4ª Etapa: CORDISLÂNDIA à TURVOLÂNDIA – 14 quilômetros

4ª Etapa: CORDISLÂNDIA à TURVOLÂNDIA – 14 quilômetros

"Poderosa Novena à Nossa Senhora Aparecida: 4° DIA - Ó Maria graciosíssima, que estando sempre junto à fonte da graça, fostes qual palmeira sempre florida e verdejante e sempre carregada de frutos, fazei que também para nós estejam sempre abertas as fontes da divina graça, afim de que possamos produzir dignos frutos de penitência."

Ao fundo, ponte histórica sobre o Rio Sapucaí, Cordislândia/MG

A etapa seria fácil e de curta extensão, assim pretendíamos sair mais tarde que o horário de costume.

No entanto, devido à precariedade e o cheiro de mofo no quarto onde dormi, levantei às 3 horas e fiquei aguardando o dia amanhecer, sentado num sofá localizado no “hall” da Pousada.

Posto que, devido ao recrudescimento de minha rinite alérgica, tinha urgência em deixar o local o mais rapidamente possível.

Para completar, também não tomamos o café da manhã, pois ninguém nos informou o horário em que seria servido, e também não notei movimentação nas dependências do imóvel até às 6 horas.

No dia anterior, não conseguira contato com a Patrícia, que se recolheu à sua residência sem falar conosco, de forma que precisamos deixar o montante monetário, na cozinha do estabelecimento, juntamente com um bilhete explicando a situação.

Isto posto, deixamos o local de pernoite às 6 h 15 min, seguindo por ruas desertas silenciosas e com escasso movimento de veículos.

Depois de mil metros percorridos, pela ponte histórica, ultrapassamos o rio Sapucaí e seguimos adiante.

Logo chegamos novamente à bifurcação encontrada no dia anterior: se seguíssemos adiante, retornaríamos ao distrito de Douradinhos.

Porém, observando a sinalização, fletimos à esquerda, e acessamos uma larga estrada de terra, bastante molhada e lisa, em face das chuvas ocorridas no dia anterior.

O trecho inicial do percurso caracterizou-se por extensas pastagens, onde o forte é a criação de gado.

Com efeito, depois de uns 4 quilômetros caminhados, passei diante da belíssima e verdejante Fazenda Santa Cruz, exatamente quando um funcionário já deixava o belo cenário, dirigindo um enorme trator.

O roteiro prosseguiu em lenta ascensão e, já quase no cimo, fiquei a observar o trabalho de um vaqueiro, que montado em um cavalo, tangia uma manada de gado leiteiro pela estrada, em direção a um pasto situado numa propriedade vizinha, onde logo adentrou.

No topo do morro, num local privilegiado, fui aquinhoado com ampla vista, para todos os lados, podendo avistar à esquerda, em meio a um imenso vale, o belíssimo rio Sapucaí serpenteando entre a mata nativa.

Prosseguindo, no final de extensa reta, e depois de fazer uma grande curva à esquerda, principiei a descender em meio a um grande cafezal.

O céu azul daquela manhã sem nuvens, e um calor gostoso, tornavam a caminhada ainda mais agradável.

Daquele ponto, eu já avistava no horizonte, a uns 3 quilômetros de distância, a cidade de Turvolândia, de forma que fiz uma breve pausa, enquanto aguardava a chegada da Célia, que ficara mais atrás, para telefonar à sua família.

Prosseguindo, já no plano, transitamos em meio a pastagens, depois, defronte à algumas chácaras, ultrapassamos um riacho por uma ponte, e logo adentramos em zona urbana.

Ainda era muito cedo, 10 h 15 min, mas já havia um grande número de pessoas se movimentando pela cidade.

Mais acima, nós aportamos à praça central do município, e eu busquei informações sobre o local de pernoite onde havíamos feito reserva com uma transeunte, que estava acompanhada de sua filhinha.

Ela me indicou o rumo a seguir e, gentilmente, nos acompanhou até um trecho do percurso.

Na verdade, a Pousada da Lua, local onde ficamos alojados, está localizada a uns 800 metros do centro da urbe, próximo ao local onde tem inicio a rodovia, que segue em direção à cidade de Silvianópolis/MG.

E valeu a pena ficar ali hospedado, vez que o desvelo da Angélica, a proprietária do estabelecimento, bem como o de sua filha Yara e da funcionária Dayane, fizeram toda a diferença.

A Pousada é extremamente acolhedora, e gratificou-nos admirar o capricho e a delicadeza com que foi idealizada a decoração das dependências do estabelecimento.

Com certeza, este foi o local em que melhor fiquei instalado em toda a minha peregrinação, assim, recomendo-o aos futuros peregrinos, com louvor.

Para almoço e jantar utilizamos os serviços do Restaurante Lua, anexo à Pousada, vez que é da mesma proprietária.

 

Com a Angélica, proprietária da Pousada da Lua, em Turvolândia/MG

As origens históricas do município estão relacionadas à doação de terras feita por Manoel Wenceslau e o capitão Possidônio Gonçalves de Carvalho, em 1850, para a construção de uma capela dedicada à Nossa Senhora do Rosário.

Em 1860, construiu-se uma segunda igreja, dedicada à padroeira local.

O povoado se desenvolveu, e foi elevado a freguesia, em 1877.

E, um ano depois, se instituiu a paróquia, sendo o primeiro vigário o padre José Maria Guedes.

Em 1911, o distrito do Retiro já pertencia ao município de São Gonçalo do Sapucaí, passando à categoria de município em 1962, quando teve seu nome modificado para Turvolândia.

Sua economia é baseada principalmente na agricultura, porquanto a cidade abriga a Cooperativa Agrícola Sul de Minas (CASM), também chamada Cotia, que é a principal geradora de empregos no município.

Igreja Matriz de Turvolândia/MG

Fundada por imigrantes japoneses, a CASM produz frutos como caqui, decopom, atemóia e ameixa.

A economia também é movimentada pela presença de micro indústrias do segmento têxtil.

Além disso, a cidade também se orgulha de: “... produzir o melhor leite e do queijo muito bom de Minas; da lingerie que seduz e do polvilho que é o orgulho de quem produz; do café de qualidade e do feijão da melhor qualidade; do milho, da mandioca, da goiaba, do caqui, da nectarina, do pêssego, da ameixa, do tomate, do pimentão, do pepino, da berinjela, da carne e de outros tantos sucessos encontrados nas melhores mesas, feiras livres e supermercados da região.” (extraído do site da Prefeitura Municipal de Turvolândia)

O nome Turvolândia é alusivo ao Rio Turvo, que corta a cidade e que, em conjunto com os Rios Dourado e Sapucaí, são uma constante fonte de atração de visitantes que ali buscam suas cachoeiras e pescaria.

Sua população em 2010 era de 4.658 habitantes, conforme dados do IBGE. 

À tarde, após merecido descanso, voltei novamente ao centro da cidade e pude fotografar, pelo lado externo, sua igreja matriz, dedicada à Nossa Senhora da Piedade, posto que ela se encontrava fechada para visitas.

Também, aproveitei para conferir, em detalhes, o local por onde eu deixaria a cidade no dia seguinte, pois pretendia sair bastante cedo, ainda no escuro.

Na verdade, o percurso sequente se apresentava de considerável extensão, e com alguns acidentes altimétricos importantes, sendo o mais proeminente deles, um outeiro, que necessitaria ser sobrelevado logo no início do trajeto.

Yara, Dayane e Célia, em Turvolândia/MG

A Célia estava se queixando de dores nos joelhos e, precavida, para evitar o agravamento da lesão, decidiu saltar esse íngreme trecho, e seguir os primeiros quilômetros, num táxi.

A Angélica, muito prestativa, indicou uma pessoa de sua confiança que poderia realizar tal incumbência, de forma que na primeira parte do percurso, eu seguiria escoteiro.

No retorno, pude utilizar os serviços de uma Lan House, bem como de um supermercado, onde aproveitei para adquirir água e chocolate, para me prover na jornada sequente.

À noite, como fazia frio, e atendendo a um pedido da Célia, sempre prestativa, a Angélica preparou uma incrementada sopa de legumes, que ingerimos com muito apetite, pois estava deliciosa.

E logo me recolhi, pois o percurso imediato, seria de razoável amplitude.

 

IMPRESSÃO PESSOAL – Uma jornada agradável e tranquila, a de menor quilometragem que cumpri nessa aventura. O percurso atravessa áreas de exuberante beleza, onde a natureza ainda está praticamente intocada, apesar das inúmeras fazendas existentes nesse trecho. No geral, uma etapa fácil e de mínima variação altimétrica.

 5ª Etapa: TURVOLÂNDIA à CAREAÇU – 30 quilômetros