3 – IRLANDA DO NORTE+EIRE: ATRAÇÕES TURÍSTICAS E A SEGURANÇA

O passado, o presente e o futuro, mais não são que um momento aos olhos de Deus, sob cujo o olhar devemos tentar viver. O tempo e o espaço, a sucessão e a extensão não são mais do que condições acidentais do pensamento. A imaginação pode transcendê-las, e passar para uma esfera livre de existências e ideais.” (Oscar Wilde, escritor, poeta e dramaturgo irlandês)

Conforme programáramos em família, num sábado pela manhã, saímos de Dublin em direção à cidade de Belfast, um trajeto de aproximadamente 150 quilômetros, todo feito sobre uma estupenda autovia.

Na capital da Irlanda do Norte fomos visitar o Titanic Belfast Museum, local onde foi construído o navio Titanic, que de lá partiu para uma viagem de turismo e nunca mais retornou pois, muito próximo de Nova York, um iceberg abalroou, indo à pique, para o fundo do mar.

No naufrágio faleceram 1.514 passageiros.

As pessoas em geral não gostam muito do termo “Museu do Titanic” porque, segundo eles, é mais uma experiência do que um museu. 

Entrada do Museu do Titanic, em Belfast.

Depois de visitá-lo, concordo quase plenamente.

Tudo no Titanic Experience é tão moderno, visual e interativo que chamá-lo de museu não seria o correto.

O Titanic Experience não conta apenas a história do trágico naufrágio, ele retrata o momento histórico que a cidade vivia, fala sobre a indústria naval e a tecnologia de ponta sendo desenvolvida, na época, em Belfast, que era uma das grandes potências mundiais.

Descreve desde os menores navios até chegar aos transatlânticos de grande porte como o Titanic. 

Visita ao" Titanic Experience".

São diversas salas, audiovisuais, infográficos e simuladores que fazem você, inclusive, passear internamente do grande e majestoso navio Titanic.

Visita ao "Titanic Experience".

Realmente uma experiência incrível, independente de museu ou experiência eu penso que uma visita ao local é mais do que interessante, é uma volta ao passado..

Após a profícua visitação, fomos até o Shopping Victória Square para almoçar.

Visita ao Shopping Victória Square.

Finda a lauta refeição, enquanto os demais membros da família seguiam para um café e, posteriormente, para uma sorveteria, eu, calmamente, fiquei a passear pelo imponente estabelecimento que abriga mais de uma centena de lojas.

O local se encontrava bastante movimentado, uma mescla animada de jovens, crianças e pessoas idosas.

Tudo ali transpirava ordem e tranquilidade, pois em nenhum momento vi ou ouvi perturbação, barulho ou falta de educação dos frequentadores do local.

Com meu filho no mirante do Shopping Victória Square.

Na verdade, estavam todos risonhos, conversavam animadamente, se deslocavam sem pressa, parecia mais uma representação cênica, tal a tranquilidade que demonstravam.

Fiz ainda um breve giro pelas ruas adjacentes e não notei em nenhum local a presença de policiais.

Mais tarde, seguimos em direção ao norte, e pernoitamos num hotel localizado na cidade de Ballymoney, uma cidadezinha simpática, limpa e extremamente agradável.

Entrada para o "Giant's Causeway".

No dia seguinte, após ingerirmos farto café da manhã, nos despedimos do simpático proprietário que tudo fez para nos agradar e prosseguimos em direção à costa para visitar o famoso “Giant's Causeway”.

A Calçada do Gigante (em inglês Giant's Causeway) é a designação dada a um conjunto de cerca de 40.000 colunas prismáticas de basalto, encaixadas como se formassem uma enorme calçada de pedras gigantescas, formadas pela disjunção prismática de uma grande massa de lava basáltica resultante de uma erupção vulcânica ocorrida há cerca de 60 milhões de anos.

A formação está localizada na costa da Irlanda do Norte, a cerca de 3 quilômetros ao norte da vila de Bushmills, no condado de Antrim, Irlanda do Norte. 

Passeio pelo "Giant's Causeway".

Foi declarada como Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, em 1986 sob o nome de "Calçada do Gigante e sua Costa", e como Reserva Natural em 1987.

Essa atração turística, também é conhecida, de uma forma peculiar graças à capa do álbum Houses of the Holy, da banda britânica de rock Led Zeppelin.

A atividade vulcânica nessa área fez a rocha derretida subir através de fendas no calcário, com temperatura média de mais de 1000 °C. Quando entrou em contato com o ar, ela se resfriou e se solidificou. 

Passeio pelo "Giant's Causeway".

A rocha derretida, ou magma, é composta por muitos elementos químicos e por isso pode criar vários tipos de rocha.

O tipo de rocha formado na área do contexto em questão é o basalto. 

Passeio pelo "Giant's Causeway".

O magma se encolhia à medida que se resfriava lentamente e, por causa de sua composição química, fendas hexagonais regulares se formaram na superfície.

Enquanto o magma continuava a se resfriar por dentro, as fendas desciam gradualmente, formando a grande quantidade de colunas de basalto semelhantes a lápis.

Passeio pelo "Giant's Causeway".

Milhares de colunas verticais de pedras de até 6 metros de altura, cada uma de 38 cm a 51 cm de largura, com topos planos e seis lados.

Por serem tão uniformes, seus topos parecem se encaixar como favos.

Um lugar belíssimo, com uma natureza impressionante.

Passeio pelo "Giant's Causeway".

Foi, sem dúvida, um passeio superinteressante pela beleza agreste da paisagem, o mar revolto e as rochas cilíndricas, uma imagem que vale a pena captar.

Passeio pelo "Giant's Causeway".

Quando você chega ao local, vai passeando por uma estrada paralela às formações, toda plana, por isso mesmo crianças e idosos podem aproveitar o passeio. 

Passeio pelo "Giant's Causeway".

Para os mais corajosos, existe também trechos de pequenas trilhas para subir o morro, onde se pode ter uma vista linda. 

Passeio pelo "Giant's Causeway". Trilha pela montanha.

Se você for um dia à Irlanda do Norte, esse local é imperdível!

Depois do belíssimo passeio, fizemos uma pausa na cidadezinha de Bushmills onde, após deliciosa refeição, iniciamos a viagem de volta para casa.

Praça central e momento na cidadezinha de Bushmills.

Estávamos a uns 300 quilômetros de Dublin e, durante o regresso, efetuamos algumas paradas para comprar água, utilizar banheiros e tomar café.

Numa delas, após ultrapassar a fronteira, então, já na Irlanda, enquanto ingeria um copo d'água, notei a chegada de seis policiais rodoviários que, tranquilamente, adentraram ao restaurante self-service, fizeram seus pratos, aguardaram na fila para pagar, depois, discretamente, sentaram-se à mesa e deglutiram a refeição.

Tudo na maior discrição, sem se impor ou querer levar vantagem, eram seres normais numa sociedade estabilizada e tão educada, que os militares não portam armas, apenas rádios intercomunicadores e cassetetes, para se defenderem.

Fiquei a observar discretamente a cena e me perpassou pela cabeça a ausência de violência que se nota em países do primeiro mundo, onde tudo transcorre diante de um roteiro sereno, plácido e confortável.

Um exemplo para nós brasileiros.

Mas, por incrível que possa parecer, alguns não se sentem bem vivendo numa sociedade planejada e harmônica.

Caminho Jacobeu do Ebro, que percorri em abril/2016

Tudo isso me faz recordar que eu percorri o Caminho Jacobeu do Ebro este ano e num sábado de maio tinha a missão de cumprir a etapa compreendida entre as cidades de Gandesa e Fávara

A jornada também seria de razoável extensão, lembrando que estávamos num dia que o comércio fechava mais cedo.

Ademais, consultando meus apontamentos, verifiquei que em Fabara não existia hotel, pensão, albergue ou estabelecimentos do gênero.

Porém, como soubera que uma senhora da localidade alugava apartamentos para turistas e peregrinos, fiz contato no dia anterior, reservei um quarto e fiquei tranquilo quanto ao quesito pernoite.

Como tomei conhecimento pelo guia que portava, que a primeira parte da etapa seria feita por uma rodovia vicinal asfaltada, resolvi sair bem cedo.

A temperatura externa era de 6 °C quando deixei o local de pernoite e me dirigi para a saída da cidade onde, depois de ultrapassar sob a rodovia C-43 por um túnel, iniciei minha solitária caminhada com a lanterna na mão.

O sol finalmente aparece. No céu, um festival de cores.

O caminho levemente ascendente, em seu primeiro trecho, me levou a transitar entre vinhedos e plantações de oliveiras.

Com o dia quase amanhecendo, 5 quilômetros percorridos em bom ritmo, encontrei um cruzamento de caminhos, com boa demarcação.

Ali havia a alternativa de seguir à direita, em direção à cidade de Vilalba dels Arcs, para depois unir-se novamente com o roteiro oficial, pouco antes da cidade de Batea.

O interesse principal dessa variante reside na forte tradição jacobeia dessa localidade, mas acresceria 8 quilômetros em meu percurso, por isso o descartei e segui em frente.

O roteiro, em ascendência, me levou a caminhar um bom tempo ao lado de um grande complexo de captação de energia eólica, onde as hélices acopladas nas altas torres giravam freneticamente, em face do forte vento matutino.

O cenário prosseguiu igual, sem bosques, e com grandes vinhedos a me ladearem nesse tramo.

Adentrando em Batea.

Depois de atingir o topo do morro, principiei a descender com força e, mais adiante, acessei a rodovia T-723 e, por ela, adentrei em Batea.

De antiga origem, a vila encravada na comarca catalana de “Terra Alta”, se supõe ser uma antiga povoação “intercavona Adeba”, pois em sua proximidade se identificaram dois sítios arqueológicos dos séculos VIII e VII a.C.: Torre Madrina y Tozal del Moro.

Sua população atual é de 1.975 habitantes.

Eu atravessei a povoação de forma retilínea e me surpreendi com o número de tratores que estavam deixando a pequena vila em direção ao trabalho.

Era quase 9 horas e contei, ao menos, 30 desses veículos se encaminhando para as propriedades rurais, onde o forte é o cultivo de oliveiras e amêndoas.

No final da “Calle Mayor”, eu girei à direita, e logo estava diante da igreja matriz da cidade, cujo padroeiro é São Miguel.

Igreja matriz de  Batea.

Após bater fotos, principiei a descender, passei próximo de vários galpões industriais e, mais abaixo, acessei uma rodovia, por onde segui 3 quilômetros caminhando.

Então, avistei à esquerda, um cruzeiro recentemente restaurado, nominado de “La Creu de la Vall”.

Naquele local, as flechas me encaminharam para uma estrada de terra poeirenta, que seguiu em leve ascenso, em meio a extensos oliveirais, a tônica desse trecho.

O caminho prosseguiu solitário, em meio a grandes propriedades, onde observei também infindáveis parreirais.

Muita uva e oliveiras no entorno, mas nada de sombras.

Muita uva e oliveiras no entorno, mas nada de sombras.

O sol forte e o clima seco me obrigavam a hidratar a cada 15 minutos.

Durante a primeira parte do percurso, não avistei vivalma e nem cruzei com veículos.

Por sorte, salvo algumas exceções perfeitamente compreensíveis, esse tramo está bem sinalizado.

Até porque o roteiro dá várias voltas e, em determinados momentos, parecia que eu estava regredindo em minha jornada.

Na verdade, existem vários cruzamentos e, por isso mesmo, a atenção do caminhante deve ser redobrada, porque nem sempre o rumo sinalizado coincide com aquilo que ele imagina.

Depois de mais 5 quilômetros percorridos, eu convergi para um caminho mais largo e, a partir desse local, a sinalização melhorou sensivelmente.

Nesse local, ocorre o encontro de três caminhos diferentes. O peregrino precisa ficar muito atento para não se perder.

Mas, era porque ali coincidiam 3 caminhos diferentes, inclusive, o Caminho Jacobeu do Ebro para BTT, que ostentava vibrantes cores amarelas em sua marcação.

Em determinado momento a estrada descendeu e segui por quase uma hora caminhando por um grande vale, onde o forte era as incontáveis plantações de oliveiras e amêndoas.

Essa planta medra com sucesso em terras secas e empedradas, aquilo que ocorria no caso presente.

Praticamente não encontrei sombras nesse tramo, porém o caminho se mostrou agradável e sempre com pequenas variações de altimetria.

Em determinado local, abriu-se uma variante à esquerda e o Caminho Jacobeu do Ebro para BTT, com mourões amarelos vivos, sinalizava que eu deveria seguir naquela direção.

Descendendo em direção a extenso vale deserto e silencioso..

Procurei pistas nas imediações e não encontrei as setas amarelas, minhas guias, de maneira que o correto seria seguir em frente.

Mas, raciocinava, não seria um atalho por conta de algum imprevisto à frente.

Perdi uns 15 minutos para resolver o imbróglio, até porque na marcação do GPS incrustado em meu aparelho celular, faltavam 5 quilômetros para chegar ao meu objetivo do dia.

Por alguma razão que desconheço, resolvi seguir as marcações estilizadas e prossegui à esquerda por um caminho descendente, que principiou a descrever inúmeras voltas em seu percurso.

Apesar de caminhar por locais integralmente desertos, em determino lugar encontrei um senhor e lhe perguntei se a estrada por onde eu seguia me levaria a Favara, com o qual ele prontamente concordou.

Animado, prossegui em frente e depois de duas horas adentrei em zona urbana, passando a caminhar sobre piso asfáltico.

Ao passar diante de um posto de combustível, um senhor alto e robusto se aproximou sorridente, perguntou minha nacionalidade, de onde vinha, enfim, se prontificou a auxiliar-me se dúvidas houvesse, pois além de ali residir, estava retornando à cidade.

Nesse dia, eu me hospedei próximo dessa pracinha, em Favara.

Disse-lhe que precisava localizar o local de pernoite naquele dia e ele imediatamente se propôs a me levar até uma praça situada próximo da casa de Dona Tereza, que acolhia os peregrinos, de onde eu poderia fazer contato com ela.

Durante o percurso, enquanto dialogávamos, ele me resumiu um pouco de sua vida pretérita, cujo teor muito me surpreendeu.

Contou que era natural da Suíça e vivera em seu país por 48 anos, contudo, nunca se sentira à vontade naquele enclave, pela lei duríssima que ali grassa, onde tudo funciona com um relógio... suíço!

Pequenas contravenções eram punidas exemplarmente e ele fora vítima de duras penas, sempre causados por alguns titubeios infantis.

Por exemplo, certa feita estacionara mal o carro quando fora a um banco buscar um documento e recebera pesada multa por aquela leve infração.

Em outra ocasião, esquecera-se de quitar o pedágio que ultrapassara numa rodovia e cujo pagamento deveria ter honrado até 24 horas depois da ocorrência.

Recebera novamente uma multa catastrófica e ficara na iminência de ter sua carta de habilitação suspensa por alguns meses se não honrasse sua obrigação em 48 horas.

Outros fatos negativos, de pequena monta, haviam ocorrido em sua vida e, embora reconhecesse que no pequeno país onde vivia tudo funcionasse impecavelmente, ele se sentia tolhido em sua liberdade.

A gota d'água ocorrera quando um de seus cães fugira e, ao ver um carro com o vidro descerrado, adentrara no veículo e rasgara o tecido dos bancos dianteiros.

Quando soubera do fato, pois o automóvel pertencia ao seu vizinho, prontamente se dispôs a reparar o dano, mas o homem, insensível e verdadeiramente transtornado, dera parte à polícia e a sentença ditada pelo juiz responsável fora ríspida e com prazo contado.

Uma rua de Favara.

Ele teria três dias para dar fim aos seus cães, sob pena deles serem detidos, castrados e postos à doação.

Desesperado, tomara uma decisão radical: deixara seus animais com uma irmã, vendera sua casa a preço irrisório e resolveu deixar sua terra natal, para nunca mais ali retornar.

Inicialmente, a convite de um amigo, fora residir no Zimbabue, África Ocidental, onde acabou por adquirir uma propriedade, e ali permaneceu por 8 anos.

No entanto, em determinado momento, o país entrara em convulsão social e, sob a iminência de ter sua propriedade confiscada pelo governo para fins de reforma agrária, resolvera vendê-la e acabara vindo residir no sul da Espanha, onde era proprietário de uma Finca (fazenda).

Nela cultivava oliveiras e amêndoas, as únicas plantas que se acasalavam com o solo arenoso e seco ali predominante, onde as chuvas eram escassas.

Porém, como os demais proprietários da povoação, mandava perfurar um poço artesiano em sua propriedade e água não lhe era problema.

Comentou que, como a Província onde estávamos acolhera muitos imigrantes e, por conta da grande miscigenação de raças, tornara o povo residente naquela cidade amistoso e não tão afeito a regras rígidas.

Além disso, o calor reinante naquela região propiciava uma maior integração entre as pessoas, porque elas passavam um tempo maior do lado externo de suas residências.

Por tudo isso, já há 6 anos naquela localidade, não pensava mais em sair dali.

Voltar para a sua terra natal? Jamais, me juramentou com convicção.

Essa conversa ocorreu nos 1.500 metros que nos separava de uma praça, próximo da igreja matriz da cidade, onde nos despedimos cordialmente.

Foi uma das mais gratas recordações que guardo desse memorável dia.

Afinal, é difícil encontrar alguém infeliz por residir num país onde tudo funciona perfeita e inexoravelmente como um relógio... suíço!

No centro da pequena povoação eu fiz contato telefônico com a senhora Teresa, e logo ela apareceu para me levar até o local em que ficaria hospedado.

Trata-se de uma casa com 3 quartos e um banheiro, este a ser compartilhado.

Porém, como naquele dia eu era o único hóspede, todo o espaço ali disponível, como sala de TV, cozinha, etc, ficou ao meu inteiro dispor.

Pelo pouso, bastante confortável, gastei 20 Euros.

Depois do banho, e com a lavanderia só para mim, aproveitei para lavar roupas e meias, até porque, brilhava um sol forte, fazia calor, assim, todo o material logo secou.

Para almoçar utilizei os serviços do restaurante El Farolet, onde gastei 12 Euros para ingerir um saboroso “menu del dia”.

Local onde fiz minhas refeições em Favara.

Situada a 127 quilômetros de Zaragoza e 29 quilômetros de Caspe, sua capital comarcal, Favara possui uma população de 1.300 pessoas, e está encravada entre os rios Matarraña, que a atravessa, e o rio el Algars.

Depois da necessária soneca, fui verificar o local por onde eu deixaria a localidade na manhã seguinte.

Queria também visitar o Mausoléu romano de Lucius Emilius Lupus, monumento nacional, porém vi meus planos frustrados, pois ele se encontra dentro de um espaço cercado, onde não há atendentes ou vigias.

Assim, eu teria que retirar as chaves no prédio do Ayuntamiento, depois devolvê-las ali, porém, elas ficam disponíveis somente pela manhã, de segunda a sexta-feira.

Estávamos num sábado, de forma que bastante decepcionado, transferi tal visitação para uma outra ocasião.

O amigo Daniel é o quarto, da esquerda para a direita.

No retorno, ao passar próximo de um parque, conversei com alguns jovens e, para minha surpresa, encontrei um jovem brasileiro, o Daniel, que habita nessa cidade, onde é professor de lutas marciais.

Trocamos experiências, fizemos uma foto, depois eu segui em direção ao centro do povoado.

Ali pude fotografar a igreja matriz da cidade, construída no século XIII, cujo padroeiro é São João Batista.

Igreja matriz de Favara.

À noite, não pude adquirir víveres para utilizar na jornada sequente, pois encontrei o comércio fechado, então, retornei ao bar Farolet e ali, além de alguns copos de vinho tinto, ingeri também um saboroso “bocadillo”.

Também me provi de água e chocolates, para ingestão na trilha.

E logo retornei ao local de pernoite, pois fazia muito frio, ventava bastante e o céu estava nublado.

Uma rua localizada no "casco viejo" da cidade de Favara.

Antes de deitar, enquanto fazia os aprestos necessários para a jornada sequente, conjecturava sobre a individualidade humana, muito bem expressa nesse pensamento de Henri Amiel, um filósofo, poeta e, coincidentemente, crítico da Suíça:

“Fiz desaparecer a minha individualidade para nada ter que defender; afundei-me no incógnito, para não ter qualquer responsabilidade; foi no zero que procurei a minha liberdade.”

Em Dublin, ao recordar desse episódio, reflexionei que todos devem lutar pelo seu espaço e sua liberdade, não medindo esforços para a felicidade pessoal, cada um à sua maneira.

Bom Caminho a todos!