um caminho plano, reto e arborizado.

Sem dúvida, um dos mais belos trechos dessa etapa. 

Momento mágico na trilha...

Em determinado local, sozinho e feliz na trilha, posicionei a câmera fotográfica sobre um mourão e pude eternizar aquele mágico momento.

Prosseguindo, dois quilômetros adiante, passei diante da sede da Fazenda Estância Bom Retiro, onde pude observar centenas de cabeças de gado das raças Girolando e Gir.

A imensa propriedade também impressiona pelas suas instalações e beleza, pois se localiza num local paradisíaco. 

Caminhando entre "cavas" profundas.

Depois, principiei a descender por uma estrada localizada entre grandes barrancos, possivelmente, herança dos bandeirantes e tropeiros, pela expressiva “cava” que se formou naquele local, em seu interior.

Em sequência, passei diante de algumas residências, depois, por uma ponte, transpus novamente o rio Verde, pela terceira vez nesse dia. 

Caminho plano e arejado.

Na sequência, prossegui por uma estrada plana e arborizada.

O clima se apresentava fresco, o dia permanecia nublado, tudo colaborando para que minha caminhada fosse profícua e agradável. 

Quase chegando ao destino final. Santana do Capivari já aparece do lado esquerdo da foto.

Então, depois de vencer um pequeno ascenso, acabei por sair na rodovia BR-354, já no distrito de Santana do Capivari, cuja sede é Pouso Alto.

O roteiro da Estrada Real segue à esquerda, até a praça José Gregório Rabelo.

Porém, como eu pernoitaria em outro local, dobrei à direita e logo chegava à Pousada O Caipira, onde fiquei hospedado, outro estabelecimento que recomendo com efusão.

Ali, por R$80,00, pude dispor de um excelente quarto individual, bastante confortável e espaçoso. 

Local onde almocei nesse dia. Recomendo!

Depois do banho e necessária lavagem das roupas, saí para almoçar.

Para tanto, utilizei o restaurante Lírio do Vale, localizado próximo dali, onde por R$15,90 pude comer à vontade, inclusive me servir de vários tipos de carne.

Efetivamente, um dispêndio irrisório em troca de uma excelente refeição, num local que também recomendo, com efusividade. 

Local de pernoite nesse dia. Recomendo!

Santana do Capivari é um distrito do município de Pouso Alto no estado de Minas Gerais e está situado próximo à divisa com os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, na Serra da Mantiqueira.

O local possui algumas pequenas empresas como fábrica de sapato, reciclagem e um posto de gasolina.

Para pequenas despesas há algumas mercearias, padarias e bares.

Já para compras maiores, os moradores costumam ir a cidades vizinhas como Itanhandu ou Itamonte.

A cidade de São Lourenço, que é a maior da região e mais bem estruturada, também é muito frequentada pelos moradores de Santana do Capivari.

O distrito não tem agências bancárias, mas há caixas eletrônicos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. 

Um totem gigante da Estrada Real.

O acesso ao distrito é feito pelas rodovias BR-354 e MG-158.

Capivari é a palavra de origem tupi Kaapi+wara+ii e significa rio das capivaras.

Por oferecer roteiro necessário aos bandeirantes e mineradores, foi ali estabelecido um Registro Fiscal, que funcionou por muitos anos.

Tinha por finalidade “amparar os direitos régios e impedir a entrada de criminosos e audaciosos”.

Com a vinda de outros mineradores e posseiros, desenvolveu-se uma população respeitável, donde terem seus moradores obtido licença para a edificação de uma Igreja dedicada à gloriosa Sant’Ana, e incorporada à Paróquia de Pouso Alto.

A criação da Paróquia é de 3 de abril de 1839 e foi seu primeiro Pároco, a 25 de julho do ano seguinte, o Padre Custódio Ribeiro de Carvalho. 

Igreja de Santa Ana.

Depois de reparadora soneca, retornei sobre meus passos pela rodovia, ultrapassei o rio Capivari e fui conhecer a igreja da localidade, cuja padroeira é Santa Ana.

Localizada no topo de pequeno outeiro, mostrava pintura recente e me impressionou pela sua singeleza. 

Igreja de Santa Ana. Belíssima!

Contudo, como as demais nesse dia, também se encontrava fechada.

Depois, transitei calmamente pela tranquila vilazinha, aproveitando para conferir o local por onde eu deixaria a povoação na manhã sequente.

Então, para minha surpresa, se iniciaram trovões e relâmpagos e eu bati em retirada em direção ao meu quarto, pois logo a chuva chegou para valer.

Por sorte, eu já havia adquirido os víveres para o lanche noturno e não precisei deixar o meu abrigo, pois o temporal seguiu noite a dentro.

RESUMO DO DIA:

Tempo gasto, computado desde o Hotel Colonial, em São Lourenço/MG, até a Pousada O Caipira, em Santana do Capivari/MG: 6 h;

Clima: frio e nublado até o final da jornada.

Pernoite na Pousada O Caipira: Apartamento individual ótimo – Preço: R$80,00, com café da manhã;

Almoço no Restaurante Lírio do Vale: Excelente! – Preço: R$15,90, pode-se comer à vontade no Self-Service. 

AVALIAÇÃO PESSOAL – Uma etapa de razoável extensão, porém sem grandes variações altimétricas. O primeiro percurso do dia, até a cidade de Pouso Alto, foi tranquilo e agradável. Depois, houve aproximadamente, uns 5 quilômetros sob piso asfáltico, cumprido em zona urbana. Contudo, o trecho final também se mostrou bucólico e com bastante ermosidade. No global, um percurso fácil e, à exceção do marco de nº 1140, muito bem sinalizado.