21ª Jornada

21ª Jornada - Cernadilla a Puebla de Sanabria – 25 quilômetros – “Um Domingo Especial”:

 

Dormimos muito mal, quase não pregamos o olho durante a noite, assim, às 5 h, já estávamos acordados, doidos para “botar o pé na estrada”. 

Contudo, depois do chá matutino, fizemos demorada limpeza no recinto, deixando tudo asseado, guardando cada utensílio em seu devido lugar.    

Às 6 h 30 min, iniciamos nossa jornada e de acordo com as informações que detínhamos, prometia não oferecer maiores dificuldades. 

Estava escuro e fazia muito frio, porém, o roteiro está muito bem sinalizado naquela região.

Com a lanterna eu verificava as flechas e não tivemos problemas para encontrar o rumo a seguir.

Na obscuridade do pré-alvorecer, próximo de algumas árvores, avistamos um bando de cervos pastando. 

Notei um par de machos jovens, o restante era formado por fêmeas com crias.

Quando sentiram nosso cheiro, dispararam em direção a um bosque próximo. 

Ali ficaram, estáticos, nos observando de longe, num espetáculo mágico e transcedental.

Uma agradável estrada vicinal asfaltada em meio a muitas árvores nos conduziu, primeiramente, a San Salvador de Palazuelo, depois, até Entrepeñas, pequenas vilas onde encontramos tudo fechado.

Próximo dessa última povoação existe uma grande represa, com expressiva quantidade de água, que leva o nome de “Embalse de Cernadilla”.

Finalmente, às 9 h, após percorrermos 9 quilômetros, chegamos em Asturianos e ali, com imensa satisfação, encontramos o bar Carmen aberto. 

Fizemos, então, grande pausa para repor forças e recarregar energias, através de um reforçado desjejum.

Na sequência, passamos por Palácios de Sanabria e Remesal, caminhando por trilhas selvagens, em meio a muitas árvores, porém, há que se tomar muito cuidado, pois, nesse trecho a sinalização se mostra deficiente e bastante confusa, mas o percurso é interessante, agradável, plano e arborizado.

A partir dessa última cidadezinha, os derradeiros 10 quilômetros do trajeto se faz por asfalto, através de estradas vicinais, com escasso tráfego de veículos.

Logo à frente, transpusemos Otero de Sanabria e, mais tarde, Triufé, este, um pequeníssimo, contudo, famoso “pueblo”, de considerável conotação histórica, pois, em sua igreja matriz, no ano de 1.506, houve importante reunião entre os reis Fernando “el Católico” e Felipe “el Hermoso”, visando resolver os problemas de sucessão do trono espanhol, pós a morte da rainha Isabel II, “la Católica”.

Percorremos mais 4 quilômetros em grande descenso e, finalmente, às 12 h 30 min, atravessamos grande ponte sobre o rio Tera e adentramos em Puebla de Sanabria, importante e progressista cidade localizada próxima à “Sierra de la Culebra”, cuja fundação remonta o século VII.

No ponto mais alto da urbe, situa-se um imponente castelo medieval, construído no século XV, pelo Conde de Benavente. 

Junto dele encontra-se a igreja dedicada a Santa Maria del Azogue, do século XII. 

Outras edificações próximas, todas datadas da idade média, compõem um interessante Conjunto Histórico-Artístico, que dão um toque especial a essa bela e turística localidade.

De um mirador instalado próximo ao convento de São Francisco, descortinam-se espetacular vista do rio Tera e vales adjacentes onde esse curso de água corre. 

Ainda, se pode contemplar a parte baixa da cidade e avistar uma pequena praia artificial onde o pessoal aproveita para refrescar-se nos finais de semana.

 

   

Observando a banda invertida, impressionou-me a visão, ao longe, dos morros que separam a Província de “Castilla y León”, da Galícia, locais inóspitos que me aguardavam, pois, por eles caminharia nas jornadas subseqüentes.

Fiquei hospedado no Hostal Carlos V (30 Euros) onde seu proprietário, Sr. Carlos, trata os peregrinos com muito carinho e apreço. 

Para almoçar utilizei o restaurante do próprio local onde me hospedei (9 Euros).

E à noite fiz apenas um lanche, utilizando os mantimentos que adquiri num supermercado próximo.

Miquelle chegou por volta das 16 h e hospedou-se no mesmo local onde eu estava. 

Franco, no entanto, recusou-se a permanecer na cidade, vez que ali não existe mais albergue. 

Porquanto, o antigo refúgio que funcionava no edifício onde se localiza o “Ayuntamiento”, foi recentemente desativado.

Assim, ele optou por apanhar um trem na Estação Ferroviária local e foi dormir em Requejo, 12 quilômetros à frente, o que me deixou bastante entristecido, posto que ali findava, também, nossa profícua parceria.

 

Resumo: Tempo gasto: 6 h - Sinalização: Normal, contudo, deficiente no trecho compreendido entre as cidades de Asturianos e Remesal - Clima: Ensolarado, com temperatura variando entre 2 e 17 graus.

 

Impressão pessoal: Um percurso fácil, plano e, no final, em pronunciado descenso, sendo os derradeiros 10 quilômetros feitos por estradas asfaltadas. No geral, um trajeto bastante arborizado e agradável.